sexta-feira, 25 de agosto de 2017

O Inverno (El Invierno)

País: França/Argentina
Ano: 2016
Gênero: Drama
Duração: 95 min
Direção: Emiliano Torres
Elenco: Alejandro Sieveking, Cristian Salguero, Adrián Fondari e Pablo Cedrón.

Sinopse: Evans (Alejandro Sieveking), o caseiro responsável por um grande rancho na Patagônia, é forçado a se aposentar por causa de sua idade avançada. Como substituto, os donos do local contratam Jara (Cristian Salguero). Em um período de transição, os dois terão que se acostumar com as mudanças em suas vidas e terão que tolerar um ao outro para que sobrevivam ao forte e impiedoso inverno.

Crítica: o filme é arrebatador na crítica às relações quase “escravagistas” de trabalho. A trama se passa numa área isolada da Patagônia Argentina (num local incrivelmente belo, que aliás rendeu um prêmio de Melhor Fotografia em um dos vários festivais em que o filme foi exibido), em que fazendas lucram com a ovinocultura – criação de ovinos para tosa do pelo e posterior produção da lã, ou ao abate, para obtenção da carne e da gordura de carneiro.
Aliás, uma dessas fazendas é comprada por um casal estrangeiro que planeja interromper a atividade da ovinocultura para construir ali um grande empreendimento hoteleiro.
A desumanidade predomina: trabalho sem carteira assinada, mal remunerado, péssimas condições de moradia (numa casa sem calefação) e ainda um lugar inóspito, cruelmente frio e "sem leis".
O interessante é o paralelo feito entre os dois protagonistas – Evans (Alejandro Sieveking), ao fim da vida, se aposentando, e Jara (Cristian Salguero – com uma excelente performance), que começará na mesma função.
A hierarquia é massacrante e não há espaço para reivindicação de direitos. No desespero de sustentar uma família, tudo é aceito.
A rivalidade entre o velho que sai e o novo que entra se desfaz, pois os inimigos de ambos são o serviço contratante e a dura realidade de que não há a menor chance de ascensão.
Cada qual com seus problemas familiares, bem retratados no filme, percebemos a tristeza de alguém que se dedicou tanto ao trabalho e se esqueceu dos laços de amizade e de união com seus parentes, e da decepção de alguém que esperava ter um emprego fixo para cuidar da família, após um período de experiência em condições inimagináveis.
O grande trunfo do filme é o discurso político humanista que passa através dos seus marcantes personagens, destituídos de qualquer reconhecimento pelo trabalho e/ou dedicação.

Avaliação: ***

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