quarta-feira, 6 de agosto de 2014

30 Anos de Escuridão

País: Espanha
Ano: 2011
Gênero: Documentário
Duração: 85 min
Direção: Manuel H. Martín
Elenco: -

Sinopse: no final da Guerra Civil, o antigo prefeito da localidade Malagenha de Mijas não teve oportunidade de fugir. Depois de um longo e perigoso caminho de volta para casa, conseguiu chegar a noite no seu lar sem ser descoberto. A sua esposa Juliana fez a menção sobre numerosos fuzilamentos que estavam ocorrendo no povoado. Ambos resolveram abrir uma pequena abertura na parede onde Manuel poderia se esconder. Manuel Cortés nunca iria imaginar que aquele pequeno espaço atrás da parede se converteria na sua prisão particular por 30 anos. Esta é a história dos chamados “topos da pós-guerra” que tiveram que sacrificar uma vida inteira para fugir da repressão.

Crítica: recebeu o Prêmio Goya 2012 de melhor documentário, e não é para menos. Bem contextualizado, com depoimentos valiosos que se somam e nunca se tornam repetitivos.
A cada testemunha, passamos a conhecer uma verdade pouco comentada ou divulgada. As sequelas deixadas pela Guerra Civil Espanhola (1936-1939) deixaram marcas profundas em muita gente que viveu prisioneira em sua própria casa.
O personagem real em que se baseou o documentário é Manual Cortés (último prefeito republicano de Mijas/Málaga), mas outros casos são contados. O uso de recursos de animação ambienta bem a situação relatada e atrai ainda mais a atenção do espectador.
Difícil de acreditar, porém foram 30 anos de aprisionamento – de 1939 a 1969. Apenas mudou-se o tamanho do esconderijo: de um buraco onde mal se podia sentar passou para um refúgio maior e com um pouco mais de conforto. Foi mais de 1 ano sem a filha pequena saber de sua presença ali. As pessoas eram procuradas por assassinatos, mas ele nunca matara ninguém. Ao contrário, sempre tentava ser o mediador e apaziguador dos conflitos locais na posição que ocupava como prefeito.
Sua guerreira e corajosa mulher é quem tinha que sustentar a casa, o que não era fácil naquela época. Ela andava quilômetros e quilômetros para vender ovos. Manuel, no seu quartinho improvisado, ajuda na confecção de peças de tapeçaria para que ela as vendesse.
Muitas foram as tentações para sair à rua e ver a luz do dia, porém outros haviam feito isso e tinham sido mortos, mesmo já tendo a guerra chegado ao fim. Outros não tiveram tanta sorte: ficaram doentes ou suicidaram.
Depois, veio outro horror: o regime político ditatorial de Franco que iniciou em 1939. Somente no ano de 1969, ao ouvir na rádio que o governo ‘perdoava’ os crimes cometidos no intervalo de 18 julho de 1936 a 1º de abril de 1939, é que ele saiu e dirigiu-se à Guarda Civil de Málaga para ouvir do tenente-coronel encarregado que era livre.
Manuel faleceu em 1991. Turistas podem visitar o Museu Casa de Mijas, uma recriação do que foi a sua casa onde permaneceu na escuridão por 30 anos.
Uma história incrível de sobrevivência e relatada com perfeição de detalhes. Imperdível! 

Avaliação: ****

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