O Inverno (El Invierno)
País: França/Argentina
Ano:
2016
Gênero: Drama
Duração: 95
min
Direção: Emiliano
Torres
Elenco: Alejandro
Sieveking, Cristian Salguero, Adrián Fondari e Pablo Cedrón.
Sinopse: Evans (Alejandro Sieveking), o caseiro
responsável por um grande rancho na Patagônia, é forçado a se aposentar por
causa de sua idade avançada. Como substituto, os donos do local contratam Jara
(Cristian Salguero). Em um período de transição, os dois terão que se acostumar
com as mudanças em suas vidas e terão que tolerar um ao outro para que
sobrevivam ao forte e impiedoso inverno.
Crítica: o filme é arrebatador na crítica às relações
quase “escravagistas” de trabalho. A trama se passa numa área isolada da
Patagônia Argentina (num local incrivelmente belo, que aliás rendeu um prêmio
de Melhor Fotografia em um dos vários festivais em que o filme foi exibido), em
que fazendas lucram com a ovinocultura – criação de ovinos para tosa do pelo e
posterior produção da lã, ou ao abate, para obtenção da carne e da gordura de
carneiro.
Aliás, uma dessas fazendas
é comprada por um casal estrangeiro que planeja interromper a atividade da
ovinocultura para construir ali um grande empreendimento hoteleiro.
A desumanidade predomina:
trabalho sem carteira assinada, mal remunerado, péssimas condições de moradia
(numa casa sem calefação) e ainda um lugar inóspito, cruelmente frio e
"sem leis".
O interessante é o paralelo
feito entre os dois protagonistas – Evans (Alejandro Sieveking), ao fim da
vida, se aposentando, e Jara (Cristian Salguero – com uma excelente performance),
que começará na mesma função.
A hierarquia é massacrante
e não há espaço para reivindicação de direitos. No desespero de sustentar uma
família, tudo é aceito.
A rivalidade entre o velho
que sai e o novo que entra se desfaz, pois os inimigos de ambos são o serviço
contratante e a dura realidade de que não há a menor chance de ascensão.
Cada qual com seus problemas
familiares, bem retratados no filme, percebemos a tristeza de alguém que se
dedicou tanto ao trabalho e se esqueceu dos laços de amizade e de união com
seus parentes, e da decepção de alguém que esperava ter um emprego fixo para
cuidar da família, após um período de experiência em condições inimagináveis.
O grande trunfo do filme é
o discurso político humanista que passa através dos seus marcantes personagens,
destituídos de qualquer reconhecimento pelo trabalho e/ou dedicação.
Avaliação: ***
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