Nojoon, 10 anos, divorciada (Ana Nojoom Bent Alasherah Wamotalagah)
País: Iêmen
Ano:
2016
Gênero: Drama
Duração: 96
min
Direção: Khadija
al-Salami
Elenco: Reham
Mohammed
Sinopse: aos dez anos de idade, Nojoom é entregue por
seu pai a um homem adulto, para se casar contra a sua vontade. O marido passa a
agredi-la e estuprá-la com frequência. A garota surpreende ao fazer o pedido de
divórcio, mas nenhuma lei no Iêmen proíbe o casamento infantil, e os costumes
locais permitem que o marido disponha do seu corpo da esposa como quiser.
Assim, os tribunais locais se encontram num dilema religioso e moral.
Crítica: o filme retrata uma história ocorrida em 2008 no
Iêmen, com Nujood Ali, uma menina de dez anos que se tornou a mais jovem
divorciada do mundo. Auxiliada pela jornalista francesa Delphine Minoui, a
jovem levou sua experiência para a literatura e a cineasta Khadija al-Salami
decidiu adaptar a narrativa para o cinema.
Sem dúvida, uma denúncia
que precisa ser feita, no entanto a narrativa televisiva escolhida pela
diretora empobrece esse drama real. O título do longa, em si, já não ajuda,
afinal já conta praticamente toda a história.
A partir do momento em que
ouvimos ela ter acesso ao juiz e declarar: "Eu quero me divorciar", acompanhamos
em flashback momentos de sua infância até a realização do seu casamento com um
homem de 30 anos. O pai a concede ao homem em troca de pagamento de aluguel em
uma pequeníssima casa em Sanaa (capital do Iêmen).
Por motivos de “honra” ele
deixa o vilarejo onde vivem para tentar a vida na cidade grande.
Depois, o filme retoma à
sessão diante do juiz, com pai e marido presentes, e mais revelações são
feitas. O casamento de meninas com 9-10 anos é incrivelmente comum no país e
arraigado a costumes e crenças religiosos, que todos se justificam.
A crítica é forte, mas o
longa perde-se com péssimas atuações e com a criação de situações que nos
parecem pouco reais na sociedade machista iemenita: a amizade forte de Nojoom
com seu irmão, relação amorosa com o seu pai e ajuda extremamente benévola do
juiz. Tudo é facilitado no drama, que contribui para a perda da veracidade da
história. Em um determinado momento, parece-se quase justificar a “venda” da
filha pelo pai que diz ter passado por todo tipo de desgraça. Não se compara o
que ele passou (à procura de trabalho) com os estupros, os espancamentos, a
violência e a escravidão (a sogra mandava ela fazer todo tipo de trabalho em
casa e na roça, durante o dia inteiro) a que Nojoon foi sujeitada. Ela, sim,
perdeu sua infância ao ser negociada como um objeto, tendo simplesmente sido levada
para longe e abandonada pela família.
Nojoon não tinha ideia do
que era um casamento e não há como não ficarmos chocados com tamanha e estúpida
brutalidade.
Por essa simples razão, o
filme – ainda que de péssima qualidade cinematográfica – é válido. Precisamos
para de fingir que tragédias assim não existem. O mundo precisa abrir os olhos
e interferir, sim. Além do Iêmen, cerca de 50 países muçulmanos cometem as
mesmas atrocidades usando a religião como desculpa para cometer pedofilia, para
impor a poligamia, para denegrir o valor da mulher e manifestar todo tipo de
preconceito contra o outro – seja infiel (por simplesmente não cultuar Alá),
homossexual, ou do sexo feminino. Os direitos humanos, simplesmente, não são
respeitados.
Avaliação:
**
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