Casa Grande
País: Brasil
Ano:
2014
Gênero: Drama
Duração: 115
min
Direção: Fellipe
Barbosa
Elenco: Marcello Novaes, Suzana Pires, Thales
Cavalcanti, Bruna Amaya, Clarissa Pinheiro e Georgiana Góes.
Sinopse: Jean é um adolescente rico que luta para
escapar da superproteção dos pais, secretamente falidos. Quando o motorista de
longa data é demitido, Jean tem a tão sonhada chance de pegar o ônibus público
pela primeira vez. No ônibus, ele conhece Luiza, uma aluna da rede pública que
começa a abrir seus olhos para as contradições de dentro e fora da casa grande.
Crítica: em seu primeiro longa de ficção, Fellipe
Barbosa traz uma crítica mordaz, inteligente e muito bem construída das
relações de trabalho e afeto construídas por tal realidade.
“Casa Grande” é um filme
sobre uma queda, simbolizada pela derrota financeira de seu protagonista.
Acostumado ao luxo e requinte, Hugo (Marcello Novaes) está enfrentando uma
crise provocada pela compra de fundos de investimento que não renderam o
esperado. A mulher Sônia (Suzana Pires) e o filho Jean (Thales Cavalcanti)
serão as maiores vítimas desse momento, já que toda a família terá que abrir mão
do conforto com que sempre viveram.
Jean estuda no Colégio São
Bento, reduto da elite carioca. O longa retrata esse universo escolar com
grande precisão, mostrando não apenas o desenvolvimento de relações de lealdade
e amizade entre os meninos, mas também instigando o espectador a pensar sobre
como é controverso a educação desses jovens acontecer dentro de um ambiente
ainda tão fechado.
Superprotegido pelos pais,
Jean conserva muito da irresponsabilidade de um garoto de 15 anos. A nova
lógica obriga o personagem a viver novas experiências, como andar de transporte
público pela primeira vez. É lá que ele conhece Luiza (Bruna Amaya), com quem
vive seu primeiro romance ao mesmo tempo em que vive novas descobertas sexuais
e começa a construir sua própria identidade. Mas será que é possível entender o
mundo sem as influências do meio em que se vive?
O que o longa-metragem tem de
mais interessante é seu humor ácido e provocador, fácil de perceber na
observação de seus coadjuvantes. A empregada doméstica que recebe Jean todas as
noites em seu quarto escondido nos fundos da mansão, o motorista vindo do
nordeste que ouve forró no carro de luxo durante o trabalho, o amigo que está
preocupado mais com a barriga definida do que com os estudos. Cada um desses
personagens encorpa o roteiro e permite ao diretor discutir com suavidade os
temas apresentados.
Em uma das cenas durante um
churrasco de família, ocorre uma discussão sobre cotas raciais onde se vê o
quanto de mágoa as elites alimentam pela diminuição de seus privilégios.
Racismo, machismo e a institucionalização da dominação permeiam o texto bem
escrito pelos roteiristas.
Avaliação:
***
0 comentários:
Postar um comentário