País: EUA
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 137 min
Direção: Walter Salles
Elenco: Kristen Stewart, Amy Adams, Viggo Mortensen, Kirsten Dunst, Garrett Hedlund, Alice Braga e Sam Riley.
Sinopse: Nova York, final dos anos 40. Sal Paradise (Sam Riley) é um homem comum, que vive em Nova Jersey e conhece o jovem libertário Dean Moriarty (Garrett Hedlund), um andarilho alucinante de Denver, e sua namorada Marylou (Kristen Stewart), de 16 anos. A personalidade magnética do recém-chegado conquista Sal e juntos partem para conhecer os Estados Unidos numa jornada de autoconhecimento.
Curiosidade: Gus Van Sant e Francis Ford Coppola tentaram fazer a adaptação.
Baseado na obra do escritor norte-americano Jack Kerouac.
Crítica: A adaptação cinematográfica do cultuado livro On the Road (conhecido também como a Bíblia Hippie) é inconstante, em sintonia com a obra de Jack Kerouac, de seus personagens, que vagam sem rumo certo.
Apesar da estranheza, Walter Salles tem êxito ao capturar e prender a atenção do espectador ao longo do filme, mesmo que esse se sinta por vezes contrariado. O cineasta fez o que deveria ser feito, mesmo correndo os riscos inevitáveis de levar as telas uma obra difícil de adaptar.
Para encarar a empreitada de transpor On the Road para as telas mais de meio século depois de seu lançamento, Salles não poupou esforços em se inteirar de tudo e de todos que compuseram o cenário conhecido como “beat” – o resultado da exaustiva pesquisa, por sinal, vai se transformar em documentário a ser lançado no futuro.
Ambientado na América do fim dos anos 40 e do início dos anos 50, a trama mostra as desventuras e experimentações lisérgicas de Sal Paradise (Sam Riley), alter ego de Jack Kerouac, que constrói uma amizade improvável com o ex-presidiário Dean Moriaty, representado pelo excelente ator Garrett Haedlund – este, melhor que ninguém no filme, pareceu entender que seu personagem representa o melhor e o pior que o sonho americano tem a oferecer. O rapaz dá um show. Juntos, atravessam os Estados Unidos ao lado de Marylou (Kristen Stewart), jovem pronta a assumir quaisquer riscos e disposta a experimentações, apesar de se mostrar menos inconsequente que seus parceiros masculinos.
Ao longo de sua travessia, o trio faz encontros fugazes com interessantes personagens: Viggo Mortensen dá vida a William S. Burroughs, poeta e assassino que serviu de modelo para o personagem de Bull Lee; Steve Buscemi é um homossexual enrustido travestido de conservador; e o jovem Tom Sturridge interpreta Carlo Marx, que representa o poeta da geração beat Allen Ginsberg.
‘Na Estrada’ é tão bom quanto poderia ser. Consegue estreitar laços com o público, mesmo com aqueles que não leram o livro, pois quem foi jovem um dia já pegou a estrada, mesmo que metaforicamente, ou sonhou em sair por aí sem rumo ou subvertendo a ordem.
Salles tem um forte senso de ambientação. Cada paisagem, bar, rodovia ou quarto barato de motel ganha o tom vibrante ou decadente apresentado no livro. Tudo ressaltado por uma excepcional fotografia e performances convincentes.
‘Na Estrada’ é sobre pessoas em busca de sensações, experiências, um way of life que ainda não havia sido codificado na cultura da época. Por não ter um propósito narrativo, assim como seus personagens que caminham a esmo, talvez canse um pouco a plateia. Mesmo assim, Walter Salles aventurou-se em um terreno experimental, assim como Kerouac fez em sua obra.
A liberdade sem propósito é a regra e a recusa das normas e imposições dos personagens de On the Road se tornaria o lema das gerações seguintes. Esta liberdade e inconformismo também teve seu preço para seus protagonistas, o que era inevitável.
Walter Salles foi à origem desse pensamento, desse comportamento anarquista, e realizou uma adaptação precisa sem se render a um modelo de narrativa mais palatável e atraente. Mas daí não seria uma do livro Kerouac. Desde que foi lançado, o longa vem colhendo elogios e reações frias na mesma proporção. Por isso mesmo, vá, assista e opine!
Avaliação: ***
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