quarta-feira, 18 de julho de 2012

Uma Longa Viagem

País: Brasil
Ano: 2011
Gênero: Documentário
Duração: 97 min
Direção: Lúcia Murat
Elenco: Caio Blat

Sinopse: a história de três irmãos. A linha dramática é dada pela história do caçula (Caio Blat), que vai para Londres em 1969, mandado pela família para que ele não entrasse na luta armada contra a ditadura no Brasil, seguindo os passos da irmã. Durante os nove anos em que viaja pelo mundo, ele escreve cartas. Em contraponto à entrevista e às cartas, os comentários em off da irmã, presa política que virou uma artista reconhecida e viaja pelo mundo, quase num processo inverso ao vivido pelo irmão, que de viajante livre foi obrigado a enfrentar algumas internações em hospitais psiquiátricos. No fundo, é um documentário que trabalha sobre a memória. Não somente pela forma como é feita a investigação, como também sobre o que motivou o filme: a morte do terceiro irmão.

Curiosidade: recebeu o Prêmio da Crítica de Melhor Documentário no Festival de Paulínia.  E foi vencedor de Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Direção de Arte, Prêmio do Júri Popular e Prêmio Estudantil no Festival de Gramado.

Crítica: o documentário, narrado em primeira pessoa pela diretora, busca reviver as próprias experiências e a de seus dois irmãos, Heitor e Miguel, durante os anos de chumbo, expondo os diferentes caminhos seguidos por eles, principalmente os dela e de Heitor. A produção é um tributo a Miguel, cuja morte incentivou a diretora a realizar o trabalho.
Para que o caçula não seguisse os passos da irmã e participasse do enfrentamento à ditadura militar, a mãe de Lúcia o enviou para Londres. Na Europa, Heitor vira uma espécie de mochileiro nômade, experimentando todos os tipos de drogas possíveis. Não há juízo de valor sobre as distintas escolhas feitas pelos irmãos, que são tratadas no longa como posicionamentos pessoais diante de um momento político e cultural conturbado.
As experiências de Heitor envolvendo drogas e situações bizarras vividas em lugares obscuros são hilárias e divertem o espectador. Avançando pelo terreno ficcional, a produção conta com a presença de Caio Blat declamando as cartas enviadas por Heitor à sua família e o interpretando. Uma interpretação realista que se alia a imagens de arquivos e excelentes depoimentos do próprio Heitor, hoje vítima de esquizofrenia.
A mescla funciona a contento e faz uma boa conexão entre a história real e a história encenada. Mas se alguém quer saber um pouco mais sobre a época da ditadura, vale lembrar que quase toda a obra é mesmo sobre as aventuras de Heitor no exterior e as trocas de correspondências entre ele e os irmãos, Miguel e Lúcia. 

Avaliação: ***

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