Fausto
País: Rússia
Ano: 2011
Gênero: Drama
Duração: 134 min
Direção: Alexandr Sokurov
Elenco: Johannes Zeiler, Anton Adasinskiy e Isolda Dychauk.
Sinopse: adaptação livre da tragédia homônima escrita por Johann Wolfgang Goethe, romance clássico da literatura alemã e que relata a tragédia do Dr. Fausto, que em uma busca incessante de conhecimento e poder faz um pacto com o demônio Mefistófeles.
Crítica: o filme do cineasta russo Aleksandr Sokurov exige paciência. Fora dos modelos comuns e convencionais, não é um filme para quem busca entretenimento. É preciso estar ciente disso antes de entrar na sala de cinema e assistir a mais de duas horas de projeção repleta de experimentos estéticos – um conto de fadas adulto sombrio e perturbador.
Superficialmente inspirado na lenda alemã de Fausto e suas muitas adaptações, incluindo um romance de Yuri Arabov e a clássica peça de Goethe, a produção fez sua estreia no Festival de Veneza 2011 e levou o Leão de Ouro de Melhor Filme.
Em Fausto, Sokurov, que já havia brindado os amantes do cinema artístico de todo mundo em 2002 com ‘Arca Russa’, faz um versão muito particular – e um tanto prolixa, do mito usando e abusando de distorções de lente e outros truques estilísticos que lhes são peculiares. As cenas são filmadas em tons verde, palha e cinza.
Fausto (Johannes Zeiler) é um médico pobre que recorre ao agiota da cidade, um sujeito sinistro e assustador, interpretado com perfeição por Anton Adasinsky. Uma personificação do mal em cada movimento, fala e maneirismos grotescos. Apesar de sua avidez por conhecimento, o Fausto de Sokurov tem desejos muito mais mundanos que vão se tornando claros no desenrolar do filme.
Na maior parte da trama, Fausto segue o diabo num passeio de sonho pela cidade. Nesse interlúdio a câmera é uma ferramenta a serviço da estética desejada por Sokurov, gerando cenas que funcionam quase que como um fluxo de consciência. Os movimentos são constantes e os diálogos verborrágicos, o que faz o espectador querer compreender o alemão para poder prestar mais atenção às imagens, sempre muito fortes e representativas.
Fotografia impecável, figurino e cenografia perfeitos em sua composição e um final, gravado em meio a gêiseres vulcânicos da Islândia, é o ponto alto deste espetáculo feito para inebriar e incomodar a audiência.
Uma obra impressionista sem dúvida, arte pura na tela de cinema. Apesar de fugir aos padrões a que estamos acostumados, vale a pena prestigiar. Afinal, não é todo dia nos deparamos com algo tão vigoroso e intenso.
Avaliação: ***
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