Ida
País: Polônia/Dinamarca
Ano:
2013
Gênero: Drama
Duração:
80 min
Direção: Pawel
Pawlikowski
Elenco: Agata
Kulesza, Agata Trzebuchowska e Halina Skocznska.
Sinopse: a jovem noviça Anna (Agata Trzebuchowska) está
pronta para prestar seus votos e se tornar freira, só que antes disso, por
insistência da Madre Superiora (Halina Skoczynska), vai visitar a única
familiar restante: tia Wanda (Agata Kulesza), uma mulher cínica e mundana,
defensora do Partido Comunista, que revela segredos sobre o seu passado. O nome
real de Anna é Ida, e sua família era judia, capturada e morta pelos nazistas.
Após essa revelação, as duas resolvem partir em uma jornada de
autoconhecimento, para descobrir o real desfecho da história da família e onde
cada uma delas pertence na sociedade.
Crítica: o filme todo filmado em preto e branco é o escolhido
como representante da Polônia na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro
em 2015.
Ida apela a uma profunda
reflexão sobre religiões, família, passado e presente, e, principalmente, que
implicações pode ter esse passado nas decisões futuras. Por mais que a trama
foque em uma espécie de reencontro com o passado, o grande objeto da narrativa
é a jornada de uma jovem que inicia a vida adulta e é obrigada a conviver com
erros e decepções.
Tudo acontece na Polónia
dos anos 60, onde Anna é uma noviça, prestes a celebrar os votos definitivos
para se tornar freira no convento onde vive desde que ficou órfã em criança.
Contudo, antes da celebração, a madre obriga-a a conhecer a única familiar
viva, a tia Wanda. Juntas, as duas mulheres embarcam numa viagem à descoberta
de si próprias e do passado que têm em comum.
Ida surpreende-nos pela sua
abordagem forte, mas sem juízos de valor. Tal como Anna, saímos da essência da
religião católica para conhecer o seu passado, as suas origens e a tragédia em
redor da sua família. Anna descobre um mundo novo, a sua nova realidade, o seu
verdadeiro eu. Afinal, a identidade religiosa de cada um pode viver
independente do passado e na ausência da experiência ou constrói-se à medida
que cada um cresce enquanto pessoa, conhecendo-se primeiro a si e ao mundo? A
reflexão fica lançada para o lado do espectador, mas cabe à jovem protagonista
tomar as decisões.
Ao conhecer Wanda, Anna
fica exposta a uma realidade que desconhece. A tia é o oposto da sobrinha. Uma
mulher magoada, de vida vulgar, que introduz, inevitavelmente, Anna às
tentações do mundo. A inocência e pureza guardadas tantos anos num convento são
agora postas à prova com a convivência entre estas duas mulheres tão diferentes
mas de personalidade definida.
Ao passarem alguns dias
juntas, elas se conhecem melhor. Ambas trazem novos pontos de vista, novas
experiências, ambas lutam por dar dignidade aos familiares mortos. Os opostos
atraem-se também nas relações familiares, ao que aqui parece. Crentes em
diferentes religiões, tia e sobrinha são um desafio mútuo. Wanda, juíza de
profissão, assume uma função quase divina, já que tem (ou teve) o poder de
decidir o destino de muitos, inclusive, condenando à morte. Anna, por seu lado,
ingénua e submissa, é um desafio para uma mulher aguerrida como Wanda. Cada uma
delas é para a outra a personificação daquilo em que não acreditam ou defendem.
As duas mulheres trazem reciprocamente mudanças fundamentais, para o melhor e
para o pior.
Personagens complexos,
cenas belas e muito para responder. Qual decisão tomar na vida? Eis a questão.
O diretor mergulha por
entre as sequelas do nazismo, por entre os dilemas da religião, na experiência
e no conhecimento da vida. Pawel Pawlikowski baseou-se em sua própria história
para o filme. Sua mãe era católica, seu pai era judeu, e mais tarde ela
descobriu que sua avó tinha morrido em Auschwitz.
Avaliação:
****
0 comentários:
Postar um comentário