Afterimage
País: Polônia
Ano:
2016
Gênero: Drama
Duração: 108
min
Direção: Andrzej
Wajda
Elenco: Boguslaw Linda, Aleksandra Justa, Bronislawa Zamachowska, Zofia
Wichlacz, Krzysztof Pieczynski, Mariusz Bonaszewski, Szymon Bobrowski,
Aleksander Fabisiak, Paulina Galazka, Irena Melcer, Tomasz Chodorowski, Filip
Gurlacz, Mateusz Rusin, Mateusz Rzezniczak e Tomasz Wlosok.
Sinopse: Wladyslaw Strzeminski (Boguslaw Linda) é um artista
vanguardista que superou todas as dificuldades impostas pelas suas deficiências
físicas e também o ódio, a indiferença e a crueldade dispensados pelas
autoridades de seu país para se tornar um dos artistas mais reverenciados do
século vinte, uma verdadeira força da natureza que batalhou com todas as forças
para construir seu progressista e genial programa artístico. “Afterimage” é o filme
escolhido pela Polônia para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro 2017.
Crítica: Andrzej Wajda foi um grande
cineasta polonês, falecido em 2016, e nos deixou um grande presente – seu último
filme: Afterimage.
Nessa cinebiografia do artista
Wladyslaw Strzeminski, pai do movimento Construtivista polonês dos anos 1920 e
o pintor mais celebrado de seu país, ele retrata com maestria arte e momentos
conturbados da história.
“Afterimage” é um fenômeno em que uma imagem continua a
aparecer na visão de um indivíduo mesmo que o contato com essa figura tenha
sido interrompido. É explicando esse conceito que o artista inicia uma de suas
aulas nos primeiros minutos do longa.
Ferrenho crítico de Stalin,
Wajda capricha ao revelar a impossível conciliação de governo e sociedade. Não
há espaço para opiniões próprias ou ideias novas. Tudo tem que seguir à risca o
que determinam a Cortina de Ferro e as políticas da União Soviética.
A perseguição a Strzeminski
é cruel e massacrante. Sem emprego, sem ter onde expor, tendo suas salas de
arte destruídas, suas aulas na universidade suspensas, sua licença de artista
caçada, não podendo nem mesmo comprar mais tintas para pintar, termina sua vida
na humilhação pública e na miséria total, sem ter o que comer. Só lhe restam
ainda alguns alunos fiéis da Escola de Arte de Lodz e que o idolatram (com a
ajuda deles, conseguiu ainda finalizar o livro “Teoria da Visão), mas continuar
sendo amigo de Strzeminski era perigoso.
A URSS empossou Bolesław
Bierut, um dos mais fervorosos stalinistas da época, como Presidente da Polônia
ao final da Segunda Guerra Mundial. E para azar do artista pintor ele decidiu
que a arte atenderia, a partir de então, somente aos interesses do Estado.
A pressão sobre Strzeminski
(brilhantemente interpretado por Boguslaw Linda) é implacável. Ele vê tudo o
que construiu ser destruído.
A narrativa engloba uma
história secundária que mostra o conturbado relacionamento com sua filha
(Bronislawa Zamachowska), com a retomada do laço paternal apenas no pior
momento de sua vida.
Afterimage tem uma cena
marcante: enquanto a cidade celebrava Stalin com um gigantesco banner vermelho
com a foto do ditador, Strzeminski abre a janela de seu apartamento para rasgar
o pedaço de pano que cobria sua visão da rua. O simbolismo da passagem é inegável:
o cineasta mostra a tentativa do governo de colocar em prática a ideologia
vermelha com toda força, enquanto o artista lutava pela liberdade de
pensamentos.
Outra cena emocionante é a
quando ele se levanta do hospital, já à beira da morte, e molha as flores brancas
na tinta azul, já que não tinha dinheiro para comprar mais nada, e vai até o
túmulo da ex-esposa: o último ato digno e que não poderia deixar de fazer.
A fotografia em tons de
cinza resgata bem a sociedade polonesa pós-guerra e contrasta com o colorido
vibrante das obras do célebre pintor polonês.
Um filme belíssimo!
Avaliação: ****
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