domingo, 8 de novembro de 2015

Olmo e a Gaivota (Olmo and The Seagull)

País: Brasil / Portugal / Dinamarca / França / Suécia
Ano: 2015
Gênero: Documentário
Duração: 87 min
Direção: Petra Costa e Lea Glob
Elenco: Olivia Corsini, Serge Nicolaï e Arman Saribekyan.

Sinopse: Olívia (Olivia Corsini) é uma atriz que está prestes a estrelar a peça "A Gaivota", de Anton Tchekov, quando descobre que está grávida. Enquanto a produção fica pronta, o bebê dentro dela cresce e as dificuldades da gravidez começam a afastá-la da montagem, ao mesmo tempo que as aproximam das personagens que ela interpreta.

Crítica: o documentário, que também brinca com a ficção, extremamente humano, lírico, poético e sensível, tem uma história interessante. As diretoras Petra Costa e Lea Glob (que é dinamarquesa) conheceram-se num festival de documentários e decidiram acompanhar a vida de uma atriz de teatro (Olivia Corsini) e, mais especificamente, do Thêatre du Soleil (grupo surgido como um coletivo de artistas em 1964).
No entanto, pouco antes de dar início às gravações, Olivia anuncia que está grávida do também ator, Serge Nicolaï. A notícia não foi motivo para desistir do documentário, apenas mudaram-se os planos para a filmagem.
A comoção decorrente do documentário, que faz uma sensível abordagem da maternidade (e da paternidade também), é inovadora no cinema, ainda mais quando se Olivia se compara com seus personagens vividos no teatro. A princípio, ao contar para os amigos do teatro, ela pensa em continuar trabalhando normalmente (inclusive participando de turnês em Nova York e Montreal) até poucos dias antes de dar à luz, porém um problema de saúde a impedirá de trabalhar. Por recomendações médicas rígidas, ela terá que ficar em repouso absoluto, para que não tenha um aborto. Então, sua vida muda completamente e ela não está preparada para o tédio que virá.
Dúvidas, solidão, incertezas, depressão, criam um clima que atrai o espectador para acompanhar o que Olivia vai fazer dali para frente. O apoio do marido é fundamental, que, aliás, rouba a cena muitas vezes, com seu humor e sua espontaneidade.
A intimidade do casal é revelada com muita competência, sem exageros e sem tornar-se enfadonho. A gravidez real é acompanhada com todas as instabilidades e dificuldades que são próprias do momento.
Surgem as preocupações sobre o quanto ter um filho afetará a vida profissional dela até questionamentos sobre se será uma boa mãe e o próprio corpo, em permanente transformação. Todo este processo é a grande beleza do longa-metragem, não apenas pela proximidade oferecida ao espectador, como também pelas variadas nuances exibidas, tão reconhecíveis para quem já teve um filho ou conhece alguém próximo que passou por este momento.
Em algumas situações, a diretora interrompe a ficção e interfere com uma conversa direta com o casal sobre a relação a dois, a situação econômica, o trabalho dele no teatro (que continua ensaiando e viajando), o que gera boas risadas.
Um filme ousado, revelador e que merece a atenção do olhar feminino, e do masculino. Um exercício de compreensão sobre uma circunstância que nunca é igual para ninguém e que cada um tem que saber vivê-la. Uma escolha que é para toda a vida e que levanta muitas discussões filosóficas.
O casal protagonista merece os parabéns por abrir as portas da vida pessoal e permitir que todo o impacto emocional e psicológico sobre eles fosse retratado.

Avaliação: ****

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