quarta-feira, 2 de abril de 2014

Mulheres Diabólicas (La Cérémonie)

País: França
Ano: 1995
Gênero: Drama
Duração: 111 min
Direção: Claude Chabrol
Elenco: I Huppert, Sandrine Bonnaire e Jean-Pierre Cassel.

Sinopse: empregada omite suas dificuldades de ler e escrever para conseguir trabalho na casa de uma família abastada. Ao mesmo tempo, torna-se a melhor amiga de uma funcionária dos correios da cidade, mulher curiosa que costuma abrir as cartas que passam por suas mãos. Com ódio de sua condição de exploradas, as duas armam um diabólico plano de revolta.

Crítica: falecido em setembro de 2010, Claude Chabrol participou do movimento de renovação do cinema francês nos anos 50, sendo um dos grandes nomes da influente Nouvelle Vague, ao lado de outros nomes como Godard, Truffaut, Rohmer e Rivette. Em mais de 50 anos de carreira e mais de 50 longas-metragens para o cinema, além de trabalhos para a TV e curtas-metragens, destacou-se pelo gênero suspense. ‘Mulheres Diabólicas’ é considerado um de seus melhores trabalhos e um clássico.
Conta a história da jovem Sophie (Sandrine Bonnaire com seu rosto marcante), que é contratada para trabalhar como empregada na mansão de uma família rica, no interior da França. A dona da casa, Catherine Lelievre (Jacqueline Bisset), deposita grande confiança em Sophie e fica impressionada com a eficiência da jovem e com sua personalidade reservada. A empregada, no entanto, guarda alguns segredos, como o fato de ser analfabeta.
O enredo e a trama parecem banais; é no decorrer da trama que revelações vão surgindo, criando-se um clima de apreensão que é enriquecido com a sombria trilha sonora.
Rapidamente, Sophie, inquietante, monossilábica, fria e estranha, faz amizade com Jeanne (Isabelle Huppert), que parece o seu oposto – espontânea, extrovertida, espaçosa, bisbilhoteira – e que trabalha no correio da pequena cidade e que não se dá nada bem com Georges Lelievre (Jean-Pierre Cassel), marido de Catherine.
Um elemento quase sobrenatural parece atrair essas duas mulheres solitárias, que se tornam cúmplices e amigas. Intuitivamente, elas reconhecem, uma na outra, o mesmo potencial psicopata. Ambas foram consideradas suspeitas de assassinato no passado, mas eventualmente inocentadas por falta de provas.
Jeanne insere o caos na vida de Sophie, que o aceita sem a mínima luta. Jeanne despreza as regras sociais. Nada a seduz mais que a transgressão. Além disso, ela nutre um misto de ódio, desprezo e inveja pela família Lelievre, perfeito modelo da feliz família burguesa. Tudo nos leva a crer que a aproximação de Jeanne a Sophie é arquitetada pela primeira, como uma maneira de se inserir na realidade dos Lelievre.
Em Mulheres Diabólicas, Chabrol faz uma pintura muito interessante da diferença de classes. Os Lelievre são pessoas cheias de boas intenções, com uma rotina perfeita, uma casa deslumbrante e cujo programa de família é se reunir para ouvir ópera. A mansão em que vivem se contrasta com o modesto e pequeno apartamento de Jeanne, que é tomada por um sentimento de injustiça social latente. O espectador tende a se identificar com as protagonistas e não com a família, uma vez que o filme adota o ponto de vista das mulheres. É quase uma ode à "vingança social".
O desfecho é inesquecível, carregado de humor negro, sarcasm, ironia e surreal.


Avaliação: ***

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