Mulheres Diabólicas (La Cérémonie)
País: França
Ano: 1995
Gênero: Drama
Duração: 111
min
Direção: Claude
Chabrol
Elenco: I
Huppert, Sandrine Bonnaire e Jean-Pierre Cassel.
Sinopse: empregada omite suas dificuldades de ler e
escrever para conseguir trabalho na casa de uma família abastada. Ao mesmo
tempo, torna-se a melhor amiga de uma funcionária dos correios da cidade,
mulher curiosa que costuma abrir as cartas que passam por suas mãos. Com ódio
de sua condição de exploradas, as duas armam um diabólico plano de revolta.
Crítica: falecido
em setembro de 2010, Claude Chabrol participou do movimento de renovação do
cinema francês nos anos 50, sendo um dos grandes nomes da influente Nouvelle Vague, ao lado de outros nomes
como Godard, Truffaut, Rohmer e Rivette. Em mais de 50 anos de carreira e mais
de 50 longas-metragens para o cinema, além de trabalhos para a TV e
curtas-metragens, destacou-se pelo gênero suspense. ‘Mulheres Diabólicas’ é
considerado um de seus melhores trabalhos e um clássico.
Conta a história da jovem Sophie (Sandrine Bonnaire com
seu rosto marcante), que é contratada para trabalhar como empregada na mansão
de uma família rica, no interior da França. A dona da casa, Catherine Lelievre
(Jacqueline Bisset), deposita grande confiança em Sophie e fica impressionada
com a eficiência da jovem e com sua personalidade reservada. A empregada, no
entanto, guarda alguns segredos, como o fato de ser analfabeta.
O enredo e a trama parecem banais; é no decorrer da
trama que revelações vão surgindo, criando-se um clima de apreensão que é
enriquecido com a sombria trilha sonora.
Rapidamente, Sophie, inquietante, monossilábica, fria
e estranha, faz amizade com Jeanne (Isabelle Huppert), que parece o seu oposto
– espontânea, extrovertida, espaçosa, bisbilhoteira – e que trabalha no correio
da pequena cidade e que não se dá nada bem com Georges Lelievre (Jean-Pierre
Cassel), marido de Catherine.
Um elemento quase sobrenatural parece atrair essas
duas mulheres solitárias, que se tornam cúmplices e amigas. Intuitivamente,
elas reconhecem, uma na outra, o mesmo potencial psicopata. Ambas foram
consideradas suspeitas de assassinato no passado, mas eventualmente inocentadas
por falta de provas.
Jeanne insere o caos na vida de Sophie, que o aceita
sem a mínima luta. Jeanne despreza as regras sociais. Nada a seduz mais que a
transgressão. Além disso, ela nutre um misto de ódio, desprezo e inveja pela
família Lelievre, perfeito modelo da feliz família burguesa. Tudo nos leva a
crer que a aproximação de Jeanne a Sophie é arquitetada pela primeira, como uma
maneira de se inserir na realidade dos Lelievre.
Em Mulheres Diabólicas, Chabrol faz uma pintura muito
interessante da diferença de classes. Os Lelievre são pessoas cheias de boas
intenções, com uma rotina perfeita, uma casa deslumbrante e cujo programa de família
é se reunir para ouvir ópera. A mansão em que vivem se contrasta com o modesto
e pequeno apartamento de Jeanne, que é tomada por um sentimento de injustiça
social latente. O espectador tende a se identificar com as protagonistas e não
com a família, uma vez que o filme adota o ponto de vista das mulheres. É quase
uma ode à "vingança social".
O desfecho é inesquecível, carregado de humor negro,
sarcasm, ironia e surreal.
Avaliação: ***
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