domingo, 21 de janeiro de 2018

Os Iniciados (Inxeba)

País: África do Sul/ Alemanha/ França/ Holanda
Ano: 2017
Gênero: Drama
Duração: 88 min
Direção: John Trengove
Elenco: Nakhane Touré, Bongile Mantsai e Niza Jay Ncoyini.

Sinopse: Cabo Oriental, África do Sul. Xolani, um solitário operário, ausenta-se de seu trabalho para ajudar nos ritos de circuncisão Xhosa de iniciação à masculinidade. Em um remoto acampamento em uma montanha, jovens se recuperam enquanto aprendem os códigos masculinos de sua cultura. Neste ambiente de machismo e agressão, Xolani cuida de Kwanda, um rebelde novato de Joanesburgo, que questiona os códigos patriarcais de iniciação, enquanto o próprio Xolani sofre entre seu mundo familiar tradicional e sua própria realização. 

Crítica: o filme revela para o público um ritual comum no sul da África do Sul e pouco conhecido no mundo. É a celebração da tribo Xhosa, onde um menino tem a oportunidade de se tornar um homem. Sem passar por este ritual, eles não conseguirão uma esposa, e serão sempre tratados como crianças. O abakwetha (jovem sendo iniciado) é depilado e recebe um banquete antes de ser levado para as montanhas onde um abrigo é construído por sua família. Esse abrigo será sua moradia por várias semanas. Sem nenhum tipo de preparo, o cirurgião aparece e conduz a circuncisão. O prepúcio é removido, geralmente com uma navalha cega, e o jovem é deixado só (apenas com um cuidador). Ele se refugia no abrigo onde não poderá comer ou beber água até estar curado da ferida. O risco de infecção é alto; a navalha é usada para circuncidar vários jovens.
Feita essa apresentação do ritual, a trama nos aproxima do drama dos personagens. Xolani (Nakhane Touré) e Vija (Bongile Mantsai), que passaram pelo mesmo processo e, hoje, são contratados pelos pais para serem cuidadores dos meninos que se tornarão homens, durante as duas semanas em que se recuperam. Xolani deve cuidar de Kwanda (Niza Jay Ncoyini) que, segundo o pai, é sensível demais. Para ele, foi muito mimado pela mãe.
Nesse contexto, descobrimos (o que já é esperado) que o homossexualismo existe entre os próprios cuidadores, mas a hipocrisia da sociedade tem mais força. Nada pode ser revelado. Kwanda percebe isso e se rebela. Fala a verdade, nega-se a participar de certos passos nesse processo de transformação para a vida adulta.
Xolani tem a melhor atuação e é quem segura por mais tempo a atenção do espectador. Não sabemos em que ele está pensando ou o que ele fará. A cena final choca e nos revela o quão forte é a dificuldade, a vergonha, de assumir quem realmente somos, e o que somos capazes de fazer para proteger quem se ama.
O que enfraquece a trama é a ausência de conteúdo. Algumas cenas são repetitivas. Sabemos pouco dos personagens principais: sua família, seus anseios, suas expectativas. No entanto, não tira a importância do tema que o longa aborda.

Avaliação: **

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