terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Jovem Mulher (Jeune Femme)

País: França/Bélgica
Ano: 2017
Gênero: Drama
Duração: 97 min
Direção: Léonor Serraille
Elenco: Laetitia Dosch, Souleymane Seye Ndiaye, Nathalie Richard, Lilas-Rose Gilberti-Poisot, Grégoire Monsaingeon, Léonie Simaga, Érika Sainte e Audrey Bonnet.

Sinopse: Paula (Laetitia Dosch) decidiu seguir seu companheiro até Paris, após longa ausência. No local, ela acaba sendo deixada por ele após 10 anos de relacionamento. Apesar de tudo, ela não é uma mulher melancólica e nostálgica. Ela decide permanecer nesta cidade desconhecida e ser engolida por ela, aproveitar tudo que for possível. Mas sua solidão e encontros fugazes acaba fazendo ela repensar as certezas que possuía.

Crítica: O Festival de Cannes tem um prêmio chamado “Câmera de Ouro”, que premia diretores de primeira viagem que se destacam e merecem um incentivo para seguir na carreira. Neste ano, a vencedora da categoria foi a francesa Leònor Serraille, com seu primeiro longa “Jovem Mulher”, baseado em suas próprias experiências em Paris.
A trama segue Paula Simonian (Laetitia Dosch) uma mulher de 31 anos que, após 10 anos namorando o fotógrafo Joachim (Gregoire Monsaingeon), tem seu relacionamento terminado e se encontra sem rumo. Com quase nenhum amigo, distante da família e sem experiências profissionais, Paula tem que se virar para se reorganizar e encarar a vida adulta de forma independente.
A primeira cena deixa uma forte impressão. Paula tem uma crise de nervos dentro de um hospital. Ela foi deixada pelo namorado, e se encontra em momento de histeria, falando aos quatro cantos, gritando, chorando, arremessando objetos contra a parede. Seu discurso não faz muito sentido, porém o espectador percebe o essencial: ela está vivendo um intenso colapso nervoso por ter sido abandonada.
A diretora, que também escreveu o roteiro, mostra com conhecimento de causa as reais dificuldades de se virar numa cidade grande e a angústia de não ter nenhuma certeza e ter que recomeçar do zero. Afinal, Paula não estudou e nunca trabalhou antes. A direção é muito impactante quando mostra a falta de rumo da protagonista através de planos bem abertos dela vagando pelas ruas de Paris e, também, ao usar enquadramentos fechados na personagem enquanto ela passa por várias pessoas em uma festa.
O filme é muito bem executado. Até a direção de arte tem espaço na trama. A peça principal de roupa da protagonista é um casaco longo vermelho que ela rouba no início da trama e que, por consequência, passa a ser associado aos seus conflitos e está quase sempre em seus momentos mais graves. Em contrapartida, quando ela está mais segura, em um estado pacifico e estável, seu guarda-roupa troca para tons mais leves, como rosa e azul claro. E, claro, ganha uma aparência mais jovem e saudável.
Essa personalidade volátil é o ponto central do roteiro, que se foca menos em uma narrativa específica e mais nos acontecimentos da vida dessa mulher. Isso, porém, não significa que a produção seja uma sequência de cenas sem conexão; pelo contrário, estão totalmente interligadas e demonstram as descobertas de novos sentimentos, a sensação de liberdade e o seu amadurecimento.
As atuações são louváveis, incluindo as dos coadjuvantes, mas Laetitia rouba a cena no papel de Paula. Convence, de forma impressionante, como alguém complicado, que está passando por um turbilhão de emoções. Em um piscar de olhos ela passa de calma para explosiva e depois para triste, ou com os nervos à beira da pele para mais descontraída. O senso de realidade que ela passa é o principal motivo pelo qual o telespectador acaba se importando e se identificando com a personagem, mesmo quando ela toma atitudes questionáveis ou pouco éticas. É impossível não se ligar à Paula.
A mulher patética e abandonada, do início da história, ganha ares mais libertários e progressistas rumo ao final. “Jovem Mulher” não defende o casamento a qualquer preço, nem impõe um modelo de sucesso único às mulheres. Ele se afasta dos clichês de Paris e busca compreender a obsessão da personagem pelo ex-namorado como uma carência familiar, levando-se em conta a ausência do pai. Ela faz escolhas difíceis (mas são suas escolhas e de mais ninguém); revê pessoas que não via há tempos para tentar se reconciliar com o passado; arranja bicos e um emprego para se sustentar. Enfim, um final não perfeito, mas otimista. Afinal, ela segue em frente porque é capaz como qualquer um de nós é. 

Avaliação: ****

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