domingo, 14 de fevereiro de 2016

Os Irmãos Lobo (The Wolfpack)

País: EUA
Ano: 2015
Gênero: Documentário
Duração: 89 min
Direção: Crystal Moselle
Elenco: -

Sinopse: seis brilhantes irmãos adolescentes passaram suas vidas inteiras trancados, longe da sociedade, em um conjunto habitacional em Manhattan. Tudo o que eles sabem do mundo é adquirido através dos filmes que assistem obsessivamente. Contudo, à medida que a adolescência se aproxima, eles sonham em fugir cada vez mais.

Crítica: o tema do documentário, por si só, é bastante inusitado: seis irmãos adolescentes e 1 irmã menor foram criados dentro de um apartamento, saindo pouquíssimas vezes de casa em suas vidas (em média uma ou duas vezes ao ano; e em um ano em particular, nenhuma vez). Eles amadureceram entre quatro paredes, assistindo aos clássicos do cinema e interagindo apenas com o pai e a mãe, um casal movido por ideais hippies e por uma verdadeira fobia da violência urbana. Ela é do estado americano de Michigan e ele, peruano. Quando se conheceram ele trabalhava como guia turístico (sobretudo, para turistas estrangeiros) nas trilhas incas. Sua atual esposa estava entre os visitantes.
A diretora Crystal Moselle é a primeira visita. Ela observa a interação entre os rapazes (são seis garotos, e uma irmã mais nova), sua percepção curiosa do mundo ao redor e sua incrível conexão com o cinema. Aliás, o filme se inicia com os adolescentes interpretando uma cena de Cães de Aluguel (de Tarantino).
Os meninos falam mais, a mãe pouco e o pai, quase nada. Apesar da reclusão, eles são bem amáveis e sãos. A mãe parece ter conseguido isso, ensinando-os em casa. Ela até recebe salário por isso. Nenhum deles frequentou a escola. O pai é o único que tem a chave da prisão, ou da “caixa” como um deles denomina.
Esse mundo de fantasia, onde eles vestem-se de fantasias inspiradas na incrível coleção de filmes (são mais de 5 mil em VHS e DVD) e vivem seu mundo particular, como que em uma comunidade intocável, começa a ruir com a chegada da adolescência dos meninos. Aos 15 anos, o mais velho decide sair escondido. Sai mascarado e, ao causar estranheza pelas ruas, acaba sendo levado pela polícia a um hospital por acreditarem que ele estava drogado ou com algum outro problema de saúde. Ele conta que foi o seu primeiro contato com outras pessoas. Nas poucas vezes que saiam quando menores eram instruídos pelo pai a não falar nem mesmo olhar para ninguém.
Ao voltar para casa, teve medo da reação do pai, mas estranhamente nada ocorreu. Os irmãos passaram a sair com ele nas outras vezes. A vida, então, parece desabrochar. O mais velho arranja até um emprego e, então, vai morar sozinho.  
A mãe encoraja-o. Ela diz que não pensava que o mundo deles seria o confinamento no apartamento. Morava no campo quando criança e aquele lar estava longe de ser o que tinha imaginado quando uniu-se ao seu marido. Desde que se juntou ao marido, nunca mais havia contactado sua família. Durante as filmagens do documentário, ela liga para a mãe e conta que tem 7 filhos.
Todos os rapazes têm dúvidas, receios do mundo que não viram antes, mas também muitas ideias e pensamentos. Esse é um ponto bem interessante do documentário ao mostrar o estranho cárcere privado.
Porém, muita coisa fica no ar. Não temos ideia de como a diretora conseguiu acesso a essa família; como eles sobrevivem (não pode ser somente com o salário da mãe), que faz o pai modificar suas regras sobre a possibilidade de sair de casa, anos mais tarde; se nunca nenhum vizinho reclamou da reclusão deles.
Temos que nos contentar com os vídeos que retratam a infância dentro do apartamento e com a esperança de uma porta se abrindo para todos. Ao final do filme, juntos deixam o apartamento e vão passear em uma grande área verde. É um mundo real e bem maior do que a janela com que se contentaram por anos.

Avaliação: **

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