Sicario
País: EUA
Ano:
2015
Gênero: Suspense,
policial
Duração: 122
min
Direção: Denis
Villeneuve
Elenco: Emily Blunt, Benicio Del Toro, Josh Brolin,
Jon Bernthal, Daniel Kaluuya, Victor Garber, Jeffrey Donovan e Maximiliano
Hernandez.
Sinopse: a CIA está preparando uma audaciosa operação
para deter o grande líder de um cartel de drogas mexicano. Kate Macy (Emily
Blunt), policial do FBI, decide participar da ação, mas logo descobre que terá
de testar todos os seus limites morais e éticos nesta missão.
Crítica: Sicario é um bom filme. Tecnicamente bem
feito, bem interpretado e bem dirigido, trata com competência as dúvidas morais
existentes na atual conjuntura política e diplomática orquestrada pelos Estados
Unidos.
A história gira em torno da
agente do FBI Kate Macy, que logo de início participa de uma operação onde
descobre, escondidos atrás das paredes de uma casa, dezenas de corpos. Sua
dedicação e revolta diante da situação faz com que seja convidada a integrar
uma equipe multiorganizacional, que tem por missão capturar um chefão do crime
mexicano. É quando, aos poucos, Kate percebe que sua crença no que prega a lei
nem sempre é levada tão ao pé da letra assim.
Sicario aborda com
propriedade a postura norte-americana de fazer justiça a todo custo, sem se
importar com os meios necessários. A representação maior deste ideal pós-George
W. Bush é o personagem de Josh Brolin, sempre debochado em relação às
constantes menções de Emily Blunt sobre o que é correto ou não de ser feito. Na
verdade, a função maior de Blunt é justamente ser este contraponto moral, que a
todo instante relembra os demais personagens (e o espectador) sobre o contexto
envolvido. Por mais que esteja sempre participando diretamente dos principais
fatos ocorridos, ela não é de fato essencial para que os mesmos aconteçam.
Tamanha irrelevância é parcialmente corrigida na reta final, quando surge uma
justificativa burocrática para sua presença. Mas, ao analisar a grandiosidade
de todo o planejamento e o que envolvia, fica difícil acreditar que apenas isto
seja suficiente para trazê-la à operação.
Independente desta questão,
Sicario incomoda por, em algumas cenas, manipular claramente o espectador. Seja
através de estereótipos envolvendo o povo mexicano ou, principalmente, na cena
do engarrafamento, onde os bandidos são facilmente reconhecíveis. Tal obviedade
auxilia o roteiro, já que não é necessário um esforço maior para situar os
vilões da história, mas também o simplifica bastante. Para um filme que conta
com uma grande operação silenciosa ocorrendo nos bastidores, posteriormente
revelada com toda a pompa necessária, trata-se de um detalhe que incomoda
justamente por ser considerada menor diante do todo, como se os próprios vilões
enfrentados tivessem menos importância.
Por outro lado, é
importante louvar o belo trabalho técnico da produção. Dennis Villeneuve já
provou em trabalhos anteriores (como por exemplo, Os Suspeitos) que sabe
dirigir momentos de tensão, e aqui mais uma vez comprova isso. As sequências da
invasão pelos túneis e a do próprio engarrafamento são de tirar o fôlego. Outro
destaque do longa-metragem é o elenco, especialmente Emily Blunt, Josh Brolin e
Benicio del Toro (este brilha pelo seu característico olhar abrutalhado de
raiva).
Entretanto, certas falhas
de roteiro fazem com que o filme, que tanto fala da dubiedade moral nos Estados
Unidos, também assuma uma postura questionável perante o próprio universo que
apresenta, como se ele próprio também tivesse algo a dissimular.
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