Um Olhar a Cada Dia (To vlemma tou Odyssea)
País: França/Grécia
Ano: 1995
Gênero: Drama
Duração: 178
min
Direção: Theo
Angelopoulos
Elenco: Erland
Josephson, Harvey Keitel e Maia Morgenstern.
Sinopse: um cineasta de origem grega exilado nos EUA
(Harvey Keitel) protagoniza uma epopeia através dos Balcãs. Ele volta à sua
cidade natal para uma mostra de seus filmes polêmicos, mas o que ele quer mesmo
é encontrar o primeiro filme rodado na Grécia no início do século, por
iniciativa dos irmãos Manakias. Tentando encontrar a produção, ele tem de
atravessar praticamente toda a região balcânica, inclusive alguns países em
guerra.
Crítica: o cineasta grego, que fez filmes difíceis de
se enquadrar em um determinado gênero, como O Apicultor (1986), Paisagem na
Neblina (1988) e A Eternidade e um Dia (1998) – que, aliás, lhe rendeu a Palma
de Ouro de Cannes –, aqui traz mais um trabalho diferente.
O ritmo é contemplativo e
concentra-se praticamente em um único personagem, o cineasta (vivido por Harvey
Keitel) exilado que volta para a sua Grécia (depois de 35 anos) em busca do
primeiro filme nacional, dos irmãos Manakias, que filmavam tudo e todos. Nada o
impedirá de atravessar os Balcãs, atravessando a fronteira até a Macedônica e,
depois, seguindo para Sarajevo, na Bósnia-Herzegovina, onde a película estaria
com um amante do cinema em uma espécie de esconderijo protegido da guerra que
ocorre no país. Nessa busca, o enredo dá espaço a uma busca interior também.
O enredo é politizado.
Mostra o horror da guerra motivado por ditaduras, as diferenças nacionalistas e
étnicas, a pobreza, a melancolia, a tristeza e a morte.
A narrativa foge do padrão
e mistura ficção e realidade, memória pessoal e coletiva, teatro e cinema.
Os planos-sequência são
longos, e alguns são belos e marcantes, como por exemplo, o encontro dos
manifestantes com os policiais logo no início do filme; a velhinha deixada
sozinha numa rua de uma cidade albanesa; o fabuloso baile de ano novo que narra,
de forma criativa, os acontecimentos no decorrer dos anos, em virtude das
guerras; a aparição da estátua de Lenin, seguida da linda sequência da estátua
sendo transportada numa balsa num rio, e observada da margem pelo povo curioso;
e a interessante conversa de Harvey Keitel (o cineasta) com Erland Josephson (o
portador dos filmes perdidos) quando este concorda em restaurá-los. É realmente
comovente.
Avaliação:
***
0 comentários:
Postar um comentário