sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Sicario

País: EUA
Ano: 2015
Gênero: Suspense, policial
Duração: 122 min
Direção: Denis Villeneuve
Elenco: Emily Blunt, Benicio Del Toro, Josh Brolin, Jon Bernthal, Daniel Kaluuya, Victor Garber, Jeffrey Donovan e Maximiliano Hernandez.

Sinopse: a CIA está preparando uma audaciosa operação para deter o grande líder de um cartel de drogas mexicano. Kate Macy (Emily Blunt), policial do FBI, decide participar da ação, mas logo descobre que terá de testar todos os seus limites morais e éticos nesta missão.

Crítica: Sicario é um bom filme. Tecnicamente bem feito, bem interpretado e bem dirigido, trata com competência as dúvidas morais existentes na atual conjuntura política e diplomática orquestrada pelos Estados Unidos.
A história gira em torno da agente do FBI Kate Macy, que logo de início participa de uma operação onde descobre, escondidos atrás das paredes de uma casa, dezenas de corpos. Sua dedicação e revolta diante da situação faz com que seja convidada a integrar uma equipe multiorganizacional, que tem por missão capturar um chefão do crime mexicano. É quando, aos poucos, Kate percebe que sua crença no que prega a lei nem sempre é levada tão ao pé da letra assim.
Sicario aborda com propriedade a postura norte-americana de fazer justiça a todo custo, sem se importar com os meios necessários. A representação maior deste ideal pós-George W. Bush é o personagem de Josh Brolin, sempre debochado em relação às constantes menções de Emily Blunt sobre o que é correto ou não de ser feito. Na verdade, a função maior de Blunt é justamente ser este contraponto moral, que a todo instante relembra os demais personagens (e o espectador) sobre o contexto envolvido. Por mais que esteja sempre participando diretamente dos principais fatos ocorridos, ela não é de fato essencial para que os mesmos aconteçam. Tamanha irrelevância é parcialmente corrigida na reta final, quando surge uma justificativa burocrática para sua presença. Mas, ao analisar a grandiosidade de todo o planejamento e o que envolvia, fica difícil acreditar que apenas isto seja suficiente para trazê-la à operação.
Independente desta questão, Sicario incomoda por, em algumas cenas, manipular claramente o espectador. Seja através de estereótipos envolvendo o povo mexicano ou, principalmente, na cena do engarrafamento, onde os bandidos são facilmente reconhecíveis. Tal obviedade auxilia o roteiro, já que não é necessário um esforço maior para situar os vilões da história, mas também o simplifica bastante. Para um filme que conta com uma grande operação silenciosa ocorrendo nos bastidores, posteriormente revelada com toda a pompa necessária, trata-se de um detalhe que incomoda justamente por ser considerada menor diante do todo, como se os próprios vilões enfrentados tivessem menos importância.
Por outro lado, é importante louvar o belo trabalho técnico da produção. Dennis Villeneuve já provou em trabalhos anteriores (como por exemplo, Os Suspeitos) que sabe dirigir momentos de tensão, e aqui mais uma vez comprova isso. As sequências da invasão pelos túneis e a do próprio engarrafamento são de tirar o fôlego. Outro destaque do longa-metragem é o elenco, especialmente Emily Blunt, Josh Brolin e Benicio del Toro (este brilha pelo seu característico olhar abrutalhado de raiva).
Entretanto, certas falhas de roteiro fazem com que o filme, que tanto fala da dubiedade moral nos Estados Unidos, também assuma uma postura questionável perante o próprio universo que apresenta, como se ele próprio também tivesse algo a dissimular.

Avaliação: ***

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