A História de Adele H. (L'Histoire D'Adèle)
País: França
Ano: 1975
Gênero:
Drama
Duração: 97
min
Direção: François
Truffaut
Elenco: Isabelle
Adjani, Bruce Robinson e Sylvia Marriot.
Sinopse: Adèle Hugo (Isabelle Adjani), filha do
escritor Victor Hugo, é abandonada pelo tenente Pinson (Bruce Robinson), por
quem estava perdidamente apaixonada. Em 1861, ele deixa o país para servir na
base de Halifax, no Canadá, e já não se lembra mais de Adèle. Ela o atormenta a
ponto de anunciar o casamento dos dois num jornal local, provocando o
rompimento da união dele com a filha de um juiz. Doente, sem recursos, ela
empreende uma perseguição implacável que resulta em sua própria loucura.
Crítica: o que é o amor, afinal? Diversas formas já
foram contempladas no cinema: sentimento mútuo entre duas pessoas, platônico,
edipiano, triângulo amoroso, irracional, passional, incondicional. Em “A
História de Adele H., D, há obsessão egocêntrica e possessiva de Adèle H. por
algo que ela acredita ser o amor.
Sonha com situações que não
existem, cria diálogos que não acontecem, escreve inúmeras cartas em nome do
seu pretendente (Tenente Pinson) mentindo para todos e para ela mesma.
Faz sua família acreditar
que é correspondida, quando o procura em Halifax, e que irão se casar. No
entanto, a única reação de Pinson é a indiferença e até o desprezo. Vive num
universo fantasioso, concebido em sua imaginação, quando nitidamente o mais
acertado seria partir e dar um rumo à sua vida. Mas ela mergulha cada vez no
caos ao ponto de manipular e inventar coisas que impeçam Pinson de viver sua
vida ao lado de outra mulher.
Talvez a explicação para o comportamento
de Adèle esteja em sua história familiar. Os pais pareciam preferir a irmã
Leopoldine, a irmã mais velha que morrera afogada; e suas aspirações não ganham
espaço – durante o filme ela pergunta diversas vezes nas cartas sobre a
publicação de uma música que nunca será feita). Tanta negação e limitação a faz
construir uma vida de mentira. Ao se hospedar em uma pensão na cidade, ele diz
se chamar “miss Lewly” e que Pinson é um primo distante, ao iniciar sua
investigação sobre ele, afinal há muito tempo não se viam. Todos também
desconhecem que ela é filha do famoso poeta Victor Hugo.
Tal mergulho a impede de
vislumbrar uma real chance de amor e felicidade. O rapaz da livraria onde ela
comprava rolos e rolos de folhas para escrever era jovem e fazia de tudo para
agradá-la, porém tudo em vão. Ignora, também, os conselhos do pai e os pedidos
para ver sua mãe que está muito doente e acaba falecendo.
Quando enfim ela desiste de
lutar por algo que nunca pertenceu ou pertencerá a ela, passa a vagar pelas
ruas, virando até chacota para as crianças, sem reconhecer sequer o próprio
Pinson quando este passa por ela, uma vez que o Pinson real já não mais importa.
Ela amava uma outra pessoa, alguém que ela idealizou.
Truffaut faz, sem dúvida,
um belo retrato do comportamento feminino. Isabelle Adjani tem uma atuação
surpreendente, tendo sido indicada para o Oscar de Melhor Atriz.
Avaliação: ***
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