sexta-feira, 29 de março de 2013

A Feiticeira da Guerra (War Witch/ Rebelle)


País: Canadá
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 90 min
Direção: Kim Nguyen
Elenco: Rachel Mwanza e Serge Kanyinda.

Sinopse: depois de ter sua vila queimada por rebeldes e seus pais assassinados numa guerra civil na África, a menina Komona é levada para a floresta para lutar como uma criança-soldado. Seu brutal comandante não só a treina para o uso de armas, mas também a força a ter relações com ele. Procurando por abrigo no meio do horror, ela se apega a um garoto albino, um pouco mais velho, que ela chama de “Mágico”. Depois de escaparem juntos, Komona deve retornar à sua vila natal para enterrar os pais. Apesar de todos os horrores que encontra pelo caminho, Komona ainda tem esperança.

Crítica: o diretor optou pela mescla de documentário e ficção, o que não deixa de revelar a crueza e a realidade de crianças africanas, marcadas para serem retiradas de seus lares e terem uma curta vida dedicada à violência.
Logo no início, vemos a protagonista Komona (Rachel Mwanza – perfeita em sua primeira atuação como atriz) perder sua humanidade. A menina do Congo, de apenas 13 anos de idade, acabara de ser recrutada involuntariamente pelo grupo guerrilheiro do líder Grand Tigre Royal, e sua porta de entrada para esta nova vida deve ser selada com sangue.
O tema mórbido nos remete aos horrores de países como Serra Leoa ou Ruanda, e comove muito, pois oferece uma fração mínima do sentimento destas crianças soldados, que nada mais têm a fazer do que entregar suas vidas a causas distorcidas e desumanizadas.
Durante quase todo o decorrer do filme, Komona surge calada, com uma dura expressão no olhar, mas ainda com um fio de esperança para sobreviver àquela triste vida.
Certo dia, após tomar a "seiva da mata" (uma espécie de alucinógeno extraído das árvores e dado às crianças soldados), Komona começa a enxergar espíritos assustadores: negros pintados de branco e com olhos sem vida. Contudo, em seu primeiro contato com estas almas penadas, ela recebe auxílio das mesmas, o que lhe faz escapar ilesa de uma emboscada do governo contra sua trupe de guerrilheiros.
É aí que o restante do grupo cria certa idolatria pela garota, batizando-a de "Feiticeira da Guerra", cujos poderes podem influenciar o resultado de confrontos futuros. Ela se torna então "um pouco relevante".
Este contexto sobrenatural/espiritual é peça chave da obra. Os captores da jovem realizam processos ritualísticos a todo momento, sendo que até mesmo a entrega das armas nas mãos das crianças se torna uma cerimônia sagrada. É o deus Kalashnikov acima de tudo e de todos: "Cuide de sua arma como se ela fosse seu papai e sua mamãe!".
O grupo de atores (que são basicamente "não atores") não entregam interpretações, mas sim relatos verídicos. Vemos crianças e adultos da região que compreendem profundamente o que está sendo argumentado na trama, fazendo com que suas incorporações se tornem a exteriorização de uma concepção já encrustada em suas personalidades.
O roteiro é teoricamente simples, e monta linearmente os acontecimentos que definem sua protagonista. Porém, o peso dramático de tais descrições é inquestionável. No entanto, há também momentos de humor e felicidade com o fugaz relacionamento de Komona e o negro albino chamado apenas de "Mágico" (Serge Kanyinda). Basicamente, um sonho de dois escravos fadados à violência.
Um filme difícil de esquecer, tanto pela história real e comovente como pela atuação dos protagonistas e pela mensagem urgente que passa: que tal injustiça não pode mais continuar, deve haver alguma interferência para livrar milhares de crianças inocentes do horror e da manipulação de monstros que se dizem humanos.

Curiosidade: Rachel Mwanza ganhou por sua interpretação o prêmio de melhor atriz no "Berlin International Film Festival" e no "Tribeca Film Festival".

Avaliação: ****

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