sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O Clube (El Club)

País: Chile
Ano: 2015
Gênero: Drama
Duração: 97 min
Direção: Pablo Larraín
ElencoAlfredo Castro, Roberto Farías, Antonia Zegers, Jaime Vadell, Alejandro Goic, Marcelo Alonso, José Soza e Francisco Reyes.

Sinopse: um grupo eclético de sacerdotes convive com Mónica, uma freira, em uma casa na costa chilena. Quando não estão orando e expiando seus pecados, eles treinam seu cachorro para a próxima corrida. O que será que os levou até ali, praticamente no meio do nada, onde o vento sopra forte frequentemente? Quando um novo sacerdote se muda para lá, um homem começa a lhe fazer fortes acusações. Sua voz aumenta mais e mais até que um tiro soa. O padre evita as acusações dizendo ser suicídio. A igreja envia um investigador, mas será que ele realmente tem a intenção de descobrir a verdade ou apenas garantir que a aparência santa seja mantida?

Crítica: complicado definir ou qualificar o filme de Pablo Larraín: devastador, inquietante, voraz. Partindo da premissa de para onde vão os padres pedófilos e que cometem outros crimes, como cumplicidade em tortura e participação em adoção ilegal, o longa não poupa palavras (é seco, direto e perturbador) para expor duramente a verdade.
Todos os personagens são fortes e marcantes (com atuações espetaculares). Em uma casa, aparentemente calma, vivem cinco homens e uma mulher. A chegada de outro padre e o aparecimento de um morador da cidade vão desencadear muitos sentimentos antes guardados.
Um outro padre chega, mas por razões distintas do anterior. O mistério, o suspense e o temor estão sempre no ar.
Um dos méritos da trama está em instigar a imaginação do espectador. A partir da cena inicial, Larraín prefere sugerir atrocidades a mostrá-las em tela, deixando ao público a responsabilidade de construir mentalmente as suas próprias imagens. Este recurso torna o espectador, ativo, participativo, e faz com que compartilhe o desconforto dos personagens. Como um bom livro, o roteiro é econômico nos fatos, mas riquíssimo nas descrições, na atmosfera, nas sugestões, contribuindo para a antecipação do embate entre os personagens.
O elemento da culpa também é trabalhado em profundidade. A noção de arrependimento e de redenção, fundamentais à doutrina católica, ganha contornos problemáticos quando aplicada aos padres e à própria Igreja, que realmente acreditam na justificativa para seus atos monstruosos.
No caso, a Igreja tem vergonha desses padres, mas não consegue abandoná-los por completo, financiando o seu exílio e comprando o seu silêncio. Mesmo o novo padre, moralista, se cala diante dos crimes para não “sujar a imagem da Igreja”. Quanto aos próprios moradores da casa/internato, muitos deles sequer se consideram culpados.
Preconceito, fobia, valores deturpados, tudo está ali. Um filme difícil de digerir e de esquecer, mas necessariamente revelador e, portanto, fundamental.

Avaliação: ****

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