terça-feira, 24 de julho de 2012

Una Noche (Uma Noite)

País: EUA/Cuba/Inglaterra
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 90 min
Direção: Lucy Mulloy
Elenco: Dariel Arrechada, Anailin de la Rua de la Torre e Javier Nuñez Florian.

Sinopse: os adolescentes Raul e Elio sonham com a ideia de fugir de Cuba e começar vida nova em Miami. Quando Raul é acusado de agredir um estrangeiro, ele não tem escolha a não ser escapar e seu amigo Elio terá que decidir se seu desejo de liberdade é grande o suficiente para ir com Raul, abandonando sua irmã gêmea Lila.

Crítica: o drama retrata, com bastante realismo, a vida moderna na capital cubana, com uma juventude inquieta e cheia de sonhos. Atuações boas, críticas inteligentes e um roteiro que segue um ritmo natural. Envolve e comove a plateia. Vale a pena conferir!

Curiosidade: premiado no Festival de Berlim em 2012; prêmios de melhor direção, ator e cinematografia no Tribeca Film Festival; e prêmio de melhor roteiro no BIFF (Festival Internacional de Cinema de Brasília).

Avaliação: ***

Read more...

Menos que Nada

País: Brasil
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 105 min
Direção: Carlos Gerbase
Elenco: Felipe Kannenberg, Branca Messina, Maria Manoella, Rosanne Mulholland, Carla Cassapo, Matheus Zoltowski, Letícia Lahude, Roberto Oliveira, Alexandre Vargas e Eduardo Mendonça.

Sinopse: inspirado no conto "O Diário de Redegonda", do médico e escritor austríaco Arhur Schnitzler (1862-1931). A trama aborda o tratamento de um doente mental, Dante (Felipe Kannenberg), internado há 10 anos em um hospital psiquiátrico, onde foi esquecido pela família e pela sociedade. Ele é considerado um caso perdido, até que a médica Paula (Branca Messina) decide estudá-lo. Disposta a desvendar as relações sociais do seu paciente, a psiquiatra faz uma série de entrevistas com pessoas que conviviam com Dante e que contam sobre seu passado.

Crítica: a obra, pela sua temática, levaria a uma reflexão sobre a doença mental, um assunto pouco explorado e debatido, apesar de atingir uma parcela significativa da população brasileira. No entanto, o roteiro solto não cria raízes nem convence, sobretudo pela atuação fraquíssima de seus atores e algumas cenas desnecessárias.
Tudo é artificial demais não gerando um drama contundente que faça o espectador partilhar do sofrimento de seu protagonista, atormentado por seus problemas e devaneios. Ao vermos as sequências, não nos convencemos de que as causas apresentadas para a sua loucura o tivessem conduzido a um manicômio. Sinal de uma direção amadora que acreditou que bastava ter uma história pronta.

Avaliação: **

Read more...

Paredes Silenciosas (Labranza Oculta)

País: Equador
Ano: 2010
Gênero: Documentário
Duração: 66 min
Direção: Gabriela Calvache
Elenco: -

Sinopse: documentário sobre um prédio histórico na cidade de Quito que está sendo reformado. Trata-se do prédio "La Casa del Alabado" construído em 1671, mais de cem anos depois da fundação da cidade de Quito, primeira cidade da América do Sul a ser considerada patrimônio da humanidade pela Unesco. Apesar da beleza, esses muros guardam a história do massacre de milhares de indígenas.

Crítica: um rico documentário onde a diretora consegue contar por meio da reconstrução de um prédio parte da história da cidade. Ela investiga a cidade, suas construções e a história de um povo.
Depoimentos de operários que participam da obra ajudam a dar uma ideia do valor que eles dão à preservação dos patrimônios históricos.
Gente simples que sonha e que, apesar das adversidades, espera deixar algo melhor para seus filhos por terem ciência do legado histórico de sua cidade. Merece ser conferido.

Avaliação: ***

Read more...

Araya

País: Venezuela/França
Ano: 1959
Gênero: Documentário
Duração: 90 min
Direção: Margot Benacerraf
Elenco: -

Sinopse: "Araya" é uma antiga mina de sal natural localizada na península do nordeste da Venezuela e que, já em 1959, ainda era manualmente explorada após 500 anos de sua descoberta pelos espanhóis. Margot Benacerraf captura em imagens, a vida dos "salineros" e os seus métodos arcaicos de trabalho, antes de sua total extinção após a chegada da exploração industrial.

Crítica: um relato bem construído de uma salina de sal na Venezuela e dos seus salineiros. A narração personifica cada família e seus membros, contando o seu cotidiano. Além dos salineiros, pescadores também vivem no pequeno vilarejo. São eles que alimentam (vendendo os peixes) as famílias que sobrevivem da extração do sal. Essa relação é contada com muita proeza.  
O trabalho e a vida simples são bastante explorados no documentário didático e informativo, todo filmado em preto e branco.

Avaliação: **

Read more...

Tey (Hoje)

País: França/Senegal
Ano: 2011
Gênero: Drama
Duração: 86 min
Direção: Alain Gomis
Elenco: Saul Williams, Djolof Mbengue, Anisia Uzeyman, Aissa Maiga e Mariko Arame.

Sinopse: Satché anda pelas ruas da cidade onde vive em Senegal. Visita os lugares do passado como se estivesse vendo-os pela ultima vez: a casa de seus pais, seu primeiro amor, os amigos da juventude, sua esposa e filhos. Ele ouve a mesma pergunta: porque não ficou na América, onde teria um futuro? Satché enfrenta seus últimos momentos com muito medo, mas também com senso de alegria.

Crítica: um filme nada fácil, com poucos diálogos e sequências lentas. Oscilando entre a realidade e o sonho, pouco diz através de sua narrativa adinâmica.
Nem mesmo o carisma do protagonista consegue manter a atenção do espectador durante a trama, que tem uma direção fraca e um roteiro frágil.

Avaliação: *

Read more...

Os Esquecidos

País: Alemanha
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 86 min
Direção: Jan Speckenbach
Elenco: André M. Hennicke, Luzie Ahrens, Sylvana Krappatsch, Jenny Schily e Sandra Borgmann.

Sinopse: Martha (Jenny Schily), uma adolescente de 14 anos, desaparece de um dia para o outro. Seu pai, Lothar (André M. Hennicke), não tem estado em contato com ela ou com sua ex-mulher há vários anos. Ele logo percebe que outros jovens também estão desaparecendo da cidade inexplicavelmente. Lothar segue sua trilha por todo o país, mas nada o faz avançar, até que ele conhece Lou, uma adolescente de 12 anos de idade. Juntos, eles empreendem uma jornada que inclui grupos de milícias e a presença policial reforçada. Lentamente, Lothar começa a perceber que o mundo como ele conhecida mudou.

Crítica: não é um filme fácil e o diretor parece não facilitar as coisas para o espectador, recheando sua trama com simbologias bizarras e uma narrativa seca e lenta.
Estranho, obscuro e pessimista, com seus personagens insólitos e algumas situações embaraçosas, o filme retrata um pai desesperado em busca da filha. Tudo ali é um enigma que, por sinal, cansa a plateia. O diretor abusa da paciência ao exigir que todos aceitem e acompanhem seu drama sobre desaparecimento de jovens.
É, claro, uma crítica ao distanciamento entre pais e filhos, à falta de diálogo e elos familiares, ao mundo cibernético que impede a união, a conversa, o entendimento, a amizade, a ajuda, a harmonia.
O suspense poderia ter sido mais objetivo, convincente e coerente na sua mensagem.

Avaliação: *

Read more...

Ausência (Without)

País: EUA
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 87 min
Direção: Mark Jackson
Elenco: Joslyn Jensen e Ron Carrier.

Sinopse: em uma ilha remota, onde não há internet nem celular, uma jovem cuida de um idoso em estado vegetativo. Forçada a atender as necessidades de um homem incapaz de interagir, Joslyn vacila entre o conforto e o medo proporcionados por sua companhia. À medida que a monotonia de sua rotina diária se desenrola, barreiras são quebradas enquanto Joslyn lida com sua sexualidade, culpa e perda.

Crítica: o suspense é a marca registrada desse drama bem construído. O roteiro é muito inteligente ao instigar a imaginação e a curiosidade do cinéfilo durante o desenrolar da história.
As interpretações são bastante convincentes, sobretudo a de Joslyn Jensen (que vive a personagem de mesmo nome). Revelações fortes sobre sentimentos de amor, dor, culpa e solidão afloram nas situações naturalmente.
Apesar de um pouco sombrio, é um filme inteligente e sensível ao falar das relações afetivas.



Curiosidade: vencedor do Film Independent Spirit Awards 2012; prêmio de melhor diretor no Festival Thessaloniki; melhor atriz em Mar Del Plata; e melhor direção para Mark Jackson e melhor atriz para Joslyn Jensen no BIFF (Festival Internacional de Cinema de Brasília).

Avaliação: ***

Read more...

O Planeta Solitário

País: Estados Unidos/Alemanha
Ano: 2011
Gênero: Suspense
Duração: 113 min
Direção: Julia Loktev
Elenco: Gael García Bernal, Hani Furstenberg e Bidzina Gujabidze.

Sinopse: mostra um jovem casal que decide viajar por regiões remotas da Geórgia, alguns meses antes de se casar. Para guiá-los, Alex (Garcia Bernal) e Nica (Hani Furstenberg) contratam Dato (Bidzina Gujabidze). Em meio a vasta e bela paisagem agreste, uma estranha sensação de mau pressentimento, que a princípio não parece nada de mais. Vagamente inspirado na história de Ernest Hemingway, de 1936, “A curta vida feliz de Francis Macomber”, também baseada num incidente real, ocorrido antes da Segunda Guerra e filmada com Gregory Peck, em 1947.

Crítica:
Avaliação: a conferir

Read more...

Habibi

País: Emirados Árabes/ Palestina/ Holanda/ Estados Unidos
Ano: 2011
Gênero: Romance
Duração: 80 min
Direção: Susan Youssef
Elenco: Kais Nashif, Maisa Abd Elhadi, Yussef Abu-Warda e Amer Khalil.

Sinopse: um casal de estudantes é forçado a sair da Cisjordânia e retornar às suas casas em Gaza, onde seu amor desafia tradições. Ambientado em Gaza no ano de 2001, é uma releitura moderna do romance Majnun Layla, uma clássica história oriental do século VII em que um poeta se apaixona por Layla e, devido à intensidade de sua paixão, foi apelidado de 'majnun Layla' ou 'louco por Layla'. Por meio de grafites espalhados pela cidade pelo estudante Qays, poemas originais do romance são utilizados no filme.

Crítica:
Avaliação: a conferir

Read more...

A Mulher que Escovou suas Lágrimas

País: Macedônia/França/Alemanha/Bélgica
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 103 min
Direção: Teona Miteveska
Elenco: Victoria Abril, Labina Mitevska, Jean Marie Galey, Arben Bajraktaraj, Firdaus Nebi, Kaeliok Fonenimum Varka e Dimitar Gjorgjievski.

Sinopse: Victoria Abril e Labina Miteveska vivem duas mulheres que habitam cantos muito diferentes da Europa e cujas histórias convergem. Dirigido pela irmã de Labina, Teona Miteveska, compara e contrasta os estilos de vida de uma parisiense amargurada por um acontecimento terrível e uma oprimida, mas naturalmente corajosa moça que estimula a modernidade em Juruci, uma comunidade rural da Macedônia. As duas vivem no mesmo continente, separadas por uma viagem de apenas duas horas de avião, mas parecem viver apartadas por anos.

Crítica: o drama não é bem conduzido, a trama não é amarrada o suficiente para prender a atenção do espectador e as interpretações estão abaixo da média. Não há espaço para nenhum personagem crescer durante a história que se arrasta vagarosamente pelos mais de 100 minutos da fita.
Um enredo tosco e sem sal, que pretendeu mais do que alcançou.

Avaliação: **

Read more...

Fim de Dezembro

País: Tunísia
Ano: 2010
Gênero: Drama, romance
Duração: 104 min
Direção: Moez Kamoun
Elenco: Hend El Fahem, Dhafer El Abidine, Lotfi Abdelli, Dalia Meftahi, Jamal Madani, Lotfi Bondka, Sonia Belgacem, Latifa Gafsi, Donia Saadi, Helmi Dridi, Twafik El Bahri, Ali Khémiri, Kawther Bel Haj, Tawfik El Ayeb, Ikram Azzouz e Monia Ouertani.

Sinopse: Aicha vive em um distante vilarejo no topo de uma montanha, na Tunísia, e sonha com uma vida melhor. Depois de lhe prometer o mundo, seu namorado Mourad desaparece, deixando Aisha confusa e desesperada. Ela conhece Adam, um jovem imigrante francês, que talvez mude tudo. Adam chega nesse pacífico vilarejo tentando escapar da cidade e das complicações da profissão de médico. Mas a tranquilidade desse lugar logo será ameaçada.

Crítica:
Avaliação: a conferir

Read more...

A Arte da Conquista (The Art of Getting By)

País: EUA
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 83 min
Direção: Gavin Wiesen
Elenco: Freddie Highmore, Emma Roberts, Michael Angarano, Sasha Spielberg, Marcus Carl Franklin, Ann Dowd e Blair Underwood.

Sinopse: George (Freddie Highmore) é um adolescente solitário que não vê sentido na vida e nem na escola. Para ele tudo é uma grande ilusão, e não estava preparado para se apaixonar, até que Sally (Emma Roberts) surge em sua vida.

Crítica: a trama romântica voltada para o público adolescente tenta inovar, mas acaba na mesmice. Os atores até têm carisma, apesar de faltar aquela química suficiente para entusiasmar quem está na plateia. Seguindo a receita básica, deve o público adolescente menos exigente.

Avaliação: **

Read more...

Chernobyl

País: EUA
Ano: 2012
Gênero: Terror
Duração: 90 min
Direção: Bradley Parker
Elenco: Jesse McCartney, Ingrid Bolso Berdal, Jonathan Sadowski, Olivia Dudley, Nathan Phillips, Devin Kelley e Pasha D. Lychnikoff.

Sinopse: seis jovens turistas resolvem fazer um passeio turístico diferente para fugir da mesmice. Ignorando todos os avisos de perigo, eles irão até a cidade de Pripyat, que há 25 anos foi devastada pelo acidente nuclear de Chernobyl. Depois de uma volta pelo local, eles percebem que seres estranhos estão acompanhando o grupo. Ao notar que não estão sozinhos, coisas aterrorizantes acontecem.

Crítica:
Avaliação: a conferir 

Read more...

Armadilha (ATM)

País: EUA/Canadá
Ano: 2012
Gênero: Suspense
Duração: 90 min
Direção: David Brooks
Elenco: Alice Eve, Josh Peck e Brian Geraghty.

Sinopse: depois de saírem de uma festa, três colegas de trabalho acabam encurralados em um caixa eletrônico. Do lado de fora da cabine, um violento desconhecido é uma ameaça aterrorizante e parece disposto a tudo para que a noite deste trio não acabe nada bem. Os três terão que usar todas as suas forças para saírem vivos dessa enrascada, que tem tudo para ser mortal.

Crítica:
Avaliação: a conferir 

Read more...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Na Estrada (On the Road)

País: EUA
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 137 min
Direção: Walter Salles
Elenco: Kristen Stewart, Amy Adams, Viggo Mortensen, Kirsten Dunst, Garrett Hedlund, Alice Braga e Sam Riley.

Sinopse: Nova York, final dos anos 40. Sal Paradise (Sam Riley) é um homem comum, que vive em Nova Jersey e conhece o jovem libertário Dean Moriarty (Garrett Hedlund), um andarilho alucinante de Denver, e sua namorada Marylou (Kristen Stewart), de 16 anos. A personalidade magnética do recém-chegado conquista Sal e juntos partem para conhecer os Estados Unidos numa jornada de autoconhecimento.

Curiosidade: Gus Van Sant e Francis Ford Coppola tentaram fazer a adaptação.
Baseado na obra do escritor norte-americano Jack Kerouac.

Crítica: A adaptação cinematográfica do cultuado livro On the Road (conhecido também como a Bíblia Hippie) é inconstante, em sintonia com a obra de Jack Kerouac, de seus personagens, que vagam sem rumo certo.
Apesar da estranheza, Walter Salles tem êxito ao capturar e prender a atenção do espectador ao longo do filme, mesmo que esse se sinta por vezes contrariado. O cineasta fez o que deveria ser feito, mesmo correndo os riscos inevitáveis de levar as telas uma obra difícil de adaptar.
Para encarar a empreitada de transpor On the Road para as telas mais de meio século depois de seu lançamento, Salles não poupou esforços em se inteirar de tudo e de todos que compuseram o cenário conhecido como “beat” – o resultado da exaustiva pesquisa, por sinal, vai se transformar em documentário a ser lançado no futuro.
Ambientado na América do fim dos anos 40 e do início dos anos 50, a trama mostra as desventuras e experimentações lisérgicas de Sal Paradise (Sam Riley), alter ego de Jack Kerouac, que constrói uma amizade improvável com o ex-presidiário Dean Moriaty, representado pelo excelente ator Garrett Haedlund – este, melhor que ninguém no filme, pareceu entender que seu personagem representa o melhor e o pior que o sonho americano tem a oferecer. O rapaz dá um show. Juntos, atravessam os Estados Unidos ao lado de Marylou (Kristen Stewart), jovem pronta a assumir quaisquer riscos e disposta a experimentações, apesar de se mostrar menos inconsequente que seus parceiros masculinos.
Ao longo de sua travessia, o trio faz encontros fugazes com interessantes personagens: Viggo Mortensen dá vida a William S. Burroughs, poeta e assassino que serviu de modelo para o personagem de Bull Lee; Steve Buscemi é um homossexual enrustido travestido de conservador; e o jovem Tom Sturridge interpreta Carlo Marx, que representa o poeta da geração beat Allen Ginsberg.
‘Na Estrada’ é tão bom quanto poderia ser. Consegue estreitar laços com o público, mesmo com aqueles que não leram o livro, pois quem foi jovem um dia já pegou a estrada, mesmo que metaforicamente, ou sonhou em sair por aí sem rumo ou subvertendo a ordem.
Salles tem um forte senso de ambientação. Cada paisagem, bar, rodovia ou quarto barato de motel ganha o tom vibrante ou decadente apresentado no livro. Tudo ressaltado por uma excepcional fotografia e performances convincentes.
‘Na Estrada’ é sobre pessoas em busca de sensações, experiências, um way of life que ainda não havia sido codificado na cultura da época. Por não ter um propósito narrativo, assim como seus personagens que caminham a esmo, talvez canse um pouco a plateia. Mesmo assim, Walter Salles aventurou-se em um terreno experimental, assim como Kerouac fez em sua obra.
A liberdade sem propósito é a regra e a recusa das normas e imposições dos personagens de On the Road se tornaria o lema das gerações seguintes. Esta liberdade e inconformismo também teve seu preço para seus protagonistas, o que era inevitável.
Walter Salles foi à origem desse pensamento, desse comportamento anarquista, e realizou uma adaptação precisa sem se render a um modelo de narrativa mais palatável e atraente. Mas daí não seria uma do livro Kerouac.  Desde que foi lançado, o longa vem colhendo elogios e reações frias na mesma proporção. Por isso mesmo, vá, assista e opine!

Avaliação: ***

Read more...

Uma Longa Viagem

País: Brasil
Ano: 2011
Gênero: Documentário
Duração: 97 min
Direção: Lúcia Murat
Elenco: Caio Blat

Sinopse: a história de três irmãos. A linha dramática é dada pela história do caçula (Caio Blat), que vai para Londres em 1969, mandado pela família para que ele não entrasse na luta armada contra a ditadura no Brasil, seguindo os passos da irmã. Durante os nove anos em que viaja pelo mundo, ele escreve cartas. Em contraponto à entrevista e às cartas, os comentários em off da irmã, presa política que virou uma artista reconhecida e viaja pelo mundo, quase num processo inverso ao vivido pelo irmão, que de viajante livre foi obrigado a enfrentar algumas internações em hospitais psiquiátricos. No fundo, é um documentário que trabalha sobre a memória. Não somente pela forma como é feita a investigação, como também sobre o que motivou o filme: a morte do terceiro irmão.

Curiosidade: recebeu o Prêmio da Crítica de Melhor Documentário no Festival de Paulínia.  E foi vencedor de Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Direção de Arte, Prêmio do Júri Popular e Prêmio Estudantil no Festival de Gramado.

Crítica: o documentário, narrado em primeira pessoa pela diretora, busca reviver as próprias experiências e a de seus dois irmãos, Heitor e Miguel, durante os anos de chumbo, expondo os diferentes caminhos seguidos por eles, principalmente os dela e de Heitor. A produção é um tributo a Miguel, cuja morte incentivou a diretora a realizar o trabalho.
Para que o caçula não seguisse os passos da irmã e participasse do enfrentamento à ditadura militar, a mãe de Lúcia o enviou para Londres. Na Europa, Heitor vira uma espécie de mochileiro nômade, experimentando todos os tipos de drogas possíveis. Não há juízo de valor sobre as distintas escolhas feitas pelos irmãos, que são tratadas no longa como posicionamentos pessoais diante de um momento político e cultural conturbado.
As experiências de Heitor envolvendo drogas e situações bizarras vividas em lugares obscuros são hilárias e divertem o espectador. Avançando pelo terreno ficcional, a produção conta com a presença de Caio Blat declamando as cartas enviadas por Heitor à sua família e o interpretando. Uma interpretação realista que se alia a imagens de arquivos e excelentes depoimentos do próprio Heitor, hoje vítima de esquizofrenia.
A mescla funciona a contento e faz uma boa conexão entre a história real e a história encenada. Mas se alguém quer saber um pouco mais sobre a época da ditadura, vale lembrar que quase toda a obra é mesmo sobre as aventuras de Heitor no exterior e as trocas de correspondências entre ele e os irmãos, Miguel e Lúcia. 

Avaliação: ***

Read more...

Memórias da Resistência

País: Colômbia
Ano: 2007
Gênero: Documentário
Duração: 52 min
Direção: Marta Rodríguez e Jorge Silva
Elenco: -

Sinopse: revela a violência a que grupos étnicos minoritários – camponeses afro-colombianos e indígenas – são submetidos, durante décadas. Massacres, deslocamentos forçados e exclusão social.

Crítica: somos apresentados a diversos grupos e tribos, distintos em suas línguas e culturas, mas igualmente excluídos de qualquer perspectiva social, sendo deslocados de um lado para outro, espremidos em pequenos espaços sem as mínimas condições de sobrevivência. O documentário é enriquecido com depoimentos e imagens.
O belo trabalho, todo em preto e branco, é um retrato desolador e real de vítimas que ninguém quer ver. Uma triste descrição da Colômbia e de sua política injusta e discriminatória, que não valoriza seus antepassados.

Avaliação: ***

Read more...

Sibila

País: Chile/Espanha/França
Ano: 2011
Gênero: Documentário
Duração: 95 min
Direção: Teresa Arredondo
Elenco: -

Sinopse: "Lembro-me da noite em que a história da minha família mudou. Nós recebemos um telefonema do Peru dizendo que minha tia Sibila estava na prisão acusada de fazer parte do Sendero Luminoso. Eu tinha sete anos e o silêncio protetor de meus pais fizeram-me transformar a imagem dela em um mistério. Ela ficou na prisão por 15 anos. Hoje ela está livre e eu quero chegar perto dela, para escutar e entender." Teresa Arredondo conta a história de sua tia ativista e suas influências na convivência em família.

Crítica: um trabalho valioso sobre Sibila e o Sendero Luminoso. Parentes e amigos são ouvidos, além da própria Sibila, propositalmente reservada para o desfecho.
Entre depoimentos, cartas e imagens de arquivos, ouvimos os dois lados, pós e contras. O objetivo da cineasta, sobrinha de Sibila, é revelar quem realmente a tia é, o que pensa, se ela repensou seus ideais depois de 15 anos presa e o porquê do seu envolvimento com o grupo considerado terrorista.
Ao final, a falha da diretora ao ouvir sua tia foi sair da imparcialidade e tentar convencer Sibila de que ela estava errada. Num documentário, o melhor é não julgar, não opinar, não tomar parte de lado algum, mas apenas colher a maior quantidade possível de material e oferecê-la ao espectador. Esse, sim, irá sentenciar e formar seus conceitos.

Avaliação: ***

Read more...

O Ano do Tigre

País: Chile
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 82 min
Direção: Sebástian Lelio
Elenco: Luis Dubo, Sergio Hernández, Viviana Herrera e Rambo.

Sinopse: Manuel (Luis Dubo) cumpre pena em uma prisão no sul do Chile quando um violento terremoto a destrói. Ele escapa e, em meio à catástrofe, retorna à sua casa para descobrir que um tsunami levou sua mulher e filha. Ao percorrer cenários de completa destruição, o fugitivo adentra em sua própria devastação pessoal. Essa paradoxal liberdade o leva a encarar a crueldade da natureza e explorar os limites de sua própria humanidade.

Curiosidade: Prêmio do Júri do Festival de Locarno 2011 (Suíça).

Crítica: de poucas palavras, Manuel segue rumo à sua casa após escapar do presídio que teve suas paredes rompidas com o tremor de terra. Não encontra seus familiares, mas sim a si mesmo.
A atuação de Luis Dubo é exemplar, tendo em vista que há poucos diálogos e por meio de expressões faciais expõe toda a sua carga emocional: medo, dor, esperança, solidão, incerteza. O que compensa um pouco a narrativa lenta.
No caminho encontrará um desconhecido que o fará pensar sobre os limites da sua própria humanidade.
O final é triste, mas é esperado já que estar em liberdade não é tão simples como parece, pelo menos para alguém que se habituou à exclusão na prisão e à perda de quem mais amava.  

Avaliação: **

Read more...

terça-feira, 17 de julho de 2012

La Playa D.C.

País: Colômbia/Brasil
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 90 min
Direção: Juan Andrés Arango
Elenco: Luis Carlos Guevara, James Solís e Andrés Murillo.

Sinopse: Tomas, um jovem afro-colombiano, sai de sua aldeia, no litoral, para fugir da guerra. Em Bogotá, ele enfrenta as dificuldades de crescer em uma sociedade excludente e racista. Quando Jairo, seu irmão mais novo e melhor amigo, desaparece, Tomas, com a ajuda de seu irmão mais velho, mergulha nas ruas da cidade enfrentando todos os riscos para encontrá-lo e conquistar sua independência.

Curiosidade: selecionado para a mostra “Um Certo Olhar” do Festival de Cannes.

Crítica: para um filme ser bom, não é necessária uma grande produção (claro que, quando há, ajuda). Essencial mesmo é uma história que conduza o espectador para a trama e nela se envolva a ponto de caminhar lado a lado com o protagonista. ‘La Playa D. C.’ faz bem esse trabalho. 
O longa segue o ritmo de Tomas, na busca de quem procura, além do seu irmão, a si mesmo. Tomas enfrenta o racismo nos bairros “brancos” colombianos, as dificuldades financeiras, os problemas com a mãe e seu padrasto, a falta de perspectiva, um namoro proibido e a dependência química de seu irmão caçula. Em meio a esse turbilhão de adversidades, ele precisa amadurecer e escolher um caminho.
Sensível e comovente, a película traça com realismo essa jornada. A atuação bastante natural de Luis Carlos Guevara (como Tomas) também contribui. Vale a pena conferir!

Avaliação: ***

Read more...

Kauwboy

País: Holanda
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 81 min
Direção: Boudewijn Koole
Elenco: Rick Lens, Loek Peters, Hüseyin Cahit Ölmez, Susan Radder, Ricky Koole e Nokki Sampimon.

Sinopse: Jojo (Rick Lens), um garoto de 10 anos, tem uma família difícil: o pai sofre violentas mudanças de humor e a mãe está ausente. Até que Jojo encontra uma gralha bebê abandonada e a leva para casa escondida. Seu pai não pode saber de nada. Jojo quer apresentar sua nova amiguinha à família, no aniversário da mãe. Através de sua amizade especial com o pássaro e a capacidade de adaptação que só as crianças possuem, Jojo encontra uma maneira de quebrar o muro que circunda o coração do pai.

Curiosidadeo filme, o primeiro dirigido pelo cineasta Boudewijin Koole (experiente em produções sobre o universo infantil), foi considerado o melhor da mostra Generation do Festival de Berlim e recebeu um prêmio ofertado pelo Unicef no Bacifi, de Buenos Aires. Premiado também no BIFF (Festival Internacional de Cinema de Brasília), levando as premiações de melhor filme e de melhor ator para Rick Lens.

Crítica: em primeiro lugar, deve-se destacar a interpretação louvável do ator mirim que vive Jojo, que conduz praticamente toda a trama. Sua amizade com um pássaro é um canto seguro para longe da família, já que sua mãe está ausente e seu pai dispõe de pouco tempo para ele. Então, sua companhia mais presente é a gralha.
A direção é eficiente ao retratar essa relação de amizade e companheirismo e, no desenvolvimento da trama, surge uma surpresa que muda nossos pré-julgamentos.
Um roteiro inteligente num filme conciso e que tem muito a dizer. Imperdível!

Avaliação: ****

Read more...

Detropia

País: EUA
Ano: 2012
Gênero: Documentário
Duração: 91 min
Direção: Heidi Ewing e Rachel Grady
Elenco: -

Sinopse: nos últimos 10 anos, Detroit, nos EUA, perdeu 25% de sua população e 50% de seus empregos no setor industrial, e está entrando em falência. O governo da cidade está no meio do maior "downsizing" de uma cidade americana em toda a história - demolindo milhares de casas e diminuindo serviços básicos. Enquanto artistas e curiosos chegam à cidade em busca de inspiração, pessoas que moraram em Detroit sua vida inteira estão à beira de um colapso.

Crítica: um assunto atual e interessante é sempre uma excelente premissa para um documentário. Mas ‘Detropia’ desperdiça essa oportunidade com alguns depoimentos pouco relevantes ou, às vezes, repetitivos.
Para a realização de um documentário, é necessário colher várias entrevistas e fazer uma triagem que leve em conta a riqueza de informações. Apenas o necessário e importante deveria ser escolhido para tal. Uma produção com mais dados e uma edição mais caprichada dariam mais força e profunidade à trama que acaba sendo enfraquecida pela redundância.

Avaliação: **

Read more...

Francine

País: EUA
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 74 min
Direção: Brian M. Cassidy e Melanie Shatzky
Elenco: Melissa Leo, Victoria Charkut e Keith Leonard.

Sinopse: Francine é uma mulher que acaba de deixar a prisão e tenta reconstruir sua vida em uma atrasada cidade à beira de um lago. Realizando diversos trabalhos com animais, ela afasta todos que tentam se aproximar e acaba achando conforto no lugar mais inesperado.

Crítica: Francine é o retrato silencioso de uma personagem desajustada e de seus primeiros passos em um novo mundo. Mostra, com convicção, como uma pessoa pode-se modificar depois de passar tanto tempo isolada das pessoas e do mundo.
Por ser um filme lento em muitas sequências (talvez seja mesmo esse o propósito dos diretores) e por retratar situações pouco reveladas no cinema, pode causar estranheza, não sendo, portanto, aceitável por qualquer plateia.
Mas é sensível e delicado, com uma mensagem a passar.

Avaliação: **

Read more...

Sahkanaga

País: EUA
Ano: 2012
Gênero: Suspense
Duração: 80 min
Direção: John Henry Summerour
Elenco: Trevor Neuhoff, Kristin Rievley, Jace Flatt, Laura Maynard, Rhea Thurman, Chip Jones, Sharon Huey, Charles Patterson Jr. e Larry Summerour.

Sinopse: em 2002, mais de 300 corpos são descobertos na propriedade de um crematório em uma pequena cidade da Geórgia. Sahkanaga traz esse evento da perspectiva de Paul, o adolescente que achou por acidente o primeiro corpo. A situação se complica por seu pai ser o dono na funerária local, e com a chegada de Lyla, a bela moça cujo avô foi o primeiro corpo achado. A tensão aumenta enquanto Paul e toda a comunidade encaram as complexidades do perdão à face de uma tragédia.

Crítica: a história de suspense tem um roteiro bem dirigido, uma narrativa inteligente e uma ótima atuação dos atores adolescentes.
O ritmo da trama até o clímax prende a atenção do espectador e é o ponto alto do longa. Confira!

Avaliação: ***

Read more...

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Bel Ami - O Sedutor (Bel Ami)

País: Reino Unido/França/Itália
Ano: 2012
Gênero: Drama, romance
Duração: 102 min
Direção: Declan Donnellan e Nick Ormerod
Elenco: Robert Pattinson, Uma Thurman, Christina Ricci, Kristin Scott Thomas, Colm Meaney, Philip Glenister e Holly Grainger.

Sinopse: conta a história de George Duroy (Robert Pattinson), um jornalista que, graças ao seu carisma, se transforma em um dos homens mais desejados entre as mulheres da alta sociedade parisiense do século XIX.

Crítica: a trama muito bem dirigida e adaptada do conto do escritor e poeta francês, Guy de Maupassant, carrega o espectador do início ao fim nas tramas de sedução e desejos do protagonista George Duroy (vivido por Robert Pattinson) e das 3 coadjuvantes femininas: Kristin Scott Thomas, uma Thurman e Christina Ricci. As atuações são impecáveis, os diálogos adequados e o figurino e o cenário, exemplares.
O espectador é apresentado à ascensão de um jovem ao ‘poder’, em Paris. Contando com seu dom de manipulação e o charme que exerce sobre as mulheres mais influentes e ricas da cidade luz, Duroy consegue um por um seus objetivos. Mas será que ele tem algum preço a pagar?
Nessa sociedade francesa de séculos atrás, posições antigovernamentais são utilizadas pelo poder da impressa para instigar o povo contra os comandantes. O jogo político dita o ritmo e o clímax necessário para o longa, deixando poucas brechas para futilidades que poderiam sair dos relacionamentos dos personagens.
Realmente é uma produção brilhante, objetiva e direta, assim como seu protagonista.

Avaliação: ***

Read more...

Oslo, 31 de Agosto (Oslo, August 31st)

País: Noruega
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 95 min
Direção: Joachim Trier
Elenco: Anders Danielsen Lie, Malin Crepin, Aksel M. Thanke, Hans Olav Brenner, Ingrid Olava e Oystein Roger.

SinopseAnders (Anders Danielsen Lie) está perto de concluir um tratamento num centro de desintoxicação. Em uma manhã é autorizado a ir até a cidade para uma entrevista profissional. Aproveitando a ocasião dessa permissão, vaga pela cidade, encontrando-se com pessoas que não há muito tempo. Com 34 anos, inteligente, bonito rapaz, de boa família, Anders está profundamente angustiado pelas oportunidades que perdeu e as pessoas que decepcionou. Continua a ser jovem, mas tem a sensação de que a sua vida já acabou. O dia avança, e o rapaz se depara com uma longa noite: seus erros do passado suscitarão pensamentos sobre a possibilidade do amor, de uma nova vida, e a esperança de imaginar um futuro desde o momento presente até a manhã do dia seguinte.

Crítica: um dia pode mudar ou não a vida de alguém. O filme acompanha Anders por 24 horas. Anders encontra muitas pessoas, depara-se com situações que o incomodam, com verdades que precisam ser vistas, com o passado, com o presente e com um futuro incerto.
Há caminhos, quem escolhemos somos nós. E essa escolha é penosa, o que fica muito claro no filme.
Não há um final feliz, mas um retrato do que geralmente acontece quando a pessoa não acredita mais nela mesma, quando falta apoio.
Apesar de ser um drama, não é melodramático. É eficiente ao conduzir Anders em suas andanças, ouvindo pessoas que levam uma vida tranquila, ou refletindo. Grande parte do tempo ele narra em off sua infância normal, uma família com pais presentes, ao contrário do que se esperaria no caso do protagonista. Essa intercalação de diálogos e acontecimentos deu um resultado muito positivo à trama.
Simplesmente, não há fórmulas para a felicidade e o sucesso. Cada um é cada um.

Avaliação: ***

Read more...

Fausto

País: Rússia
Ano: 2011
Gênero: Drama
Duração: 134 min
Direção: Alexandr Sokurov
Elenco: Johannes Zeiler, Anton Adasinskiy e Isolda Dychauk.

Sinopse: adaptação livre da tragédia homônima escrita por Johann Wolfgang Goethe, romance clássico da literatura alemã e que relata a tragédia do Dr. Fausto, que em uma busca incessante de conhecimento e poder faz um pacto com o demônio Mefistófeles.

Crítica: o filme do cineasta russo Aleksandr Sokurov exige paciência. Fora dos modelos comuns e convencionais, não é um filme para quem busca entretenimento. É preciso estar ciente disso antes de entrar na sala de cinema e assistir a mais de duas horas de projeção repleta de experimentos estéticos – um conto de fadas adulto sombrio e perturbador.
Superficialmente inspirado na lenda alemã de Fausto e suas muitas adaptações, incluindo um romance de Yuri Arabov e a clássica peça de Goethe, a produção fez sua estreia no Festival de Veneza 2011 e levou o Leão de Ouro de Melhor Filme.
Em Fausto, Sokurov, que já havia brindado os amantes do cinema artístico de todo mundo em 2002 com ‘Arca Russa’, faz um versão muito particular – e um tanto prolixa, do mito usando e abusando de distorções de lente e outros truques estilísticos que lhes são peculiares. As cenas são filmadas em tons verde, palha e cinza.
Fausto (Johannes Zeiler) é um médico pobre que recorre ao agiota da cidade, um sujeito sinistro e assustador, interpretado com perfeição por Anton Adasinsky. Uma personificação do mal em cada movimento, fala e maneirismos grotescos. Apesar de sua avidez por conhecimento, o Fausto de Sokurov tem desejos muito mais mundanos que vão se tornando claros no desenrolar do filme.
Na maior parte da trama, Fausto segue o diabo num passeio de sonho pela cidade. Nesse interlúdio a câmera é uma ferramenta a serviço da estética desejada por Sokurov, gerando cenas que funcionam quase que como um fluxo de consciência. Os movimentos são constantes e os diálogos verborrágicos, o que faz o espectador querer compreender o alemão para poder prestar mais atenção às imagens, sempre muito fortes e representativas.
Fotografia impecável, figurino e cenografia perfeitos em sua composição e um final, gravado em meio a gêiseres vulcânicos da Islândia, é o ponto alto deste espetáculo feito para inebriar e incomodar a audiência. 
Uma obra impressionista sem dúvida, arte pura na tela de cinema. Apesar de fugir aos padrões a que estamos acostumados, vale a pena prestigiar. Afinal, não é todo dia nos deparamos com algo tão vigoroso e intenso.

Avaliação: ***

Read more...

Febre do Rato

País: Brasil
Ano: 2011
Gênero: Drama
Duração: 110 min
Direção: Cláudio Assis
Elenco: Irandhir Santos, Nanda Costa, Matheus Nachtergaele, Angela Leal, Maria Gladys, Conceição Camarotti, Mariana Nunes, Juliano Cazarré, Victor Araújo, Hugo Gila e Tânia Granussi.

Sinopse: Febre do Rato é uma expressão popular típica da cidade do Recife que designa alguém quando está fora de controle, alguém que está danado. E é assim que Zizo (Irandhir Santos), um poeta inconformado e de atitude anarquista, chama um pequeno tablóide que ele publica com o próprio dinheiro. Na cidade úmida e escaldante, enfiada na beira de mangues e favelas, Zizo alimenta sua pena, seu sarcasmo, sua grossa ironia. As coisas caminham de maneira descontrolada, mas ao mesmo tempo todas as relações estão estabelecidas em cima do mundo que Zizo criou e alimentou para si mesmo.

Curiosidade: grande vencedor do Festival de Paulínia de 2011, sendo premiado em oito categorias: Melhor Filme Ficção - Júri Oficial, Melhor Filme - Prêmio da Crítica, Melhor Ator (Irandhyr Santos), Melhor Atriz (Nanda Costa), Melhor Fotografia (Walter Carvalho), Melhor Montagem (Karen Harley), Melhor Direção de Arte (Renata Pinheiro) e Melhor Trilha Sonora (Jorge Du Peixe).

Crítica: Cláudio Assis aposta na ousadia e na criatividade em seu novo longa e o resultado é um filme passional, intenso e forte.
Conta a história de Zizo (Irandhir Santos, impecável), um poeta marginal e libertário de Recife. Ele publica o tabloide anarquista que dá nome ao longa, escreve poesia para os amigos – como o casal Pazinho (Mateus Nachtergaele) e a travesti Vanessa (Tânia Moreno) – e faz sexo com Stellamaris (Maria Gladys) e Anja (Conceição Camaroti), mulheres distantes dos padrões impostos pela ditadura da beleza. Suas convicções de artista inconformista ameaçam desfazer-se quando cruza o caminho de Eneida (Nanda Costa), jovem de espírito livre que resiste às suas investidas e mexe com sua vaidade.
A história é ambientada numa Recife belamente fotografada em preto-e-branco, palco de típicos problemas urbanos, como favelas rivalizando com arranha-céus opulentos e poluição e barulho sufocando a vida dos moradores. O poeta, ao divulgar cada nova edição do seu periódico, grita pelos alto-falantes de uma velha variant: "Vocês sabem o barulho que essa cidade tem. Vocês sabem o gosto. O cheiro."
Apesar do engajamento de Zizo reverberar na tela, o filme não tem um tom panfletário, muito em função do equilíbrio do roteiro. É nítido que a trama foi trabalhada nos mínimos detalhes para compor uma obra hamoniosa. Aqui não se confunde anarquia temática com desordem ou bagunça no processo de produção.
Existem inúmeras cenas ousadas e outras que transitam no limite do escândalo, todas muito bem encenadas, enquadradas, chocantes e dramáticas. Há, inclusive, uma sequência explícita filmada de cima de um ménage à trois.
Febre do Rato é o terceiro longa-metragem do cineasta. Os outros foram ‘Amarelo Manga’, lançado no Festival de Brasília de 2002, e ‘Baixio das Bestas’, de 2007. Choca, surpreende e não cerceia liberdades nem julga comportamentos.

Avaliação: ***

Read more...

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Mamute (Mammuth)

País: França
Ano: 2010
Gênero: Comédia dramática 
Duração: 92 min
Direção: Gustave Kervern e Benoît Delépine
Elenco: Gérard Depardieu, Yolande Moreau, Anna Mouglalis e Isabelle Adjani.

Sinopse: Serge Pilardosse (Gérard Depardieu) precisa reunir 10 comprovantes de trabalho para que enfim possa se aposentar. Ele decide partir com sua moto dos anos 70 no intuito de encontrar seus antigos empregadores, de forma a obter os papéis que ainda faltam. Nesta viagem ele reencontra mais do que antigos locais de trabalho, mas também velhos amigos, parentes e o fantasma de seu grande amor, que o assombra desde sua morte em um acidente de moto.

Crítica: a estrela Gérard Depardieu (inteiramente absorvido pelo personagem) brilha no filme Mamute (cujo nome deve-se ao modelo da moto que ele possui), onde nada é comum: narrativa, tomadas, situações, imagens e personagens. Mesmo as situações mais surreais ou esdrúxulas não caem no ridículo. São transmitidas com maturidade e sabedoria.
Aliás, de comum apenas o homem que se sente sem rumo após a chegada da aposentadoria. Ao iniciar sua busca, depara-se com locais em que passou a infância, as lembranças de um grande amor, situações nunca vividas, pessoas com quem nunca mais teve contato e surpresas boas e ruins.
Não é uma obra para qualquer plateia, mas para quem aprecia a arte de fazer cinema. É sensível, é profundo e é positivo. 

Avaliação: ***

Read more...

Jack e Chloe – Um Amor por Acaso (Jusqu'à Toi)

País: Canadá/França
Ano: 2009
Gênero: Comédia romântica
Duração: 80 min
Direção: Jennifer Devoldere
Elenco: Justin Bartha, Mélanie Laurent, Billy Boyd, Eric Berger, Géraldine Nakache, Jackie Berroyer, Maurice Benichou e Valérie Benguigui.

Sinopse: Jack (Justin Bartha) ganha uma viagem para Paris, depois de ser abandonado por sua namorada. No desembarque, ele perde sua mala, que vai parar nas mãos de Chloe (Mélanie Laurent). Ela, ao abrir a mala, fica encantada com os pertences de Jack (especialmente seus sapatos) e parte em sua busca para conhecê-lo.

Crítica: comédia romântica geralmente traz uma série de clichês. "Jack e Chloe" não foge à regra.
Mas a trama é criativa, bem-humorada e conduzida de forma razoável (apesar de alguns acontecimentos rápidos demais). A maior força da história está mesmo nos personagens, bastante cativantes. Vale também destacar a bela trilha sonora.
Descompromissado, leve, romântico. Por que não assistir?

Avaliação: ***

Read more...

domingo, 8 de julho de 2012

Além da Liberdade (The Lady)

País: França
Ano: 2011
Gênero: Drama
Duração: 127 min
Direção: Luc Besson
Elenco: Michelle Yeoh, David Thewlis, William Hope, Jonathan Raggett, Jonathan Woodhouse, Susan Wooldridge, Benedict Wong, Flint Bangkok, Guy Barwell e Sahajak Boonthanakit.

Sinopse: Uma história de amor épica sobre um casal extraordinário e seus sacrifícios para atingir felicidade e renúncia pessoal para uma causa maior. Aung San Suu Kyi (Michelle Yeoh) e Michael Aris (David Thewlis) mantém o amor apesar da distância que os separa e a hostilidade do regime ditatorial na Mianmar (Birmânia).

Crítica: baseado em fatos reais, cumpre mais do que seu papel cinematográfico. O roteiro bem planejado e dirigido expõe o conflito político em Mianmar ou Birmânia por meio do romance entre a birmanesa Aung San Suu Kyi e seu marido Michael Aris, com exceção apenas de não contar como eles de conheceram. Mas tendo em vista a dimensão do papel de Suu no contexto histórico, filha do herói nacional, revolucionário, nacionalista, general e político birmanês, Aung San (assassinado pouco antes da independência do país), tal lapso não enfraquece o longa.
Os principais fatos desde a morte do pai (qdo Suu tinha 2 anos) até ela tornar-se uma política de oposição birmanesa Prêmio Nobel da Paz em 1991 são bem relatados, com uma edição eficiente e concisa. Hoje, Suu é secretária-geral da Liga Nacional pela Democracia (LND).
A história, que mescla romance e drama, retrata a coragem e o sacrifício da birmanesa. A atuação dos protagonistas é bastante realista. Apenas alguns coadjuvantes deixam a desejar, mas nada que tire o brilho e a força da obra, bela e comovente.

Avaliação: ***

Read more...

Bilheterias Brasil - TOP 10

Seguidores

  © Blogger templates Newspaper III by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP