24 Semanas (24 Wochen)
País: Alemanha
Ano:
2016
Gênero:
Duração: 102
min
Direção: Anne
Zohra Berrached
Elenco: Julia
Jentsch, Bjarne Mädel, Emilia Pieske e Maria Drăguș.
Sinopse: o dilema de uma mulher que está grávida de
seis meses e descobre que seu bebê foi diagnosticado com a Síndrome de Down e
um problema no coração. Será que ela escolherá a opção de realizar um aborto?
Como ela e seu marido saberão que a criança terá uma vida boa ou apenas
sofrimento? No final, ela descobre que somente ela poderá tomar uma decisão.
Crítica: o filme debate, de forma madura, o tema
“espinhoso”, ouvindo todos os lados sem desprezo. A gestante Astrid (Julia
Jentsch) está no sexto mês de gravidez, quando a interrupção da gravidez seria
proibida na maioria dos países – mas não na Alemanha, onde ela se encontra. Ela
descobre que seu bebê, além de ter Síndrome de Down, terá inúmeros problemas
cardíacos, com pequena chance de sobrevivência após uma série de intervenções
cirúrgicas pelas quais passaria logo nos primeiros dias de vida.
A trama acompanha as
angústias do casal de modo realista, sem apelar para o melodrama. Astrid e o
marido Markus (Bjarne Mädel) pensam em como criariam a criança, na qualidade de
vida que ela teria, se podem se arrepender do gesto no futuro, se a criação
cristã de Markus seria compatível com o gesto, se a filha pequena entenderia a
decisão da mão, se a família apoiaria, se o público se voltaria contra Astrid
etc. Vale lembrar que a protagonista é uma mulher forte, independente, cuja
profissão de humorista permite proferir piadas sarcásticas sobre o machismo na
sociedade.
Ao invés de deixar o debate
nas mãos de políticos, líderes religiosos ou do patriarcado, 24 Semanas toma a
decisão responsável de dizer que a palavra final deve ser da mulher. Por mais
que isso aumente a pressão sobre a decisão, ao menos lhe transfere total
autonomia sobre o seu corpo. E para quem acha que o aborto seria uma solução
“fácil” para se livrar de uma gravidez indesejada, basta ver o calvário
atravessado pelo casal para dissipar tal noção preconceituosa.
Com uma câmera próxima ao
rosto dos atores, a direção acompanha cada hesitação, caminhada no hospital ou
nos bastidores das apresentações de Astrid. De vez em quando, uma imagem um
pouco mais sentimental ou tomadas intrauterinas diminuem a sobriedade do filme.
No entanto, o drama se mantém racional na maior parte do tempo. As atuações são
excelentes.
A conclusão se destaca por
conciliar pontos de vista opostos, mesmo diante da decisão tomada.
Avaliação:
****
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