segunda-feira, 20 de março de 2017

Jonas e o Circo sem Lona

País: Brasil
Ano: 2017
Gênero: Documentário
Duração: 81 min
Direção: Paula Gomes
Elenco: -

Sinopse: aos 13 anos de idade, Jonas é filho e neto de artistas de circo. O garoto tem seu próprio circo improvisado, frequentado pelos moradores do pobre bairro onde vive, na Bahia. É ele quem coordena os números, prepara os figurinos, a música e controla os ingressos. Jonas pretende abandonar a escola para se juntar ao tio e viver num circo itinerante, mas a mãe prefere que ele permaneça na escola. No meio desta briga, ele descobre as dificuldades da vida adulta. 

Crítica: o retrato de um garoto baiano de 13 anos, vindo de uma família de artistas de circo, com bons registros naturais e singelos da infância, ainda que se notem algumas falas de caráter encenado ou de versão melhorada.
A narrativa contemplativa flui bem acompanhando Jonas, que nunca dá entrevistas olhando para a câmera. Seguimos seu olhar (e sua expressões) animado e esperançoso com o circo que tanto ama e, depois, desanimado quando nem todos os garotos continuam sonhando como ele. É compreensível, já que, afinal, o sonho, na verdade, é só dele. Para os outros, era uma brincadeira de férias, enquanto Jonas quer prosseguir. É interessante vê-lo conversando com a avó e vendo as fotos da época em que ela atuava no circo. É uma interação verdadeira.
Jonas tem um talento nato – o que é indiscutível: cria números, dança, faz malabarismo, arquiteta o palco, constrói a catraca para a bilheteria. Tem mesmo uma noção do que é um espaço para o circo e os números que devem ser apresentados. Mas sua mãe, que também trabalhou no circo, sabe das dificuldades e quer um futuro melhor para seu filho. O tio é do circo e a mãe, de forma inteligente, mostra para a cineasta que os meninos que lá estão com ele largaram os estudos. Acabam não conciliando a escola e a arte.
As reflexões de Jonas nos comovem e nos chocam pela sinceridade. Ele sabe que está só, como diz. E faz questionamentos sobre o que estuda na escola, sobre o porquê da mãe não incentivá-lo agora e, inclusive, sobre a razão de continuar fazendo um filme sobre ele, sendo que o circo não existe mais porque seus colegas o deixaram e, portanto, está sem uma equipe.
Ele ser a atração para uma filmagem incomoda até a diretora da escola, que diz que ele não quer compromisso com os estudos e que se comporta de forma diferente quando não está diante das câmeras.
Os conflitos de Jonas entre o sonho e a realidade nos entristece, pois é difícil quando não há condições econômicas, socais ou psicológicas para tentar um caminho que, naquele momento, parece ser o mais acertado. Mais adiante, ele verá se foi melhor assim ou não. E talvez seu pequeno circo um dia se torne grande. 

Avaliação: ***
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