Futuro Perfeito (El Futuro Perfecto)
País: Argentina
Ano:
2016
Gênero: Drama
Duração: 75
min
Direção: Nele
Wohlatz
Elenco: Xiaobin
Zhang, Saroj Kumar Malik e Mian Jiang.
Sinopse: Xiaobin, uma jovem chinesa de 17 anos, está
perdida em um mundo novo. Após se mudar para a Argentina sem falar nenhuma
palavra em espanhol, ela busca um rumo para seu futuro. Poucos dias depois de
sua chegada, novos caminhos já vinham sendo traçados: ela já tinha um novo
nome, Beatriz, e um emprego em um supermercado chinês. Ao se matricular em uma
escola de línguas, a jovem vai aos poucos aprendendo novas palavras, ao mesmo
tempo em que seu futuro é delineado.
Crítica: a Argentina já deixou sua marca registrada na
história do cinema. A originalidade e a capacidade de conduzir histórias
simples para uma narrativa crescente e de grande envolvimento do público são
suas maiores qualidades.
Aqui a trama singular
começa numa sala de idiomas com um grupo de jovens chineses, onde a protagonista é
Xiaobin (Xiaobin Zhang), uma adolescente buscando se adaptar na
Argentina.
Quando sai da escola e se
comunica pelas ruas, a protagonista é obrigada a usar o mesmo tipo de linguagem
truncada de suas aulas de línguas. E sua interação com o mundo fica prejudicada.
Um exemplo disso ocorre quando ela não consegue ler o cardápio de um
restaurante e, simplesmente, vai embora A precariedade financeira se une às
dificuldades de inserção cultural, descritas gradativamente durante as aulas,
com o limitado vocabulário de que a jovem dispõe.
A diretora faz da língua o
espaço de intercâmbio com o mundo, e passa a brincar com os equivalentes
imagéticos desta limitação de idiomas. Os adultos com quem Xiaobin não consegue
conversar são eliminados das imagens, ou são percebidos apenas por suas vozes
fora de quadro. Os pais, figuras distantes que a acolhem em território
argentino por puro interesse financeiro, também ficam ausentes das cenas. A
única pessoa que aparece inteira, com a mesma naturalidade da protagonista, é
um garoto indiano que a encontra e, mesmo sem conhecê-la, quer se casar com
ela.
Na dificuldade de interagir
em detalhes, eles manifestam o desejo de gostar um do outro, e projetam essa
vontade no corpo desconhecido alheio. É tão comovente quanto desconfortável ver
este casal que não se toca, não conversa, e sequer conhece o nome completo da
pessoa amada. Eles se unem pela solidão e pela exclusão com o meio.
Uma curiosidade do filme:
os atores não são profissionais.
Sensível, poético, surreal.
O fato de não conseguir dizer o que se quer pode levar a muitas interpretações,
o que talvez seja mesmo a intenção da cineasta.
Avaliação: ***
0 comentários:
Postar um comentário