A Ilha do Milharal (Simindis kundzuli)
País: Geórgia/França/Casaquistão/Alemanha/República
Tcheca
Ano:
2015
Gênero: Drama
Duração: 101
min
Direção: George
Ovashvili
Elenco: İlyas
Salman, Mariam Buturishvili e Irakli Samushia.
Sinopse: um velho camponês (İlyas Salman) se muda,
com sua neta (Mariam Buturishvili) para uma pequena e deserta ilha no meio do
rio Enguri, para plantar milho. O rio separa a Geórgia da Abecásia (Abkhazia) e já foi
cenário de sangrentas lutas. Como soldados ainda surgem na região, o clima é
de tensão. O rio cria e o rio destrói, em um ciclo eterno do qual ninguém
pode escapar.
Crítica: é um filme belo, sensível e diferente. Aqui, o
local e a estação do ano são os protagonistas da historia. São esses fatores
que conduzirão os acontecimentos, são o motor que movem a rotina que se repete.
A câmera é certeira ao retratar
cada particularidade na vida de um avô (Ilyas Salman) e sua neta (Mariam
Buturishvili) que vivem sob uma ilha que pode ser inundada assim que as chuvas
se iniciarem. Enquanto isso, precisam aproveitar o bom tempo e produzir. Aos
poucos, nasce uma casa (são trazidas madeiras no barco em várias viagens), depois
o milharal. O mínimo detalhe nesse filme retrata muito.
De vez em quando, o sossego
é perturbado por militares, de lados opostos, que passam pelo rio.
São raros os diálogos. As
cenas dialogam e os olhares contam. Avô e neta estão ilhados, frente à rotina
inanimada dos anos e frente a uma guerra que não é deles.
Para entender melhor o solo
em que se passa a história: o rio Enguri forma a fronteira entre a Geórgia e a
República separatista da Abecásia. Toda primavera, o rio leva o solo fértil do
Cáucaso até as planícies da Abecásia e do noroeste da Geórgia, criando pequenas
ilhas, pequenas terras de ninguém.
O diretor georgiano George
Ovashvili investe na imagem enquanto narração visual que dá conta de quase todo
o filme. As imagens pausadas tem função de contemplação. Geralmente planos
abertos e aéreos desvelam o espaço tempo que se confunde nesse meio em que
trabalho é progresso, faça chuva ou faça sol. A natureza em volta dá beleza às
margens do rio, os sons locais favorecem a ambientação e as ações rotineiras
carentes de diálogos nos colocam como testemunhas da semeadura que implica
diretamente na transformação da menina, uma adolescente percebendo mudanças em
seu corpo e em seus interesses. Toda essa simbologia é retratada de forma bem
sensível.
Os diálogos pontuais e os
gestos precisos fundamentam a trama; estes são breves, porém suficientes para esboçar
o sentido de vivência e de idealizações por mudanças: a oportunidade de estudo
da menina, por exemplo. É uma vida difícil. A cena inicial e a final são
fundamentais para entender o ciclo que é mostrado.
Avaliação:
****
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