quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Um Herói do Nosso Tempo (Va, Vis et Deviens)

País: Bélgica/França/Israel/Itália
Ano: 2005
Gênero: Drama
Duração: 140 min
Direção: Radu Mihaileanu
Elenco: Moshe Abebe, Moshe Agazai, Rami Danon, Roni Hadar, Roschdy Zem, Sirak M. Sabahat, Yaël Abecassis e Yitzhak Edgar.

Sinopse: o drama busca inspiração no êxodo de 8 mil judeus etíopes (chamados "falashas"), em 1984, que fugiam do governo pró-soviético de seu país para tentar algum tipo de salvação em Israel. Eles empreenderam a pé uma peregrinação de aproximadamente 600 quilômetros, da Etiópia ao Sudão, buscando a partir dali chegar à terra prometida que acenava com fartura e dias melhores. Porém, apenas a metade chegou viva a um campo de refugiados no Sudão, onde famintos de toda a África disputavam pela sobrevivência. É neste campo sudanês que um garoto de oito anos (Moshe Agazai) é praticamente expulso do lugar pela própria mãe, que lhe diz duramente o tal título original do filme: "Vá, Viva e se Transforme".

Crítica: infelizmente, o título original “Vá, Viva e se Transforme” ganhou uma tradução simplória em português.
A trama aborda uma história incomum: o êxodo de judeus etíopes para Israel. Acontecimento que se deu também com a ajuda financeira dos Estados Unidos e Reino Unido.
Uma mãe que não é judia vê nessa oportunidade uma salvação para o filho Shlomo (Salomão – nome que passa a suar ao entrar em Israel), sobretudo por já ter perdido seus dois outros filhos menores. Ordena que ele entre na fila que o conduzirá ao repatriamento em Israel. Junta-se, ainda que contra a sua vontade, a outra mulher que se passará por sua mãe. No entanto, ela já estava doente e, após alguns dias, ela falece. Shlomo se vê completamente só em sua nova moradia.
A adaptação não é fácil. Lá ele tem tudo o que nunca sonhou em ver ou possuir. Mas, ao mesmo tempo, está sofrendo e confuso por estar mentindo, com medo de ser descoberto e sentindo muita falta da sua mãe. Por achar que nunca mais verá sua mãe, ele passa a ter comportamento agressivo na escola, insiste em dormir no chão, recusa-se a comer e tenta fugir da escola. A solução para ajuda-lo surge quando é adotado por uma família, que já tinha dois filhos.
A longa duração do filme permite acompanharmos sua trajetória até a fase adulta, passando pela infância turbulenta, contudo cercada de amor dos pais adotivos, a adesão à religião e às tradições, a descoberta do amor na adolescência, os dilemas entre estudar medicina fora e servir ao exército e Israel, o regresso a Israel depois de se formar, o casamento com uma garota branca que conhece há 10 anos, tornar-se pai e a revelação da verdade: de que não é judeu.
É bela uma passagem do filme em que um policial diz que ele é mais judeu que todos ali, que ele sabe e conhece todas as crenças e tradições e pratica a religião. Orienta também que ele não se preocupe com o que as pessoas falam, mas para seguir em frente.  
Surgem, nesse caminho, momentos difíceis de preconceito, seja por cor ou religião. As críticas à sociedade israelense ortodoxa são bem videntes.
A superação de tudo isso tem uma grande razão: retornar ao Sudão para encontrar sua mãe. Ele o faz, agora como médico.
Uma história que nos faz pensar como tudo pode ser diferente quando as portas se abrem, quando as barreiras são derrubadas e quando se tem fé em algo.  

Avaliação: ****

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