O Clube (El Club)
País: Chile
Ano:
2015
Gênero: Drama
Duração: 97
min
Direção: Pablo
Larraín
Elenco: Alfredo Castro, Roberto Farías, Antonia Zegers, Jaime
Vadell, Alejandro Goic, Marcelo Alonso, José Soza e Francisco Reyes.
Sinopse: um grupo eclético de sacerdotes convive com
Mónica, uma freira, em uma casa na costa chilena. Quando não estão orando e expiando
seus pecados, eles treinam seu cachorro para a próxima corrida. O que será que
os levou até ali, praticamente no meio do nada, onde o vento sopra forte
frequentemente? Quando um novo sacerdote se muda para lá, um homem começa a lhe
fazer fortes acusações. Sua voz aumenta mais e mais até que um tiro soa. O
padre evita as acusações dizendo ser suicídio. A igreja envia um investigador,
mas será que ele realmente tem a intenção de descobrir a verdade ou apenas
garantir que a aparência santa seja mantida?
Crítica: complicado definir ou qualificar o filme de Pablo
Larraín: devastador, inquietante, voraz. Partindo da premissa de para
onde vão os padres pedófilos e que cometem outros crimes, como cumplicidade em
tortura e participação em adoção ilegal, o longa não poupa palavras (é seco, direto e perturbador) para expor
duramente a verdade.
Todos os personagens são
fortes e marcantes (com atuações espetaculares). Em uma casa, aparentemente calma,
vivem cinco homens e uma mulher. A chegada de outro padre e o aparecimento de
um morador da cidade vão desencadear muitos sentimentos antes guardados.
Um outro padre chega, mas
por razões distintas do anterior. O mistério, o suspense e o temor estão sempre
no ar.
Um dos méritos da trama
está em instigar a imaginação do espectador. A partir da cena inicial, Larraín prefere
sugerir atrocidades a mostrá-las em tela, deixando ao público a
responsabilidade de construir mentalmente as suas próprias imagens. Este
recurso torna o espectador, ativo, participativo, e faz com que compartilhe o
desconforto dos personagens. Como um bom livro, o roteiro é econômico nos
fatos, mas riquíssimo nas descrições, na atmosfera, nas sugestões, contribuindo
para a antecipação do embate entre os personagens.
O elemento da culpa também
é trabalhado em profundidade. A noção de arrependimento e de redenção,
fundamentais à doutrina católica, ganha contornos problemáticos quando aplicada
aos padres e à própria Igreja, que realmente acreditam na justificativa para seus
atos monstruosos.
No caso, a Igreja tem
vergonha desses padres, mas não consegue abandoná-los por completo, financiando
o seu exílio e comprando o seu silêncio. Mesmo o novo padre, moralista, se cala
diante dos crimes para não “sujar a imagem da Igreja”. Quanto aos próprios
moradores da casa/internato, muitos deles sequer se consideram culpados.
Preconceito, fobia, valores
deturpados, tudo está ali. Um filme difícil de digerir e de esquecer, mas
necessariamente revelador e, portanto, fundamental.
Avaliação:
****
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