sexta-feira, 22 de maio de 2015

Miss Julie (Miss Julie)

País: Inglaterra/Noruega
Ano: 2014
Gênero: Drama
Duração: 129 min
Direção: Liv Ullmann
Elenco: Jessica Chastain, Colin Farrell, Samantha Morton e Nora McMenamy.

Sinopse: em 1890, ao longo de uma noite de verão em Fermanagh, a filha insegura de um aristocrata anglo-irlandês incentiva o valet de seu pai a seduzi-la.

Crítica: “Miss Julie” é um filme de época um pouco atípico. Com praticamente apenas quatro atores em cena, pode-se afirmar que é uma obra minimalista e intimista.
Os cenários são grandiosos; a história se passa em um dos seis condados da Irlanda do Norte), que se torna um elemento importantíssimo para a construção daquela época. Mas o foco da trama mesmo é uma longa digressão sobre a relação entre nobres e seus serviçais, especialmente os que não se diferem dos donos de terras em termos de instrução, educação e ambição.
Julie (Jessica Chastain) é uma jovem aristocrata e está completamente incomodada com todos os eventos sociais que envolvem sua época. Revoltada e com uma mente muito à frente do seu tempo, Julie começa um relacionamento com um dos serviçais de seu pai e isto desencadeará um problema.
A trama, adaptada da peça de August Strindberg, dramaturgo, romancista, ensaísta e contista sueco que ficou mundialmente famoso com uma peça chamada “O Pelicano”, (“Miss Julie” é uma peça escrita em 1888), se passa no dia do solstício de verão, quando é feita uma tradicional festa para celebrar o evento. Acompanhamos praticamente em tempo real as conversas entre a prestativa e obediente Kathleen (Samantha Morton), o inquieto John (Colin Farrell) e a controversa Miss Julie, filha do Barão e patrão dos dois primeiros. John e Kathleen conversam a respeito do comportamento inadequado de Miss Julie com relação a seus empregados quando esta aparece informalmente na cozinha. A partir daí há uma série de diálogos que jogam através das tentativas de Miss Julie de seduzir John, mesmo sabendo que Kathleen é cortejada por ele. O que ela não sabe é que John é um ser amargurado por não fazer parte daquela vida de luxos, e tudo o que ele gostaria é uma chance de poder mudar de classe social. A presença da indecorosa Miss Julie acaba servindo de estopim involuntário aos seus anseios.
Mesmo tendo uma história simples, o mais interessante é acompanhar as conversas entre esses três personagens (a quarta personagem, a título de curiosidade, é a própria Miss Julie quando criança, interpretada pela jovem Nora McMenamy nos primeiros minutos de projeção) e entender suas visões de vida em uma época com regras sociais e convenções tão rígidas que no imaginário coletivo torna-se impossível sequer pensar em infringir qualquer uma delas.
A questão é manter o ritmo dessa análise e discussão até o final do filme. O roteiro não foi feliz no sentido de envolver o espectador com seus personagens, por melhores que suas atuações estejam.
Com um desfecho um tanto quanto curioso, agradará só aqueles que forem menos exigentes quanto a um bom cinema.

Avaliação: **

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