País: Portugal/França/Alemanha/Suíça
Ano:
2015
Gênero: Drama
Duração: 125
min
Direção: Miguel
Gomes
Elenco: Miguel
Gomes, Crista Alfaiate, Carloto Cotta e Adriano Luz.
Sinopse: um cineasta foge durante o processo de
realização de seu novo filme e, ao ser capturado, não tem outra saída a não ser
repetir o que fez Xerazade em "As Mil e Uma Noites", onde precisava
contar uma história diferente a cada noite para não ser degolada pelo rei, seu
marido - no caso em questão, os algozes são os demais integrantes da equipe de
filmagens. Desta forma, ele passa a apresentar narrativas baseadas na crise
vivida por Portugal entre os anos de 2013 e 2014, que fez com que a população
local vivesse sob forte austeridade econômica. Os contos deste volume são
"O Homem de Pau Feito", "A História do Galo e do Fogo" e
"O Banho dos Magníficos". Os outros dois capítulos são: O Desolado e
O Encantado.Todos baseados em contos da tradição dos povos da Pérsia e da
Índia.
Crítica: o diretor Miguel Gomes gosta de fazer
experimentações com a narrativa, como tão bem demonstra em “Tabu”.
Encadeando histórias que
vão das manifestações de rua ao silêncio dos estaleiros de Viana do Castelo,
passando pelo desespero de um desempregado, pelas manobras do político
euro(s)centrado, pelos incêndios de Verão ou mesmo pelo tradicional banho de
Ano Novo, é traçado um retrato do Portugal real, mesmo que essa realidade tome
por vezes uma aparência absurda e fantasiosa. E é justamente essa fantasia em
excesso ou até abstração que afasta o espectador do interesse na história.
Não que a narrativa tivesse
que ser direta ou fácil, mas que ao menos tivesse uma certa lógica e sequência.
A mistura de ideias acaba,
inevitavelmente, parecendo amadorismo. O humor é “chulo” e de mau gosto. A
ironia e a sátira usadas em "O Inquieto", o primeiro tomo de uma
trilogia que se completa com "O Desolado" e "O Encantado",
não são inteligentes.
Essa ficção do retrato social
de Portugal que ele quis retratar não pareceu o trabalho do mesmo cineasta de seus
filmes anteriores, bem mais densos e críticos.
Sabemos que as filmagens da
trilogia decorreram ao longo de um ano, começando em agosto de 2013, que tinha
como base histórias recolhidas na sociedade portuguesa contemporânea por um
grupo de jornalistas: Maria José Oliveira, Rita Ferreira e João Dias. Por isso
mesmo, com tantas cabeças pensantes e material recolhido, esperava-se algo
melhor.
Peculiar nem sempre
significa que é algo “arrebatador” como algumas críticas costumam divulgar. “Inusitado”
não significa que seja algo inesquecível ou marcante.
Os primeiros 30 minutos de
projeção são os mais difíceis, devido à grande mescla de imagens e narrações em
off analisando os estragos causados nos estaleiros portugueses devido à recente
crise econômica no país e a invasão de vespas que estão destruindo as criações
de abelhas. “Neste momento, não me parece fazer sentido rodar um filme que não
trate da difícil situação vivida por eles”, diz o próprio diretor. Tudo começa
a desanuviar quando o próprio Miguel Gomes surge em cena, interpretando um
cineasta que, durante as filmagens de seu novo trabalho, foge. Perseguido e
capturado pelos demais integrantes da produção, ele é aprisionado. Sua única
chance de escapar é repetindo a tática de Xerazade no famoso livro “As Mil e
Uma Noites”, onde todo dia contava uma nova história envolvente para que seu
marido, o rei, a mantivesse viva. E assim de fato começa As Mil e Uma Noites, quando o letreiro enfim aparece na tela.
O Inquieto oferece três
episódios: “O Homem de Pau Feito”, “A História do Galo e do Fogo” e “O Banho
dos Magníficos”. O primeiro é bobo; o segundo traz péssimos atores em cena e é repetitivo;
e, por fim, o último, que traz algo de “aproveitável” com o relato de pessoas desiludidas
com a situação econômica de Portugal e que ficaram desempregadas de uma hora
para outra, mesmo com décadas de dedicação.
Vamos aguardar os volumes 2
e 3 e que o momento atual do seu país seja melhor abordado.
Avaliação:
**
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