quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

O Ilusionista

Título original: The Ilusionist
País: EUA
Ano: 2006
Gênero: Drama, romance
Duração: 110 min
Direção: Neil Burger
Elenco: Edward Norton, Paul Giamatti, Jessica Biel, Rufus Sewell, Eddie Marsan, Aaron Johnson, Jake Wood, Tom Fisher e Eleanor Tomlinson.

Sinopse: baseado na obra de Steven Millhauser, 'Eisenheim, O Ilusionista', que, quando menino, encontra um viajante que faz truques fantásticos e toma aquilo com inspiração. Mais tarde, o filho de carpinteiro se apaixona por uma filha de aristocratas, que não desejam que a filha se case com um pobre. Apesar disso, os dois vão desenvolvendo uma amizade secreta até o momento em que são descobertos. Daí em diante, Eisenheim usará os truques que aprendeu para poder ficar ao lado de sua amada. A história se passa em Viena, início do século XX.

Crítica: um filme envolvente, com enredo inteligente e efeitos visuais incríveis. O elenco é sublime, sobretudo Edward Norton, convincente e seguro em seu papel.
Pena que a história seja semelhante ao longa-metragem “O Grande Truque”, também lançado na mesma época, mas o que não tira o mérito de nenhum deles.
Vale a pena assistir.

Avaliação: ****

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terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Paris, Eu Te Amo

Título original: Paris, je t'aime
País: Liechtenstein/ Suíça/Alemanha/França
Ano: 2006
Gênero: Comédia, drama, romance
Duração: 120 min
Direção: Olivier Assayas, Frédéric Auburtin, Emmanuel Benbihy, Gurinder Chadha, Sylvain Chomet, Ethan Coen, Joel Coen, Isabel Coixet, Wes Craven, Alfonso Cuarón, Gérard Depardieu, Christopher Doyle, Richard LaGravenese, Vincenzo Natali e Alexander Payne.
Elenco: Florence Muller, Hervé Pierre, Bruno Podalydès, Leïla Bekhti, Julien Beramis, Cyril Descours, Thomas Dumerchez, Daniely Francisque, Salah Teskouk, Marianne Faithfull, Elias McConnell, Gaspard Ulliel, Julie Bataille, Steve Buscemi, Axel Kiener

Sinopse: ''Paris, je t'aime'' ou ''Paris, eu te amo''. Conhecida como ''a cidade do amor'', Paris é o cenário de 18 histórias contadas por 18 diretores de países distintos. A pluralidade não está apenas nas distintas visões sobre a mesma e mítica locação, mas também na forma e estilo de cada cineasta, que tem aqui cinco minutos somente para imprimir suas impressões sobre a atmosfera parisiense.

Crítica: todo longa composto pela união de diversos curtas é, por definição, irregular. "Paris, Eu Te Amo" não foge à regra, porém, o resultado é ótimo. Das 18 micro-histórias, apenas duas não agradam muito.
As tramas, compostas por cineastas de diversas nacionalidades, culturas, idades e gêneros, marcam pela originalidade. É difícil contar uma boa história em tão pouco tempo.
Em comum, os 18 enredos têm a localidade (todos se passaem em algum bairro parisiense) e falam de amor. O romance é presente e marcante sob as mais distintas motivações: paixão, fraternidade, humanismo, nostalgia, carinho, saudade e, até, sobrenatural.
Com um elenco impressionante, a obra, como um todo, é envolvente, carismática e reveladora. A multiplicidade de ideias deu certo.

Curiosidade: a iniciativa de reunir vários cineastas para fazer o filme é da dupla Tristan Carné e Emmanuel Benbihy (este responsável pela direção dos trechos de transição entre uma trama e outra). "Paris, Eu Te Amo" é a primeira versão do projeto chamado "Cidades do Amor". Os próximos serão sobre Nova York (já com a crítica nesse blog) e Shanghai.
Avaliação: ****

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sábado, 9 de dezembro de 2006

Você é Tão Bonito!

Título original: Je vous trouve très beau
País: França
Ano: 2006
Gênero: Comédia
Duração: 97 min
Direção: Isabelle Mergault
Elenco: Michel Blanc, Medeea Marinescu e Wladimir Yordanoff.

Sinopse: um fazendeiro viúvo, ao procurar por uma esposa numa agência de matrimônio, recebe a sugestão de ir a Romênia, onde muitas mulheres sonham em se casar com um francês para melhorar de vida.

Crítica: a princípio, parece se tratar de uma daquelas comédias românticas que a indústria cinematográfica produz aos montes. Ainda bem que é um engano.
O filme é cômico e romântico sim e até parte de uma premissa simples. Mas a direção é extremamente competente para escapar das mesmices a que estamos acostumados. Um camponês cuida de sua fazenda com a ajuda de sua esposa. Ela morre de maneira repentina e trágica. Ele, mais que a falta da fêmea e companheira, sente a ausência de alguém com quem compartilhar as tarefas existentes na fazenda. Aymé Pingrenet (Michel Blanc – numa interpretação fantástica) resolve apelar então para uma agência matrimonial (visto que não dispõe de tempo para flertar), que ao ouvir suas necessidades, orienta-o a buscar uma romena. De início ele reluta, mas sua incapacidade de lidar com a falta de uma ajudante e companheira acaba por conduzi-lo à Romênia.
Mais que uma comédia romântica, é uma crônica social e de costumes. O mundo que cerca Aimé (rural) é nos mostrado sem aquela maneira que sempre imaginamos. Não é um mundo caricato; pelo contrário, remete à realidade européia. Existe naquele país uma falta de mão-de-obra que se dedique ao campo. Mais que isso, há preconceito contra os africanos, as pessoas do Leste europeu (mulheres se prostituem para sobreviver) e os latinos – quer europeus ou não, que poderiam suprir essa falta. O longa revela, também, que quase todo o trabalho na fazenda é secundado pela tecnologia, que serve para suprir a ausência do homem.
Os momentos de humor são vários e dos melhores: destaque para a hilariante sequência das entrevistas, na Romênia, com as candidatas à esposa.
Sem efeitos visuais, no entanto, de uma profundidade e beleza impressionantes. E com mensagens e reflexões que valem por muitos filmes.
Além da direção eficiente, o elenco é sublime.
Avaliação: ****

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sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Um Bom Ano

Título original: A Good Year
País: EUA
Ano: 2006
Gênero: Drama, romance
Duração: 118 min
Direção: Ridley Scott
Elenco: Russell Crowe, Mitchell Mullen, Marion Cotillard, Albert Finney, Tom Hollander e Didier Bourdon.

Sinopse: Max Skinner (Russell Crowe) é um investidor inglês sem muitos escrúpulos que vive somente para ganhar cada vez mais dinheiro. Quando seu tio Henry (Albert Finney), seu parente mais próximo, morre, ele herda sua vinícola na França. Quando viaja ao local para ajustar detalhes a fim de vendê-lo, Max acaba passando uma temporada no local, deixando-se seduzir pelo inebriante clima francês.

Crítica: um filme leve, que tenta valorizar as coisas simples da vida. O problema está na escolha do protagonista para a história: Russel Crowe não convence no papel. Quem faz par com ele é a atriz Marion Cotillard, que terá seu reconhecimento e merecido Oscar no filme Piaf – Um Hino ao Amor.
O ritmo é lento e a história, um pouco morna. Para os amantes da França e dos vinhos, a fotografia é belíssima.
Um longa apenas para se ver, não marca presença nem remete a grandes reflexões.
Avaliação: **

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terça-feira, 28 de novembro de 2006

O Grande Truque

Título original: The Prestige
País: EUA/Reino Unido
Ano: 2006
Gênero: Suspense
Duração: 128 min
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Hugh Jackman, Christian Bale, Michael Caine, Piper Perabo, Rebecca Hall, Scarlett Johansson, Samantha Mahurin, David Bowie, Andy Serkis e Daniel Davis.

Sinopse: século XIX, Londres. Robert Angier (Hugh Jackman) e Alfred Borden (Christian Bale) se conhecem há muito tempo, desde que eram mágicos iniciantes. Desde então vivem competindo entre si, o que faz com que a amizade com o passar dos anos se transforme em uma grande rivalidade. Quando Alfred apresenta uma mágica revolucionária, Robert fica obcecado em descobrir como ele consegue realizá-la.

Crítica: não vou contar como o filme começa para não estragar a surpresa.A rivalidade de Borden e Angier chega a ser infantil e engraçada em vários momentos do filme. Um rouba o truque, o outro estraga a mágica do primeiro, que revida e a guerra entre os dois não acaba nunca. E esse é um dos pontos altos do filme: não existe aquele maniqueísmo óbvio de mocinho e bandido, já que os dois são capazes de tudo, inclusive de 'sujar as mãos', para alcançar seus objetivos.
O filme divide a mágica em três partes: a promessa, quando o mágico mostra um objeto aparentemente comum; a virada, quando o mágico transforma o objeto comum em algo incomum; e o grande truque, quando ocorre uma surpresa para a platéia. A trama também se divide desta forma: acontecimentos normais são apresentados, depois percebemos que eles não são tão normais assim e, então, ocorre uma grande reviravolta.
É uma história complexa, que mostra passado e futuro simultaneamente, mas, mesmo assim, não confunde o espectador. Esta é uma das especialidades de Christopher Nolan, que dirigiu o surpreendente e inquietante 'Amnésia'.
Apenas o truque final de Robert Angier não convence. Mas seja pela bela fotografia, ou pelos diálogos inteligentes ('as pessoas querem ser iludidas'), ou ainda pela história de suspense e mistério, 'O Grande Truque' é uma obra que merece ser vista.

Avaliação: ****

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sábado, 25 de novembro de 2006

O Céu de Suely

Título original: O Céu de Suely
País: Brasil/França/Alemanha
Ano: 2006
Gênero: Drama
Duração: 90 min
Direção: Karim Aïnouz
Elenco: Hermila Guedes, João Miguel, Georgina Castro, Maria Menezes, Mateus Alves, Zezita Matos, Gerkson Carlos e Flávio Bauraqui.

Sinopse: Hermila (Hermila Guedes) é uma jovem de 21 anos que está de volta à sua cidade-natal, a pequena Iguatu, localizada no interior do Ceará. Ela volta juntamente com seu filho, Mateuzinho, e aguarda para daqui a algumas semanas a chegada de Mateus, pai da criança, que ficou em São Paulo para acertar assuntos pendentes. Porém, o tempo passa e Mateus simplesmente não aparece. Querendo deixar o lugar de qualquer forma, Hermila tem uma idéia inusitada: rifar seu próprio corpo para conseguir dinheiro suficiente para comprar passagens de ônibus para longe e iniciar nova vida.

Crítica: roteiro e direção bem conduzidos, que faz o filme fluir com naturalidade. O elenco, com interpretações singelas e carismáticas, é o ponto forte do filme que soube retratar as dificuldades pelas quais passam a maioria da população brasileira.
A ambientação nordestina é excelente, assim como a trilha sonora.
A trama comove: o homem apaixonado, que queria comprar toda a rifa, corre atrás de Suely, contra tudo e todos. Um ato de muita coragem. E aí o final surpreende: belo e cruel, ao mesmo tempo.
Vale a pena conferir.

Avaliação: ***

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domingo, 12 de novembro de 2006

Volver

Título original: Volver
País: Espanha
Ano: 2006
Gênero: Comédia, drama
Duração: 121 min
Direção: Pedro Almodóvar
Elenco: Penélope Cruz, Carmen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo, Yohana Cobo, Chus Lampreave e Leandro Rivera.

Sinopse: depois de sua morte, uma mãe (Carmen Maura) volta à sua cidade natal para resolver problemas que ficarem pendentes durante sua vida. Aos poucos, seu fantasma se torna um conforto para suas filhas, Raimunda (Penélope Cruz) e Sole (Lola Dueñas), e sua neta (Yohana Cobo).
Crítica: mais um excelente filme do gênio Pedro Almodóvar, que aborda novamente o universo feminino.
A história é de Raimunda, mulher casada e com uma filha de 14 anos, que ainda tenta superar a morte de sua mãe, enquanto cuida da tia. Após um acontecimento em casa e a morte da tia, Raimunda precisa dar continuidade à sua vida, enquanto ouve boatos de que o fantasma de sua mãe aparece para se comunicar.
A quantidade de surpresas presentes nos roteiros de Almodóvar costuma vir aos montes e sempre consegue ser original.
Centrando em um grupo de personagens femininas e na relação entre elas, tudo flui num ótimo ritmo e passando uma mensagem sobre a importância de se acertar as contas com o passado. Todas as personagens carregam algum segredo que as impede de seguir suas vidas com plenitude e a busca em resolvê-los, ainda que involuntariamente, é o ponto-chave da trama.
No entanto, o cineasta ainda acrescenta um detalhe que oferece mais riqueza ao enredo: a morte. Presença constante, ela surge das mais diversas formas – natural, assassinato, doença e até num espírito. Assim, ressalta-se a urgência da mensagem principal. É como se a sombra da morte mostrasse para aquelas personagens e, por conseqüência, para o espectador, a necessidade de não deixar ressentimentos guardados, uma vez que não se sabe quando o fim chegará.
Claro que estes temas pesados são tratados com a leveza e a sensibilidade características do cineasta, empregando humor principalmente em determinadas situações inusitadas.
O longa é, ainda, esteticamente belíssimo e bem filmado, graças à fotografia carregada nas cores fortes.
Penélope Cruz encabeça o elenco com desenvoltura e magnetismo impressionantes. Para mim, é a sua melhor atuação no cinema.
Carmen Maura encarna a mãe com ar de certo deboche que é fundamental para dar sutileza à história. São dela os momentos mais divertidos da película e a atriz demonstra seu talento tanto nestas cenas quanto nas de maior carga dramática.
Volver pode ser considerado, facilmente, mais um acerto na carreira de Almodóvar.
Assista, emocione-se e divirta-se.
Avaliação: ****

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sábado, 11 de novembro de 2006

Os Infiltrados

Título original: The Departed
País: EUA/Hong Kong
Ano: 2006
Gênero: Policial
Duração: 152 min
Direção: Martin Scorcese
Elenco: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Martin Sheen, Vera Farmiga, Mark Wahlberg, Anthony Anderson, Ray Winstone e Alec Baldwin.

Sinopse: um jovem policial recebe a missão de se infiltrar na máfia liderada pelo chefão Costello. Enquanto ele conquista a confiança de Costello, um criminoso endurecido se infiltra na polícia como informante de Costello. Ambos sentem-se sobrecarregados pela vida dupla, obtendo informações sobre os planos e intrigas das operações em que se infiltraram.
Crítica: mostra a rivalidade da polícia da Boston contra uma gangue de traficantes, em que o líder é escolhido para se infiltrar na polícia ao mesmo tempo que um policial se infiltra como informante na gangue. O roteiro, cheio de reviravoltas, é brilhante e inteligente. Nada é o que aparenta: onde o mocinho parece bandido e o bandido parece mocinho. O elenco é formidável, com destaque para Jack Nicholson e Leonardo DiCaprio. Um dos grandes méritos do filme é que ele é perspicaz, dramático e surpreendente, mas também um belo trhiller de ação, agradando assim a maioria do público.
Curiosidade: vencedor de 4 Oscars em 2007: Filme, Diretor, Roteiro Adaptado e Montagem.
Refilmagem do filme policial chinês 'The Infernal Affairs'.
Avaliação: ***

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quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Fora do Jogo

Título original: Offside
País: Irã
Ano: 2006
Gênero: Comédia, drama
Duração: 93 min
Direção: Jafar Panahi
Elenco: Sima Mobarak-Shahi, Shayesteh Irani, Ayda Sadeqi, Golnaz Farmani, Mahnaz Zabihi, Nazanin Sediq-zadeh, Melika Shafahi e Safdar Samandar.

Sinopse: o longa mostra o universo feminino dentro do futebol, ilustrado pela história de uma garota que tem o sonho de ver no estádio o jogo entre Irã e Barein, pelas eliminatórias da Copa do Mundo da Alemanha. A entrada de mulheres no estádio, porém, é terminantemente proibida no território iraniano. Por essa razão, a garota tenta, por meio de vários disfarces, passar pela polícia e realizar o impossível em seu país.

Crítica: uma crítica leve e inteligente ao regime do Irã. Boas atuações e uma trama singela, permeada de humor e criatividade. Faz rir, mas também faz pensar.
Uma produção acertada. Vale a pena conferir.

Avaliação: ***

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domingo, 5 de novembro de 2006

A Vida Secreta das Palavras

Título original: La Vida Secreta de las Palabras
Ano: 2005
País: Espanha
Gênero: Drama
Duração: 115 min
Direção: Isabel Coixet
Elenco: Sarah Polley, Tim Robbins, Javier Cámara, Eddie Marsan, Steven Mackintosh e Julie Christie.

Sinopse: Hannah (Sarah Polley) tem 30 anos, é introvertida, solitária, misteriosa e trabalha numa indústria têxtil. Ela vai passar as férias num pequeno povoado costeiro, em frente a uma plataforma petrolífera. Um incidente faz com que ela permaneça alguns dias na plataforma cuidando de Josef (Tim Robbins), que sofreu uma série de queimaduras que o deixaram cego temporariamente. Com ele trabalham vários outros homens, cada um com um caráter marcante.
Crítica: a princípio lento, o filme vai crescendo conforme revela a personalidade forte de seus personagens e seus segredos, todos comoventes. O maior deles é chocante, deixando-nos perplexos.
Avaliação: ***

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Uma Verdade Inconveniente

Título original: An Inconvenient Truth
País: EUA
Ano: 2006
Gênero: Documentário
Duração: 100 min
Direção: Davis Guggenheim
Elenco: -

Sinopse: após perder nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2000, o então vice-presidente Al Gore resolveu guinar sua vida para alertar as pessoas do país e, futuramente, do resto do mundo sobre os males do aquecimento global. Ele, que já tinha uma bagagem bastante extensa no assunto, tendo escrito um best-seller em 1992 sobre problemas ambientais e internacionalmente reconhecido como um militante ambientalista, preparou uma extensa palestra sobre o aquecimento global; palestra essa que, de acordo com ele próprio no filme, já foi apresentada mais de mil vezes ao redor do mundo, e é constantemente atualizada com novos recursos e dados. Este filme acompanha de perto uma palestra recente de Gore, e seus comentários sobre eventos recentes.
Crítica: uma verdadeira aula sobre causas e consequências do aquecimento global. A palestra de Al Gore, bem didática e elucidativa, é mesclada com imagens de arquivo, fotos, gráficos, dados estatísticos, vídeos ilustrativos, além de cenas gravadas em outras ocasiões, durante suas viagens internacionais e reuniões com pesquisadores e políticos. Isso dá mais dinâmica ao documentário, que é bem montado.
Algumas cenas retratam momentos bem pessoais de sua vida, como o atropelamento de seu filho pequeno e a morte irônica de sua irmã por câncer de pulmão, uma vez que a família tinha uma plantação de tabaco, mas também fazem paralelos com eventos globais, bem como os comentários do Gore na época e atuais, de como eles moldaram o seu modo de pensar.
Al Gore é bastante cativante, seguro e um bom orador, que faz com que os momentos de comunicação com a platéia fluam naturalmente, com momentos de descontração.
Ele tenta, durante a palestra inteira, praticamente, nos convencer de que o planeta se encontra num estado de calamidade absurdo, causado pela ação do homem em dois séculos de revolução industrial, e pinta o cenário apocalíptico padrão da cartilha ecológica do politicamente correto.
Ridiculariza cientistas que dizem não ter dados suficientes para que tais afirmações possam ser feitas. Talvez aí ele peque um pouco, com análises superficiais. Contudo, só pelo alerta que o documentário traz já vale a pena assisti-lo.
Curiosidade: vencedor, em 2007 do Oscar de Mehor Documentário Longa-Metragem e de Melhor Canção.
Avaliação: ***

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sábado, 4 de novembro de 2006

Tsotsi – Infância Roubada

Título original: Tsotsi
País: África do Sul/Inglaterra
Ano: 2005
Gênero: Drama
Duração: 94 min
Direção: Gavin Hood
Elenco: Presley Chweneyagae, Terry Pheto, Kenneth Nkosi, Mothusi Magano, Zola, Rapulana Seiphemo, Nambitha Mpumlwana, Jerry Mofokeng, Ian Roberts, Percy Matsemela, Thembi Nyandeni, Owen Sejake, Israel Makoe, Sindi Khambule, Benny Moshe e Zenzo Ngqobe.

Sinopse: o longa narra os seis dias da vida de um líder de uma gangue de Johanesburgo que furta o carro de uma mulher sem saber – por estar em pânico e nervoso – que o bebê dela está no banco de trás. Assustado com a situação, ele tenta manter a criança alimentada, ao mesmo tempo em que foge da polícia.
Curiosidade: ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2005.
Crítica: filme comovente, que mostra a verdade nua e crua da vida de um jovem nas favelas africanas e o preconceito de toda uma sociedade. Faz um alerta sobre a violência e a miséria existente no país. Boa atuação de Presley Chweneyagae, que interpreta Tsotsi adulto.
Avaliação: ***

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sábado, 28 de outubro de 2006

A Massai Branca

Título original: Die Weisse Massai
País: Alemanha
Ano: 2005
Gênero: Drama
Duração: 131 min
Direção: Hermine Huntgeburth
Elenco: Nina Hoss, Jacky Ido, Katja Flint, Antonio Prester, Janek Rieke, Damaris Itenyo Agweyu, Barbara M. Ahren e Robert Dölle.

Sinopse: Carola Lehmann (Nina Hoss) está em férias no Quênia. Quando faltam poucos dias para retornar ela conhece Samburu (Jacky Ido), um guerreiro Lemalian que usa armas e roupas tradicionais. Fascinada, ela logo se apaixona. Carola decide cancelar o vôo de volta e mandar Stefan (Janek Rieke), seu namorado, retornar sozinho, enquanto ela própria percorre o Quênia tentando reencontrar Samburu. Baseado no livro autobiográfico de Corinne Hofmann.

Crítica: narra, de maneira sóbria e cronológica, a real e incrível saga de Carola, uma mulher suíça, de classe média alta, que passava as férias no Quênia em companhia do namorado até que, ao conhecer Lemalian (o estreante Jacky Ido, nascido em Burkina-Faso), um belo guerreiro negro da cultura queniana denominada Massai, ela se apaixona louca e imediatamente. O rapaz passa a ser uma obsessão na vida de Carola a ponto dela abandonar seu parceiro e se embrenhar pelos mais subdesenvolvidos caminhos africanos em busca de Lemalian.
A atração pelos opostos, de forma extrema, é uma das questões básicas levantadas por A Massai Branca: até que ponto são suportáveis os choques culturais vividos por uma européia branca de formação capitalista e um pastor de cabras africano que habita uma comunidade nas montanhas? Até onde pode chegar a determinação de uma pessoa disposta a abandonar todas as suas raízes por amor? Ou seria apenas uma obsessão? Uma vontade desesperada de mudança? O filme não pretende responder a estas questões irrespondíveis.
Talvez a opção da diretora pela narrativa mais simples e linear, sem ousadias cinematográficas, seja justamente a de deixar toda a perturbação apenas para a trama em si, que já é por si só enigmática e inacreditável, mesmo inspirada em fatos verídicos. De certa forma, esta simplicidade funciona: ‘A Massai Branca’ é um longa que mantém o interesse do espectador até a última cena, justamente por ser uma história bem contada.
Além disso, a fotografia não só capta a beleza do lugar como um pouco das tradições quenianas.

Avaliação: ***

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sábado, 21 de outubro de 2006

Pequena Miss Sunshine

Título original: Little Miss Sunshine
País: EUA
Ano: 2006
Gênero: Comédia, drama
Duração: 101 min
Direção: Jonathan Dayton e Valerie Faris
Elenco: Abigail Breslin, Greg Kinnear, Alan Arkin, Toni Collette, Cassandra Ashe, Paul Dano e Steve Carell.

Sinopse: conta a história de um pai da família, Richard (Greg Kinnear), que se considera um guru de auto-ajuda. Ele escreveu um livro com nove passos para alcançar o sucesso, mas não consegue
publicá-lo. A mulher não acredita no talento dele. O pai é drogado. O cunhado é suicida. A filha Olive é uma gorducha de óculos que sonha em ganhar um concurso de beleza. É quando a menina vai participar de um concurso, o ‘Little Miss Sunshine’, que a família toda se reúne numa perua velha a caminho da Califórnia.
Crítica: qualquer história pode ficar interessante, se cair nas mãos certas. É o caso de Pequena Miss Sunshine, onde uma família desajustada se modifica com a viagem. A trama não é original, mas a execução o faz parecer ser. Os diretores sabem contar a trama sem cair na mesmice, no cômico ou sentimental demais. Tudo é bem dosado. Até os personagens exageradametne problemáticos são interpretados com brilho. E, após inúmeros fracassos e tragédias, a viagem deles culmina em um divertidíssimo clímax. Assistam!
Curiosidade: especialmente por motivos financeiros, o filme demorou cinco anos para ficar pronto. Tendo custado US$ 8 milhões, faturou US$ 50 milhões somente nos EUA.
Ganhou 2 Oscars em 2007, nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Alan Arkin) e Melhor Roteiro Original.
Avaliação: ***

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O Tempo que Resta

Título original: Le Temps qui Reste
País: França
Ano: 2005
Gênero: Drama
Duração: 85 min
Direção: François Ozon
Elenco: Melvil Poupaud, Jeane Moreau, Valeria Bruni Tedeschi, Daniel Duval, Marie Rivière, Christian Sengewald, Henri de Lorne, Louise-Anne Hippeau, Walter Pagano e Ugo Soussan Trabelsi.

Sinopse: Romain (Melvil Poupaud) é um bem sucedido fotógrafo de moda gay que está com câncer em estágio terminal. Com seu tempo de vida esgotando-se, acaba por se tornar cruel com as pessoas ao seu redor.
Crítica: uma das grandes angústias do ser humano é saber de sua finitude. É desse tema bastante espinhoso que trata o filme. Apesar de não ser um assunto original, aqui há um diferencial: o personagem principal não pensa em uma lista de extravagâncias para fazer antes de morrer. Simplesmente, Romain passa a ver a vida de modo mais contemplativo, sem necessariamente se tornar uma pessoa melhor.
O diretor exala desilusão e um pouco de amargura em seu longa, apresentando a pequenez humana diante de uma doença, de um mal que se instala sem aviso prévio.
Uma história longa densa, triste e bela. A primeira reação do protagonista é a negação, recusando-se a admitir sua condição. A esse sentimento segues-e a revolta, que faz com que Romain maltrate todos à sua volta, inclusive seu namorado Sacha (Christian Sengewald).
Tentando se acostumar com a ideia de seu fim próximo, Romain se recusa a fazer tratamento contra a doença. Procura, então, sua avó Laura (Jeanne Moreau). A conversa franca entre os dois é simples e emocionante.
A cena final resume bem o contraste entre a natureza e o homem. A tese de que não somos nada diante de tudo que há no mundo é reforçada.
Avaliação: ***

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sábado, 30 de setembro de 2006

As Torres Gêmeas

Título original: World Trade Center
País: EUA
Ano: 2006
Gênero: Drama
Duração: 128 min
Direção: Oliver Stone
Elenco: Nicolas Cage, Michael Pena, Maggie Gyllenhaal, Maria Bello, William Mapother, Frank Whaley e Jon Bernthal.

Sinopse: o drama acompanha os policiais John McLoughlin (Nicolas Cage) e Will Jimeno (Michael Pena). Na manhã dos atentados de 11 de setembro, eles ficaram presos sob os escombros. Ao mesmo tempo em que mostra o drama vivido pela dupla em meio aos escombros, o filme também retrata a expectativa vivida pelos familiares cujos parentes estão desaparecidos, especialmente das esposas dos protagonistas, Donna McLoughlin (Maria Bello) e Allison Jimeno (Maggie Gyllenhaal).
Crítica: comovente, é feito sob medida para agradar aos norte-americanos, já que demonstra sua coragem e atitude sob as piores condições, apoiando-se em uma história verídica que aconteceu em 11 de setembro de 2001.
Há momentos bem dirigidos, mostrando um pouco os acontecimentos de fora e assim dando a sensação ao espectador (e para ele mesmo) de como teria acontecido se estivéssemos no lugar dos policiais e bombeiros que trabalhavam naquela manhã. Não há muito tempo para desenvolver personagens no início do filme, o que acaba por adiantar a cena-clímax, que foi o desabamento da primeira torre. Depois, por meio de flashbacks vamos conhecendo melhor as duas principais vítimas, os policiais John e Will. Esses flashbacks tentam humanizar os personagens e trazer algum apelo sensível ao longa, em meio a tanta destruição e desgraça, porém o excesso deles e a obviedade da situação acabam por prejudicar a película. Bastaria uma cena para demonstrar como era o relacionamento de John e Will com suas famílias, por exemplo.
Resultado: tudo torna-se excessivamente melodramático e piegas. Existem algumas cenas de gosto duvidoso e que interrompem a narrativa em vários momentos, como a aparição de Jesus Cristo para um dos soterrados. Aliás, muitos dos diálogos são simplesmente banais, mas nesse caso isso é bom, pois pessoas de verdade não declarariam odes a seu país sob tais circunstâncias. No máximo, redescobririam o amor pelas coisas simples e com o que realmente se importam na vida.
Como o filme não conseguiria sobreviver ao fato de ter somente cenas escuras sob os escombros, Stone optou por mostrar paralelamente a dor da dúvida sentida pelas esposas de ambos os policiais. Embora o conteúdo dessas situações seja naturalmente emocionante, elas também são (novamente) óbvias e previsíveis. O fato de sabermos desde o início o futuro de ambos os personagens, na realidade, fez tais cenas tornarem-se desnecessárias. Faltou conteúdo ao enredo.
A melhor parte é a técnica. Apesar de contar com alguns efeitos especiais medonhos (a fumaça sobre Manhatan ficou visualmente abominável), de forma geral a fotografia de Nova York ficou extraordinária.
Bom, dá para assistir, desde que sem muitas expectativas.
Avaliação: ***

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Menina Má.Com

Título original: Hardy Cand
País: EUA
Ano: 2005
Gênero: Drama, suspense
Duração: 104 min
Direção: David Slade
Elenco: Patrick Wilson, Ellen Page, Sandra Oh, Jennifer Holmes, Odessa Rae e Gilbert John.

Sinopse: Hayley Stark (Ellen Page) é uma adolescente, que está conversando em um café com Jeff Kohlver (Patrick Wilson), um homem que conheceu pela internet. Jeff é um fotógrafo em torno de 30 anos, o que não a impede de sugerir que ambos fossem à casa dele. Lá Hayley encontra uma garrafa de vodka e começa a preparar alguns drinks, sugerindo em seguida uma sessão de fotos em que ela faria um striptease. Jeff se empolga com a idéia, mas logo sua visão fica embaçada e ele desmaia. Ao acordar ele está amarrado em uma cadeira e descobre que Hayley tinha colocado algo em sua bebida. Hayley começa a vasculhar a casa de Jeff, decidida a encontrar algo que o ligue a Dona Mauer, uma adolescente desaparecida há semanas. Mas caso não encontre alguma prova nem ele queira confessar, Hayley está decidida a usar outros meios para conseguir a informação que deseja.
Crítica: uma estudante de 13 anos e um fotógrafo de 30. Ambos conhecem-se e vão para a casa dele. A princípio, pensa-se em pedofilia. Mas o suspense psicológico e psicótico surpreende e vira o jogo.
O filme prende a atenção do espectador pelo que está por vir e por cenas fortes de tortura, pelas quais Jeff (fotógrafo) passa. A intenção de Hayley é fazê-lo confessar que teve algum envolvimento com o desaparecimento de uma adolescente, ocorrida há algumas semanas.
Hayley tenta passar um ar de adolescente intelectual, através dos diálogos “cabeça”, mas não convence no papel.
O enredo acaba se perdendo, são poucos personagens e as tomadas de tortura são excessivas, o que acaba tornando o longa bastante enfadonho. O espectador esquece o propósito disso tudo que é descobrir a verdade sobre a tal adolescente desaparecida.
Destacáveis na história são as conversas pertubadoras do submundo da internet e os perigos que ela pode causar e, também, os movimentos de câmera utilizados pelo diretor. Mas, em geral, o filme é fraco.
Curiosidade: a inspiração para a trama veio de notícias que um dos produtores, David Higgins, leu sobre estudantes japonesas que estavam preparando ciladas para homens mais velhos que pretendiam encontrar meninas inocentes através da Internet.
A película foi rodada em apenas 18 dias.
Avaliação: **

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sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Iluminados pelo Fogo

Título original: Iluminados por El Fuego
País: Argentina/Espanha
Ano: 2005
Gênero: Ação
Duração: 90 min
Direção: Tristan Bauer
Elenco: Gastón Pauls, Jon Lucas, Mario Chaparro, Tony Lestingi, Carlos Garmendia, Lautaro Delgado, Pablo Riva, César Albarracín, Hugo Carrizo, Virginia Innocenti, Juan Leyrado e Arturo Bonín.

Sinopse: iluminados pelo Fogo narra as lembranças de Esteban Leguizamón (Gastón Pauls), um homem de 40 anos que, em 1982, quando tinha apenas 18 anos, foi levado como soldado conscrito a combater nas Ilhas Malvinas. A partir da tentativa de suicídio de um de seus ex-companheiros, Esteban mergulha nas recordações dessa guerra que compartilhou com outros jovens recrutas: Vargas, o suicida, e Juan, morto em combate. Ali aparecem não só horrores próprios da guerra, o procedimento pelo frio, a fome e o duro tratamento dos próprios comandantes militares, como também as histórias de amizade e companheirismo.
Crítica: interessante e com uma mensagem forte. Mostra muitos aspectos vividos e desconhecidos do público em geral, como memória e identidade.
É necessário entender a mensagem que o diretor quer transmitir. Sem uma análise detalhada e um grau de conhecimento não é possível julgar o filme que, por ter uma narrativa mais lenta, pode não agradar a todos.
Avaliação: ***

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sábado, 23 de setembro de 2006

Café da Manhã em Plutão

Título original: Breakfast on Pluto
País: Irlanda/Reino Unido
Ano: 2005
Gênero: Comédia
Duração: 135 min
Direção: Neil Jordan
Elenco: Cillian Murphy, Liam Neeson, Stephen Rea, Brendan Gleeson, Gavin Friday, Laurence Kinlan e Ruth Negga.

Sinopse: Patrick "Pussy" Braden (Cillian Murphy) é travesti numa pequena cidade da Irlanda. Filho de um relacionamento entre uma doméstica e o padre local, depois de abandonado pela mãe Patrick foi criado por Ma Braden (Ruth McCabe), que não suporta seu jeito afeminado. Juntamente com seus amigos Charlie (Ruth Negga), Irwin (Laurence Kinlan) e Laurence (Seamus Reilly), Patrick decide sair de casa e partir em busca de sua mãe verdadeira. Uma adaptação da obra literária de Patrick McCabe.

Crítica: Neil Jordan costuma retratar personagens que precisam lutar a cada dia para provar quem são (basta assistir aos seus trabalhos anteriores: “Traídos pelo Desejo” e “Entrevista com o Vampiro”). Sua preferência é pelos marginalizados. Então, em suas obras, ele tenta quebrar valores arcaicos e construir sua crítica social, sempre pautada por altas doses de humor, mesmo em seqüências que normalmente fariam o espectador sentir um nó na garganta. A violência é combatida com ironia. Em sua narrativa encontramos milagres, imaginação e beleza.
Por mais pesado que o tema possa parecer, o diretor consegue suavizá-lo com elementos de fantasia e o resultado é excelente: uma trama que flui bem e passa a sua mensagem. Claro que isso não seria possível sem a perfeita interpretação de Cillian Murphy, merecedora de indicação ao Oscar.
Um roteiro sensível, inteligente e divertido. E o clima dos anos 70 é embalado pela ótima e deliciosa trilha sonora da década. Uma pequena obra-prima. Recomendo!

Avaliação: ****

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O Diabo Veste Prada

Título original: The Devil Wears Prada
País: EUA
Ano: 2006
Gênero: Comédia
Duração: 109 min
Direção: David Frankel
Elenco: Meryl Streep, Anne Hathaway, Emily Blunt, Stanley Tucci, Adrian Grenier, Tracie Thoms, Rich Sommer, Simon Baker, Daniel Sunjata, Jimena Hoyos, Rebecca Mader, Tibor Feldman, Stephanie Szostak, David Marshall Grant, James Naughton, Gisele Bundchen, Heidi Klum e Valentino Garavani.

Sinopse: Andrea Sachs (Anne Hathaway) é uma jovem jornalista que conseguiu um emprego na Runaway Magazine, a mais importante revista de moda de Nova York. Ela passa a trabalhar como assistente de Miranda Priestly (Meryl Streep), principal executiva da revista. Apesar da chance que muitos sonhariam em conseguir, logo Andrea nota que trabalhar com Miranda não é tão simples assim.
Crítica: a ética e os princípios são esquecidos neste ambiente, devido ao desejo incessante do reconhecimento profissional. O filme revela também do que as pessoas são capazes para se enquadrar no padrão estereotipado de beleza e na competitiva relação de trabalho. Mostra as perspectivas de quem vive dentro e fora desse mundo. Mery Streep está divina como Miranda, uma editora poderosíssima de uma revista de moda. Temida e admirada ao mesmo tempo, altamente exigente, ditadora e centralizadora. Nunca agradece, nunca reconhece, acredita que as pessoas que trabalham com ela devem adivinhar seus próximos passos. Enfim, o filme (muito bem conduzido) é uma ótima sátira às grandes corporações da indústria da moda. Apesar de algumas previsibilidades, vale a pena assistir.
Avaliação: ***

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terça-feira, 19 de setembro de 2006

Nordeste

Título original: Nordeste
País: Argentina/França
Ano: 2005
Gênero: Drama
Duração: ?? min
Direção: Juan Diego Solanas
Elenco: Carole Bouquet, Aymará Rovera, Mercedes Sampietro, Ignacio Jiménez, Emílio Bardi, Juan Pablo Domenech, Jorge Román e Rodrigo Alejandro Hornos.

Sinopse: duas vidas paralelas que se cruzam: uma quarentona francesa solteirona que vai à América do Sul adotar uma criança, e uma humilde argentina do interior que não consegue sustentar a filha.

Crítica: com uma mensagem crítica, ainda que leve, o filme revela os horrores do Terceiro Mundo desvendados pelos olhos de Carole Bouquet, que vive a francesa.
O início da trama é lento, ganhando mais ritmo do meio para o final. A história é envolvente, mas não melodramática. Peca pela previsibilidade.
A fotografia é impecável e os atores são profundos em suas interpretações, como exige o contexto.

Avaliação: **

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sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Xeque-Mate

Título original: Lucky Number Slevin
País: EUA
Ano: 2006
Gênero: Policial, suspense
Duração: 109 min
Direção: Paul McGuigan
Elenco: Josh Hartnett, Morgan Freeman, Lucy Liu, Kevin Chamberlin, Janet Lane, John Ghaly, Ben Kingsley, Scott Gibson, Michael Rubenfeld, Peter Outerbridge, Stanley Tucci, Sam Jaeger, Kevin Chamberlin, Dorian Missick, Mykelti Williamson e Danny Aiello.

Sinopse: Slevin Kelevra (Josh Hartnett) está com vários problemas em sua vida. O prédio onde mora foi condenado, sua carteira de identidade foi roubada e ele, recentemente, flagrou sua namorada na cama com outro homem. Para escapar ao menos por algum tempo dos problemas, ele consegue emprestado com seu amigo Nick Fisher (Sam Jaeger) um apartamento em Nova York. Paralelamente, um plano está sendo tramado no submundo do crime de Nova York. Para se vingar da morte de seu filho, o Chefe (Morgan Freeman) planeja um golpe no filho de seu arquiinimigo, o Rabino (Ben Kingsley). O Chefe contrata Goodkat (Bruce Willis) para executar o plano, que consiste em encontrar um apostador que deva muito dinheiro ao Chefe a ponto de aceitar matar o filho do Rabino para se livrar da dívida. O escolhido é Nick Fisher, o que faz com que Goodkat vá até seu apartamento e confunda Slevin com seu alvo.
Crítica: um enredo intrigante e uma história eletrizante. Cenas bem feitas e acontecimentos em perfeita conexão.
O elenco é repleto de astros. E o final da trama é uma grande surpresa.
Um excelente suspense!
Avaliação: ****

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sábado, 9 de setembro de 2006

A Pequena Jerusalém

Título original: La Petite Jérusalem
País: França
Ano: 2005
Gênero: Drama
Duração: 94 min
Direção: Karin Albou
Elenco: Fanny Valette, Elsa Zylberstein, Bruno Todeschini, Hedi Tillette e Aurore Clément.

Sinopse: no subúrbio de Paris habitado por imigrantes judeus do norte da África conhecido como "Pequena Jerusalém”, a jovem judia Laura (Fanny Valette) se apaixona por rapaz muçulmano. Com ela vivem sua irmã mais velha, que estuda as leis hebraicas para satisfazer os desejos do marido religioso, e a avó supersticiosa.
Crítica: drama modesto e sério sobre os conflitos entre a modernidade e a religião no quadro do choque de culturas da França atual.
A jovem Laura é de família judia ortodoxa e estuda filosofia em Paris, mirando-se no exemplo de Immanuel Kant. Mas tem problemas com o fato de morar no bairro judaico da periferia de Paris e sente-se atraída por um árabe de Tunísia, em situação ilegal na França. A obsessão sexual a deixa desorientada. Corre paralelamente a história de sua irmã mais velha, que não consegue ter prazer sexual por seguir rigorosamente as leis da religião, mas que muda ao ouvir os ensinamentos de uma orientadora religiosa para evitar que o marido seja infiel.
A crise da heroína não parece convincente porque, a princípio, o filme a havia marcado como uma estudiosa e informada filósofa – capaz, portanto, de racionalizar e entender o processo pelo qual está passando.
De qualquer forma, o longa dá uma visão interessante, sem forçar polêmicas, de um problema real e mais contemporâneo do que se imagina. Tudo mostrado com simplicidade, boa fotografia e até talento. Fanny Valette, que vive a protagonista, foi indicada aos Césars (o Oscar francês) de longas, como estreante e revelação.

Avaliação: **

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terça-feira, 22 de agosto de 2006

Piratas do Caribe 2 – O Baú da Morte

Título original: Pirates of the Caribbean: Dead Man's Chest
País: EUA
Ano: 2006
Gênero: Aventura
Duração: 145 min
Direção: Gore Verbinski
Elenco: Johnny Depp, Orlando Bloom, Keira Knightley, Bill Nighy, Keith Richards, Mackenzie Crook, Geoffrey Rush, Jack Davenport, Chow Yun-Fat, Stellan Skarsgård e Naomie Harris.

Sinopse: desta vez, Johnny retorna como o Capitão Jack Sparrow e é pego em mais uma intrínseca teia de intriga sobrenatural. Na verdade, o Capitão Jack possui uma dívida de sangue com o lendário Davey Jones, temido pirata das profundezas do oceano e capitão do navio fantasma Holandês Voador. Se Jack não descobrir uma saída esperta para o problema, será amaldiçoado com uma vida após a morte de eterna escravidão e danação. E, como se não bastasse, os problemas do Capitão Jack arruinam os planos de casamento do feliz casal Will Turner e Elizabeth Swann, que logo se vêem envolvidos nas desventuras de Jack.
Crítica: a produção se saiu muito bem ao dar sequência a um filme que, a princípio, não era para ter continuidade. O roteiro poderia ter ficado fraco e/ou repetitivo, mas não é o que acontece. Tudo aqui é uma aventura nova e eletrizante, uma historia que só traz menções ao passado e não tem quase ligação.
O roteiro, novamente, tem de tudo: ação, aventura, fantasia, comédia (até demais) e romance.
A direção de arte é impecável. Os efeitos especiais causam grande impacto, principalmente no Holandes Voador e sua tripulação. A primeira cena em que o navio surge, emergindo do fundo do mar, é absolutamente surpreendente. A trilha sonora é perfeita, com uma melodia adequada para cada instante.
Johnny Depp rouba a cena como sempre, carismático, excêntrico e repleto de trejeitos em seu fabuloso personagem.
Já o casal Will Turner e Elizabeth Swan, vividos respectivamente por Orlando Bloom e Keira Knightley, não estão tão bem quanto na primeira versão. Parecem estar perdidos ou um pouco arrastados na trama.
Resumindo, o ‘Báu da Morte’ é uma ótima produção. O melhor é não tentarmos comparar com o primeiro, que realmemte foi bastante marcante.
Curiosidade: 'Piratas do Caribe – O Baú da Morte' e o terceiro filme foram rodados simultaneamente, com o lançamento dos filmes ocorrendo com a diferença de um ano.
Avaliação: ****

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sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Anjos do Sol

Título original: Anjos do Sol
País: Brasil
Ano: 2006
Gênero: Drama
Duração: 90 min
Direção: Rudi Lagemann
Elenco: Antonio Calloni, Vera Holtz, Chico Diaz, Roberta Santiago, Otávio Augusto, Mary Sheyla, Darlene Glória, Bianca Comparato e Fernanda Carvalho.

Sinopse: conta a saga da menina Maria, de quase doze anos, que no verão de 2002 é vendida pela família, que vive no interior do nordeste brasileiro, a um recrutador de prostitutas, imaginando que a garota estaria indo viver em um local melhor, pois não sabiam do que se tratava exatamente o recrutamento. Depois de ser comprada em um leilão de meninas virgens, Maria é enviada para um prostíbulo localizado numa pequena cidade, vizinha a um garimpo, na floresta amazônica. Após meses sofrendo abusos, Maria consegue fugir e atravessa o Brasil na carona de caminhões. Ao chegar ao seu novo destino, o Rio de Janeiro, a prostituição se
coloca novamente no seu caminho e suas atitudes, frente aos novos desafios, se tornam inesperadas e surpreendentes.
Crítica: o filme trata de um assunto pouco explorado em filmes brasileiros: a prostituição infantil, uma das tristes facetas do nosso país. A realidade dura e cruel é retratada na trama, que conta com boa atuação das atrizes mirins, mas quem rouba mesmo a cena, no papel de carrasco, é Antonio Calloni. Recomendadíssimo.
Curiosidade: logo em sua primeira sessão pública, durante o ‘Miami International Film Festival’, arrematou o prêmio do júri popular para Melhor Longa de Ficção Ibero-Americano.
Avaliação: ***

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domingo, 6 de agosto de 2006

Zuzu Angel

Título original: Zuzu Angel
País: Brasil
Ano: 2006
Gênero: Drama
Duração: 103 min
Direção: Sergio Rezende
Elenco: Patrícia Pilar, Daniel de Oliveira, Luana Piovani, Leandra Leal, Othon Bastos, Paulo Betti, Ângela Vieira e Elke Maravilha.

Sinopse: Zuzu Angel, uma estilista de sucesso que projetou a moda brasileira no mundo; uma mãe quer travou uma luta contra tudo e todos na busca pelo seu filho Stuart. Os anos 70 viram o mundo de pernas para o ar. No Brasil, a carreira de Zuzu Angel (Patrícia Pillar) como estilista começa a deslanchar enquanto seu filho Stuart (Daniel de Oliveira) ingressa no movimento estudantil, contrário à ditadura militar então virgente no país. Stuart é preso, torturado e assassinado pelos agentes do Centro de informações de Aeronáutica, sendo dado como desaparecido político. Zuzu passa, então, a denunciar as torturas e a morte do filho. Suas manifestações ecoaram no Brasil, no exterior e em sua moda.
Crítica: o longa retrata fielmente a vida de Zuzu Angel e mostra um pouco (bem pouco) do que foi a ditadura militar no Brasil. Infelizmente, a trama segue de forma razoável, sem surpreender muito. Falta força e convição à história. Por exemplo, a representação do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), do qual Stuart participou e que causou muita dor de cabeça aos militares, no filme aparece como apenas mais um movimento estudantil, sem maior relevância.
O que poderia ser um grande trabalho informativo transformou-se em outro simples filme global, em parte devido ao fraco elenco (com exceção de Daniel de Oliveira). Mesmo assim, pela importância histórica da época, vale a pena conferir.
Avaliação: ***

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sábado, 5 de agosto de 2006

Crianças Invisíveis

Título original: All the Invisible Children
País: Itália
Ano: 2005
Gênero: Drama
Duração: 119 min
Direção: Mehdi Charef, Emir Kusturica, Spike Lee, Kátia Lund, Jordan Scott, Ridley Scott e Stefano Veneruso.
Elenco: -

Sinopse: sete países, sete diretores, sete realidades infanto-juvenis retratadas em histórias curtas, mas, todas com grande profundidade no que tange ao mundo criança dos respectivos países.
Crítica: o grande mérito do trabalho é mostrar de forma franca e objetiva o início das vidas de centenas de crianças, de sete países, principalmente no que diz respeito à situação socioeconômica. As duras realidades, muitas vezes sem inocência, afeto ou amor, chocam e emocionam. Difícil não se sentir incomodado com o que se vê na tela.
As crianças invisíveis são da África do Sul (Mehdi Charef), da Servia-Montenegro (Emir Kusturica), dos Estados Unidos Spike Lee), do Brasil (Kátia Lund), da Inglaterra (Ridley Scott), da Itália (Stefano Veranuso) e da China (Jonh Woo). Histórias distantes, mas todas como fiéis retratos das crianças do mundo atual, seres tão jovens e tão sofridos, cercados pela miséria e violência, e que, ainda assim, têm um certo brilho escondido no olhar em busca de uma pequena alegria que seja.
O questionamento é: o que podemos fazer para mudar isso? Que mundo as espera no futuro? Crianças abandonadas, escravizadas, humilhadas, subestimadas, prostituídas, não amadas e largadas à sorte.
Avaliação: ***

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quarta-feira, 2 de agosto de 2006

Às Margens do Rio Sagrado

Título original: Water
País: Canadá/Índia
Ano: 2005
Gênero: Drama, romance
Duração: 117 min
Direção: Deepa Mehta
Elenco: Sarala, Lisa Ray, Seema Biswas, Kulbhushan Kharbanda, Waheeda Rehman, Raghuvir Yadav, Vinay Pathak, Rishma Malik, John Abraham, Mohan Jhangiani e Deepa Mehta.

Sinopse: aos 8 anos de idade, na Índia dos anos 30, Chuyia não é apena casada: é já viúva. E nunca conheceu o marido. De acordo com a tradição, Chuyia é enviada para uma casa que acolhe viúvas – uma casa onde estas são obrigadas a ficar, isoladas da sociedade, até ao final das suas vidas, sem que possam alguma vez voltar a casar. Lá, conhece Kalyani, uma bela e jovem viúva de quem se torna amiga, que ousa desafiar as regras apaixonando-se por um jovem. Também ele está disposto a confrontar-se com a tradição instituída.

Crítica: o drama é ambientado nos anos de 1930, quando a Índia buscava sua independência da Inglaterra. Nesse cenário, um grupo de mulheres viúvas luta por seus direitos. Elas são lideradas por uma mulher que quer escapar das rígidas restrições sociais impostas às viúvas. Seu objetivo terá o apoio de um homem da classe baixa e seguidor dos pensamentos de Mahatma Gandhi.
O cenário é muito bem recriado, atento aos detalhes; as interpretações são boas (algumas poderiam ser melhores); e o roteiro não deixa nada a desejar.
A história bastante coerente faz inúmeras críticas ao sistema de castas vigente na Índia, ao tratamento dado às mulheres, às tradições milenares que permeiam as famílias, tornando-as, na maioria das vezes, extremamente autoritárias. Nessa sociedade, pessoas buscam a feliciade e o sentido da vida.
Comovente e incisivo. Vale a pena conferir.

Avaliação: ***

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sábado, 22 de julho de 2006

A Criança

Título original: L’Enfant
País: Bélgica/França
Ano: 2005
Gênero: Drama
Duração: 95 min
Direção: Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne
Elenco: Jérémie Renier, Déborah François, Jérémie Segard, Fabrizio Rongione, Olivier Gourmet, Mireille Bailly, Jean-Michel Balthazar, Stéphane Bissot e Frédéric Bodson, Olindo Bolzan, Annette Closset, Samuel De Ryck e Anne Gerard.

Sinopse: Bruno (Jérémie Renier) e Sonia (Déborah François) são dois jovens delinquentes que sobrevivem de pequenos roubos. Namorados, acabam de ter um bebê. Enquanto tentam lidar com a própria sobrevivência e da criança, descobrem uma nova forma de aplicar golpes: o bebê.

Crítica
: aborda temas atuais e comuns a muitas famílias: a gravidez precoce e o consequente despreparo para tal situação. O peso da responsabilidade é inevitável, as mudanças, inúmeras.
A trama segue bem com a performance competente de seus protagonistas.
Duro, difícil e pesado, o filme toca e comove, por vezes sendo até depressivo.  

Avaliação
: *** 

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terça-feira, 18 de julho de 2006

Sonhadora

Título original: Dreamer: Inspired by a True Story
País: EUA
Ano: 2005
Gênero: Drama
Duração: 106 min
Direção: John Gattins
Elenco: Kurt Russell, Dakota Fanning, Kris Kristofferson, Elisabeth Shue, David Morse, Freddy Rodríguez, Luis Guzmán, Oded Fehr, Ken Howard, Holmes Osborne, Antonio Albadran, John Moyer, Kayren Butler, Tommy Barnes e Frank Hoyt Taylor.

Sinopse: treinador (Russell) e sua filha (Fanning) fazem de tudo para tratar de um cavalo doente a fim de que o animal volte a ser saudável e esteja preparado para participar de um campeonato de corrida.
Crítica: apesar de ser um drama absurdamente previsível e clichê, conta com um bom elenco e momentos vibrantes, e seu maior mérito é fazer os espectadores esquecerem desses problemas para apreciar os momentos emocionantes que proporciona.
Piegas ao extremo em certos instantes, talvez até um pouco manipulador, mas ao contrário da maioria dos filmes que possuem essas características negativas, há talento real envolvido na produção. Não há como negar que Dakota Fanning é uma grande estrela mirim (já não tão mirim assim).
Kurt Russel é outro ator presente no papel principal. Suas cenas são boas e ele consegue fazer ao mesmo tempo papel de vilão e mocinho, quando se redime de seus erros. Obviamente os textos não são nada originais, contudo algumas cenas em que colide com seu amargurado pai, Pop Crane (Kris Kristofferson), merecem elogios. O resto do elenco coadjuvante está bem desempenhado, ainda que absolutamente todos os papéis sejam, assim como o roteiro, clichês.
Enfim, o longa comove e deve ser visto por toda a família.

Avaliação: ***

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sábado, 15 de julho de 2006

Elsa e Fred – Um Amor de Paixão

Título original: Elsa y Fred
País: Espanha/Argentina
Ano: 2005
Gênero: Comédia
Duração: 108 min
Direção: Marcos Carnevale
Elenco: Manuel Alexandre, China Zorrilla, Federico Luppi, Blanca Portillo, Roberto Carnaghi e José Ángel Egido.

Sinopse: Fred (Manuel Alexandre) tem mais de 80 anos e descobre que está doente. Quando ele conhece uma nova vizinha, a espivetada Elsa (China Zorrilla) – também na casa dos 80 anos –, descobre que nunca é tarde para realizar sonhos e viver novas experiências.

Crítica: uma lição de vida que desbanca os preconceitos e valoriza os sentimentos reais. O importante é não desistir da própria vida e fazer dela o melhor.
O conteúdo é ótimo, a história é engraçada e tudo isso se deve à excelente interpretação dos atores.
Um filme para se ver e recomendar.
Avaliação: ***

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sexta-feira, 14 de julho de 2006

Pais, Filhos & Etc

Título original: Père et Fils
País: França/Canadá
Ano: 2003
Gênero: Comédia, drama
Duração: 95 min
Direção: Michel Boujenah
Elenco: Philippe Noiret, Charles Berling, Bruno Putzulu e Pascal Elbé.

Sinopse: Léo (Philippe Noiret) está fazendo 70 anos. Viúvo e solitário, ele sequer pode comemorar o aniversário com seus três filhos, pois eles não se falam. David (Charles Berling) assumiu o negócio da família, está rico e ressentido; Max (Bruno Putzulu) se demitiu por discordar do irmão; e Simon (Pascal Elbé), o caçula, continua a agir como um adolescente que odeia responsabilidades. Seu sonho é poder viver em paz com os rapazes. E inventa uma mentirinha para viajar para Quebec, onde quer ver, ao vivo e a cores, as baleias. Na estrada todos se estranham, mas sabem que estão juntos por uma boa causa. Afinal, o pai vai fazer uma operação delicadíssima. Aquelas podem ser suas últimas semanas de vida.
Crítica: leve e delicado, o filme aborda as complicadas relações humanas. Com um roteiro criativo, diálogos inteligentes e boas atuações, somos transportados para as situações retratadas e obrigados a refletir sobre quantas vezes não agimos de tal maneira. Uma boa dica para toda a família.
Avaliação: ***

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A Intérprete

Título original: The Interpreter
País: EUA
Ano: 2005
Gênero: Suspense, ação
Duração: 128 min
Direção: Sydney Pollack
Elenco: Nicole Kidman, Sean Penn, Catherine Keener, Jesper Christensen, Maz Jobrani e Tsai Chin.

Sinopse: Silvia Broome (Nicole Kidman) é uma intérprete das Nações Unidas que, por acaso, ouve uma ameaça de morte a um chefe de estado africano, planejada para ocorrer em plena Assembléia das Nações Unidas. Como a conversa ocorreu em um raro dialeto africano, poucas pessoas seriam capazes de compreendê-lo. A ameaça faz com que a vida de Silvia se transforme totalmente, passando a receber proteção do agente federal Tobin Keller (Sean Penn). Keller por sua vez vasculha o passado de Silvia, encontrando cada vez mais motivos para desconfiar dela. Ele fica então em dúvida se deve realmente protegê-la ou se Silvia está envolvida em uma conspiração internacional.

Crítica: uma superprodução com grandes astros e estrelas é a fórmula hollywoodiana de sucesso.
Como pano de fundo, questões políticas, raciais, diplomáticas e econômicas internacionais. Sendo ficção, criaram um país africano que não está no mapa (Matobo). A trilha sonora é tensa, tem bons momentos de suspense e mistério e uma boa fotografia.
Mas falta um engajamento maior nas situações tratadas no filme: territorioalidade, controle político, economia, indústria, negócios e paz. Enfim, por ser ficcional demais faltou convencimento aos fatos.

Avaliação: ***

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terça-feira, 4 de julho de 2006

Injustiçados

Título original: The Exonerated
País: EUA
Ano: 2005
Gênero: Drama
Duração: 95 min
Direção: Bob Balaban
Elenco: Susan Sarandon, Danny Glover, Aidan Quinn, Brian Dennehy, Delroy Lindo, Chris Bauer, Jessica Blank, Rob Bogue, David Brown Jr., Dennis Burkley e Bobby Cannavale.

Sinopse: baseado em uma peça que, nos palcos, foi representada pelo casal Tim Robbins (de Sobre Meninos e Lobos) e Susan Sarandon (de Doidas Demais) e que fala sobre um polêmico caso de seis prisioneiros que são condenados injustamente à pena de morte e que esperam pelo dia de sua execução. Além de desesperados, eles apresentam um estado de revolta e impotência, já que não existe jeito de reverter seus destinos, ainda mais pelo fato de serem todos culpados injustamente.
Crítica: com estilo documental, o drama é forte e emocionante. Debate com profundidade e conhecimento a pena de morte e suas consequências, mas sem julgamentos.
O elenco exemplar é o ponto alto do filme.

Avaliação: ***

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domingo, 2 de julho de 2006

Mistérios da Carne

Título original: Mysterious Skin
Ano: 2004
País: Holanda/EUA
Gênero: Drama
Duração: 99 min
Direção: Gregg Araki
Elenco: Brady Corbet, Elisabeth Shue, Michelle Trachtenberg, Bill Sage, Jeffrey Licon, Lisa Long, Chris Mulkey, Richard Riehle, David Lee Smith, Ryan Stenzel, Mary Linn Rajskub, Billy Drago, Chase Ellison, George Webster, Rachael Nastassja Kraft e Riley McGuire.

Sinopse: Brian Lackey (Brady Corbet) é um jovem problemático de 18 anos, traumatizado por um episódio que aconteceu em seu passado: criou-se um lapso de tempo em sua memória aos oito anos. Cinco horas lhe faltam e cada vez mais o jovem sente a falta desses momentos, já que não sabe o que aconteceu para que o fenômeno tenha ocorrido. Perturbado por pesadelos, Brian acredita que foi vítima de abdução alienígena. Neil McCormick (Joseph Gordon Levitt), no entanto, é aquele típico bad boy que conquista o coração das garotas e também do treinador do time de beisebol, durante sua infância. Quando seus caminhos se cruzam, eles descobrem que as memórias mais importantes de suas vidas não são o que parecem.
Crítica: uma trama forte, ousada, envolvente e misteriosa. O diretor soube trabalhar com elementos que parecem, quase até o final, que nada tem a ver um com o outro. A ordem em que os acontecimentos são passados é perfeita para o desenrolar da história. Na maioria do tempo, o clima é tenso, levando-nos a refletir sobre como alguns acontecimentos na vida podem marcá-la ou mudá-la para sempre. A interpretação de todos os atores é excelente. O filme trata de temas polêmicos e repletos de tabus com tanta maestria, que merecia um maior reconhecimento do público. Não deixe de ver.
Avaliação: ****

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sábado, 1 de julho de 2006

Freud em Viena

Título original: Freud in Wien
País: Alemanha
Ano: 2005
Gênero: Documentário
Duração: 44 min
Direção: John Huston
Elenco: Montgomery Clift, Susannah York, Larry Parks, Susan Kohner, Eileen Herlie, Fernand Ledoux, David McCallum, Rosalie Crutchley, David Kossoff, Joseph Fürst, Alexander Mango, Leonard Sachs e Eric Portman.

Sinopse: documentário inédito que conta a história da Universidade de Viena, uma das mais tradicionais instituições de ensino da Europa, a partir da trajetória de seu mais célebre aluno: Sigmund Freud (1856 - 1939), o pai da Psicanálise.

Crítica: da Idade Média à atualidade, o filme apresenta um interessante panorama histórico, intelectual e cultural da cidade de Viena e da jornada de Freud, que iniciou seus estudos pela utilização da hipnose como método de tratamento para pacientes com histeria.
Suas teorias e seu tratamento com pacientes foram controversos na Viena do século XIX, e continuam sendo muito debatidos até hoje.
Uma lição para ser assistida, pena que sucinta demais.

Avaliação: ***

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Refém

Título original: Hostage

País: EUA/Alemanha

Ano: 2005

Gênero: Ação

Duração: 113 min

Direção: Florent Emilio Siri

Elenco: Bruce Willis, Kevin Pollak, Jimmy Bennett, Michelle Horn, Ben Foster, Jonathan Tucker, Marshall Allman, Serena Scott Thomas, Rumer Willis, Kim Coates, Robert Knepper, Tina Lifford e Ransford Doherty.

 

Sinopse: o negociador Jeff Talley deixa o Departamento de Polícia de Los Angeles (L.A.P.D) e sua família após uma experiência traumática. Mas ele não consegue paz, já que três criminosos chegam à pequena cidade em que ele é o delegado e fazem um homem e seus dois filhos de reféns.


Crítica
: apesar do bom enredo e suspense, não há surpresas. É a mesma fórmula de sempre do cinema hollywoodiano, com muita ação e violência. A atuação de Bruce Willis é exemplar.

Um filme para entreter somente.


Avaliação
: ***

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terça-feira, 20 de junho de 2006

Tudo por Prazer

Título original: Tout pour Plaire
País: França
Ano: 2005
Gênero: Drama, comédia
Duração: 109 min
Direção: Cécile Telerman
Elenco: Anne Parillaud, Mathilde Seigner, Judith Godrèche, Mathias Mlekuz, Thierry Neuvic, Pascal Elbé, Pierre Cassignard, Pascal Elso, Marc Citti, Léo Legrand, Arthur Chazal, Bernard Yerlès, Riton Liebman, Soria Moufakkir, Léa Raud, Thomas Doucet, Claudine Regnier e Mauricette Gourdon.

Sinopse: três mulheres diferentes: Marie (Judith Godrèche) é uma médica cujo marido é um pintor que não vende nenhuma tela e vive às suas custas. Florence (Anne Parillaud) trabalha em uma agência de marketing. Ela é casada com um homem de negócios que viaja muito ao exterior e não demonstra nenhuma paixão. Juliette (Juliette Fischer), a solteira das três, namora um estudante de filosofia incapaz de se comprometer. Essas amigas se reúnem para falar dos seus relacionamentos e amores com os homens de suas vidas.
Crítica: o filme discute relacionamentos de forma inteligente, com situações comuns entre casais e com bons diálogos.
A história é leve e flui muito bem, graças ao roteiro e ao elenco. Destaque para Mathilde Seigner, que vivi Juliette.
A mistura de drama e comédia tem o equilíbrio certo e ressalta o quanto a amizade é importante para suportar os atropelos da vida.
Uma trama agradável para assistir só, a dois ou com amigos.
Avaliação: ***

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sexta-feira, 2 de junho de 2006

Fora de Rumo

Título original: Derailed
País: EUA/Reino Unido
Ano: 2005
Gênero: Suspense
Duração: 107 min
Direção: Mikael Håfström
Elenco: Clive Owen, Jennifer Aniston, Vincent Cassel, Melissa George, RZA, Addison Timlin, Tom Conti, Xzibit, Giancarlo Esposito e David Morrissey.

Sinopse: um encontro casual entre Charles Schine (Clive Owen) e Lucinda Harris (Jennifer Aniston) evolui para uma conversa mais íntima e termina numa noite romântica. Até aí era tudo obra do destino, mas o que eles não esperavam é que o destino preparasse uma armadilha. De repente um estranho aparece para revirar o mundo dos dois, com ameaças de expor a paixão proibida (já que ambos são casados) com chantagens e jogos de mau gosto que eles nunca sonharam viver. Baseado no livro de James Siegel.

Crítica: para quem gosta do gênero, vai se decepcionar, pois o desenvolvimento da trama e todos os seus desdobramentos são facilmente previsíveis.
Uma boa produção, mas previsível demais. Vale como diversão.

Avaliação: ***

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quinta-feira, 1 de junho de 2006

Boa Noite e Boa Sorte

Título original: Good Night and Good Luck
País: EUA
Ano: 2005
Gênero: Drama
Duração: 93 min
Direção: George Clooney
Elenco: David Strathairn, Rose Abdoo, Alex Borstein, Robert John Burke, David Christian, Patricia Clarkson, George Clooney, Jeff Daniels, Reed Diamond, Robert Downey Jr. e Tate Donovan.

Sinopse: Edward R. Murrow (David Strathairn) é um jornalista de TV que pretende desmascarar as falcatruas políticas do senador norte-americano Joseph McCarthy. Baseado em história verídica.
Crítica: filmado em preto e branco, em uma monteagem similar a um documentário, o longa recria os estúdios e bastidores do jornalismo na rede de televisão CBS durante os anos 1950 em Nova York. Naquela época, os homens usavam camisetas brancas e ternos escuros, as mulheres serviam o café junto com os jornais matutinos e todos fumavam o tempo todo.
Clooney faz o papel do lendário produtor Fred Friendly, em meio a um elenco talentoso. Como braço direito do jornalista lendário Edward R. Murrow (David Strathairn, em uma excelente interpretação, tanto que foi indicado ao Oscar), situa o espectador praticamente o tempo todo dentro da redação da CBS, mostrando os bastidores de uma das mais importantes batalhas jornalísticas da história americana.
Clooney retrata o embate entre Murrow, âncora do programa de TV da CBS “See it Now” (algo como Veja Agora), e o senador Joseph McCarthy, que nos Estados Unidos Pós-Segunda Guerra Mundial incitou uma verdadeira e infundada caça às bruxas a qualquer pessoa suspeita de flertar com o comunismo.
O longa recorre às imagens de arquivo da TV da época para retratar o senador McCarthy. Talvez nenhum ator fosse mesmo mais eficiente que o próprio McCarthy para estampar toda a sua insensatez.
A obra tem ainda o mérito de levantar questões universais, como a importância do direito de discordar e o próprio papel da TV para o crescimento das nações. A pressão exercida – e muito bem mostrada no filme – sobre o jornalista Murrow e sua equipe esclarece o quanto é difícil manter a liberdade de expressão em mídias invariavelmente sustentadas por anunciantes.
Por fim, o discurso de Murrow ao receber uma homenagem – já nos momentos finais do filme – alerta como poucos sobre o papel da TV (para o bem e para o mal) na formação das sociedades. Só por isso, já vale o ingresso.
Avaliação: ****

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domingo, 28 de maio de 2006

A Lula e a Baleia

Título original: The Squid and the Whale
País: EUA
Ano: 2005
Gênero: Comédia, drama
Duração: 81 min
Direção: Noah Baumbach
Elenco: Jeff Daniels, Laura Linney, Jesse Eisenberg, Owen Kline, Halley Feiffer, Anna Paquin, William Baldwin e David Benger.

Sinopse: Brooklyn, 1986. Bernard Berkman (Jeff Daniels) já foi um romancista de grande sucesso, sendo que sua esposa Joan (Laura Linney) começa a despontar na área. Tanto Bernard quanto Joan já desistiram de seu casamento, com ambos deixando seus filhos, Walt (Jesse Eisenberg) e Frank (Owen Kline), à própria sorte. Para Walt esta situação serve como aprendizado e amadurecimento, mas para Frank trata-se de uma transição complicada pela qual será obrigado a passar.
Crítica: filmes que criticam em tom ácido a instituição familiar representam uma sólida tradição no cinema independente nos Estados Unidos. “A Lula e a Baleia” é um representante do gênero, porém com uma relevante diferença: o diretor escolheu, para explorar, não um núcleo familiar conservador e suburbano, como é de praxe, mas um casal de burgueses intelectuais de esquerda.
Um detalhe que faz toda a diferença, porque a maioria dos filmes independentes ataca o americano médio, aquele morador do subúrbio que é favorável à pena de morte, vota no Partido Republicano, apoiou a invasão ao Iraque. Já “A Lula e a Baleia” volta-se contra a parcela da população mais liberal e intelectualizada. É um grupo que freqüenta ou freqüentou uma universidade, critica a política externa de George W. Bush e se preocupa com os efeitos do aquecimento global.
É verdade que o cineasta foi sábio ao personalizar cada um dos quatro integrantes da família, de forma que o filme jamais assume estar atacando um grupo social inteiro. Ou seja, o longa não tem a pretensão de falar sobre todas as famílias; deseja contar a história de uma só, com foco explicitamente voltado para o devastador efeito que o divórcio litigioso de um casal, com insultos e chantagem emocional de parte a parte, tem sobre os filhos. Nesse sentido, a obra acerta em cheio seu propósito. É uma história tocante, especialmente se o espectador vem de um lar que guarde alguma semelhança com os personagens.
O enredo é autobiográfico, e isso é assumido pelo diretor, inclusive na ambientação da história: o começo dos anos 1980, quando Noah Baumbach era um adolescente mais ou menos da idade de Walt (Jesse Eisenberg), o filho mais velho.
“A Lula e a Baleia” é um filme de personagens, cujo maior mérito é revelar um diretor e roteirista com grande talento para trabalhá-los. Jeff Daniels e Laura Linney como os protagonistas estão em perfeita sintonia, assim como os dois garotos que integram a família. Vale a pena conferir.
Curiosidade: foi feito em somente 23 dias e com um orçamento de apenas US$ 1,5 milhão. Mesmo assim atraiu bons atores, como Jeff Daniels, mostrando uma faceta diametralmente oposta de sua verve cômica, mais conhecida por filmes como “Debi e Lóide” (1994).
Avaliação: ***

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sábado, 27 de maio de 2006

Araguaya - A Conspiração do Silêncio

Título original: Araguaya – Conspiração do Silêncio
País: Brasil
Ano: 2004
Gênero: Drama
Duração: 105 min
Direção: Ronaldo Duque
Elenco: Norton Nascimento, Françoise Forton, Danton Mello, Narcisa Leão, Stephane Brodt, Fernanda Maiorano, Rasanne Holland, Cássia Kiss, Rômulo Augusto, William Ferre e Fernando Alves Pinto.

Sinopse: no auge da ideologia da segurança nacional do Exército brasileiro, um partido de esquerda dissidente, militantes (a maioria jovem e inexperiente) e inocentes camponeses travam uma batalha contra o Exército em região onde a ambição e a miséria dominam. É onde também está o Padre Chico (Stephane Brodt), um religioso francês que chegou à região do Araguaia no início dos anos 60. A profunda identificação entre Padre Chico e os moradores fazem com que ele presencie eventos ligados à formação da Guerrilha do Araguaia.
Crítica: por se tratar de um grande e importante acontecimento na história do país, enredo não faltaria. Infelizmente, a direção de má qualidade e um elenco ruim não conseguem emocionar, traduzir o que passou nesse momento histórico e nem prender o interesse do espectador. O que se vê é uma sequência de falhas e de cenas desconexas. Perdeu-se, aqui, uma grande oportunidade de retratar aos brasileiros, principalmente jovens, a história que pouco conhecem. O destaque fica apenas para o padre Chico, interpretado por Stephane Brodt, que vive um dilema entre suas crenças religiosas e a situação com a qual se confronta.
Avaliação: *

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sexta-feira, 26 de maio de 2006

Caché

Título original: Caché
País: França/Áustria
Ano: 2007
Gênero: Drama
Duração: 117 min
Direção: Michael Haneke
Elenco: Juliette Binoche, Daniel Auteuil, Maurice Bénichou, Annie Girardot, Lester Makedonsky, Walid Afkir, Daniel Duval, Nathalie Richard, Denis Podalydès, Aïssa Maïga, Caroline Baehr e Christian Benedetti.

Sinopse: um dia Georges (Daniel Auteuil) e sua esposa Anne (Juliette Binoche) recebem uma fita de vídeo com imagens de sua casa, que fora filmada por uma câmara instalada na rua. Depois disso começam a receber desenhos sinistros. Assustado, o casal tenta descobrir o autor daquelas misteriosas ameaças que perturbam a paz de sua família. Logo percebem que quem os persegue conhece mais sobre o seu passado do que eles poderiam esperar.
Crítica: Caché começa de maneira indecifrável. Mostra o plano fixo de uma fachada residencial de classe média. Minutos depois, a imagem é rebobinada. A perda de referências é instantânea, pois existe uma câmera misteriosa que recorta uma realidade qualquer sem ser a do filme, e não sabemos a origem desse recorte, muito menos o seu destino. O estranho é que nada, inicialmente, distingue essa imagem solta da outra utilizada para contar a história em si.
Estamos na França. Georges Laurent (Daniel Auteuil em excelente interpretação) é apresentador de um programa de televisão sobre literatura, enquanto sua esposa Anne (Juliette Binoche) trabalha numa editora. O quadro familiar se completa com o filho adolescente, Pierrot (Lester Makedonsky). O casal é culto e possui amigos interessantes que visitam a casa com freqüência. Essa vida normal e tranqüila é abalada justamente pelo recebimento contínuo de fitas de vídeo. No início, elas parecem apenas vigiar a entrada da residência dos Laurent, mas logo chegam acompanhadas de embrulhos desenhados que ressaltam o elemento sangue. Esse detalhe aterroriza Anne e o marido. Novas fitas são entregues. Georges reconhece lugares que dizem respeito à sua infância.
O poder da vigilância é aterrorizante. As imagens estão relacionadas com um passado de egoísmo e discriminação que foi, aparentemente, esquecido. O sentimento de culpa vem à tona. Além disso, as fitas acarretam conflitos familiares, revelando relações pouco transparentes entre o casal.
A partir daí, contar o filme seria estragar o elemento surpresa. Mas a história desenvolve-se muito bem, levantando questionamentos sobre racismo, preconceito e desigualdades sociais. Vale a pena assistir e tirar suas conclusões, sobretudo no final da trama, que é uma incógnita.
Avaliação: ***

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sexta-feira, 19 de maio de 2006

O Código da Vinci

Título original: The Da Vinci Code
País: EUA
Ano: 2006
Gênero: Suspense
Duração: 152 min
Direção: Ron Howard
Elenco: Andrey Tatou, Tom Hanks, Jean Reno, Ian McKellen, Alfred Molina e Paul Bettany.

Sinopse: um professor da Universidade de Harvard, Robert Langdon (Tom Hanks) viaja para Paris a negócios. Especialista em simbolismo, recebe uma ligação no meio da noite sobre o assassinato do curador do Museu do Louvre. As pistas para o crime parecem estar escondidas no quadro Monalisa, de Leonardo Da Vinci. Com a ajuda da criptógrafa francesa Sophie Neveu (Andrey Tatou), descobre que o curador estava envolvido em uma misteriosa sociedade secreta. Os dois percorrem a Europa em busca da solução para esse misterioso caso.
Crítica: depois da quantidade de livros vendidos ao redor do mundo, é óbvio que a chegada de O Código da Vinci aos cinemas seria um fenômeno. Porém, o filme não chega aos pés da obra original. Tudo é muito atropelado, sem sal e com conteúdo mal explorado.
Não sou fã dessa literatura; apenas reconheço que possui enigmas muito bem descritos e detalhadamente resolvidos, o suficiente para prender a atenção dos leitores. A trama policial não me impressiona, mas tem um excelente pano de fundo com toda uma aula de história da arte.
Mas até no plano estético, a obra falhou. Nem as obras de arte têm o espaço merecido no filme. Toda a parte do museu do Louvre é vergonhosa, principalmente no que diz respeito à Mona Lisa. O quadro, talvez o mais famoso de todo o mundo, foi reduzido a segundo plano.
No livro, entende-se o porquê da escolha Mona Lisa na história e sua importância para tudo. No longa, uma série de informações é omitida para concentrar-se na pior parte: a intriga policial.
Ainda assim, a produção tem os seus méritos: a parte explicativa do quadro de ‘A Última Ceia’ ficou fantástica, adaptando com boa técnica as explicações do livro para a tela. Infelizmente, esse recurso não se estendeu às demais obras.
Mesmo com duas horas e meia de duração, o roteiro atropelou detalhes relevantes e desperdiçou tempo com algumas coisas desnecessárias. Para uma pessoa que não leu o livro, fica impossível entender tudo o que se passa na trama. Tudo é muito rápido e, simplesmente, jogado na tela.
Pior ainda que a ausência de dados, é a falta de sentimento. Em momento algum somos apresentados aos personagens para compreendermos suas motivações – um problema que não existe no livro. O final modificado é imperdoável, pois tira toda a carga emocional contida na obra literária e altera drasticamente a mensagem da história.
Curiosidade: os produtores não conseguiram permissão para usar iluminação artificial na Mona Lisa, o que vemos no filme é uma réplica.
O Ministério da Cultura francês permitiu que a equipe de filmagens rodasse cenas no interior do verdadeiro Museu do Louvre.
O livro ‘Código da Vinci’ já vendeu mais de 45 milhões de exemplares em todo o mundo.
Avaliação: ***

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