À Espera de Turistas (Am Ende kommen Touristen)
País: Reino Unido/Polônia/Alemanha
Ano: 2007
Gênero: Drama
Duração: 85 min
Direção: Robert Thalheim
Elenco: Alexander Fehling, Ryszard Ronczewski, Barbara Wysocka e Piotr Rogucki.
Sinopse: um jovem alemão presta serviços voluntários no museu de Auschwitz e também cuidando de um sobrevivente do campo de concentração, um senhor teimoso que o trata com arrogância e impaciência. Mas sua vida ganha novo sentido ao se envolver com uma intérprete.
Crítica: a Segunda Guerra já rendeu mais filmes do que se pode imaginar, mas, vez ou outra, um cineasta trata da questão por um ponto de vista peculiar. É o caso de “À Espera de Turistas”, que expõe com muita simplicidade a relação entre um jovem alemão e um idoso polonês sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, um dos maiores e mais cruéis do regime nazista.
Quando decide prestar serviços sociais na região de Auschwitz em uma alternativa para fugir do serviço militar em seu país, o jovem Sven (Alexander Fehling) vê-se incumbido de realizar pequenos trabalhos para o sr. Krzeminski (Ryszard Ronczewski), um octogenário que se recusa a sair do campo, onde fica o museu em homenagem aos mortos pelo Holocausto.
Enquanto auxilia o polonês com atividades como compras de supermercados, reparos no dormitório e serviços de motorista para pequenas palestras ministradas aos turistas (com detalhes que só um sobrevivente é capaz de oferecer), Sven se sente descolado em uma região onde é visto como eterna persona non grata. A ironia de prestar serviços sociais a poloneses em nome do Exército Alemão faz com que o deboche dos poloneses que o rodeiam seja inevitável.
Para distrair-se nas suas horas de folga, vai a shows e passeia por pontos históricos que se dedicam, obviamente, à tragédia que assolou o local há mais de 70 anos. Em uma de suas saídas, conhece Ania (Barbara Wysocka), com quem se envolverá em um relacionamento amoroso, e em uma relação não muito amistosa com o irmão dela, Krzysztof (Piotr Rogucki).
As atuações são ótimas, inclusive a da simpática irmã de Krzeminski, Zofia (Halina Kwiatkowska), que surge na trama a fim de ajudar o irmão, tentando levá-lo para morar com ela, em sua casa no campo.
Além de expor o desconforto de duas nações separadas e unidas pela Segunda Guerra, o longa trata da questão com delicadeza e humanidade. Esforça-se em seu roteiro, com frases pontuais, poucos diálogos, mas fortes, talvez para dar margem a interpretações ou, simplesmente, por explicitar ainda mais a questão difícil de conviver até hoje. Apesar de bastante enxuta, a trama cativa e agrada. Mantém o distanciamento necessário para evitar opiniões e julgamentos.
As cicatrizes da guerra estão em seus protagonistas, seja em Krzeminski, que viveu diante do horror, seja em Sven, que carrega nas costas o peso de um passado da qual não fez parte, porém tem de carregar nas costas. E, assim, a obra reforça a questão de que o passado, por mais difícil que seja, deve ser lembrado para que não se repita.
Avaliação: ***
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