segunda-feira, 20 de março de 2017

A 13a Emenda (The 13hTh)

País: EUA
Ano: 2016
Gênero: Documentário
Duração: 110 min
Direção: Ava DuVernay
Elenco: Michelle Alexander, Angela Davis, Cory Booker e Jelani Cobb.

Sinopse: documentário que discute a décima terceira emenda à Constituição dos Estados Unidos - "Não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito a sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente condenado" - e seu terrível impacto na vida dos afro-americanos. 

Crítica: o preconceito é uma questão de imagem, e a cineasta apresenta o clássico racista “O Nascimento de uma Nação” (1915) como mito fundador da concepção do negro bestial, ladrão e agressivo. A 13a Emenda da Constituição, que prevê o fim da escravidão e a liberdade para todos os cidadãos, faz uma ressalva para pessoas que cometeram crimes. Estas não têm direito à liberdade, tornando-se “escravas do Estado”. Assim, a trajetória das pessoas negras no país está intimamente associada ao crescimento dos interesses conservadores no encarceramento em massa e na exploração econômica das prisões privadas. Eis a premissa do longa.
São 110 minutos de uma incrível quantidade de documentos, depoimentos, números e imagens de arquivo. O objetivo é mostrar o que não pode mais ser ignorado. A montagem é bem feita, costurando depoimentos e cenas. Mas a direção peca ao não ter um foco mais específico. Por exemplo, para mais da metade do filme, surge um caso bem interessante de um rapaz que foi preso por 3 anos (inocente), ao se recusar fazer um acordo para assumir um crime que não cometeu.
A denúncia é grave. Vários casos assim são continuamente repetidos nos Estados Unidos. E o sistema carcerário é crue e violento. Os jovens não conseguem lidar com a pressão e muitos perdem totalmente a esperança e não enxergam uma saída. Este jovem acabou tirando a própria vida. Daí poderia ter partido o filme, usando casos recentes de abuso de poder dos policiais, agredindo e matando jovens negros. Porém, até chegar a esse ponto do documentário, foram tantas informações e dados que o conteúdo já se tornou maçante.
O problema do racismo existe e é urgente alertar a sociedade sobre o mal que isso causa a inúmeras pessoas inocentes e suas famílias, sobretudo ao se associar a população negra à criminalidade. Mas, para atingir o público, que é uma das finalidades primordiais do cinema, é preciso saber dosar os recursos disponíveis e selecionar o que é contundente. Caso contrário, muito do que é falado não tem o merecido acolhimento por parte do espectador.  
Vale uma ressalva: na busca da persuasão e de encontrar um culpado pela situação atual, alguns pontos de vista não são totalmente conclusivos. Um documentário precisa se sustentar com estatísticas e registros totamente estabelecidos.
De qualquer maneira, o debate (professores e pesquisadores convidados para discorrer sobre o tema) acerca do encarceramento massivo de negros e do governo criar penas mais fortes aos jovens desfavorecidos é extremamente válido. A maioria negra, desproporcionalmente representada nas prisões norte-americanas, continua controlada pela maioria branca do Congresso e do Senado. 

Avaliação: **

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