Timbuktu
País: França/Mauritânia
Ano:
2014
Gênero: Drama
Duração: 96
min
Direção: Abderrahmane
Sissako
Elenco: Ibrahim
Ahmed dit Pino, Abel Jafri e Hichem Yacoubi.
Sinopse: Timbuktu está mergulhada em silêncio, portas
fechadas e ruas desertas. Já não há música, futebol e nem cigarros. Acabaram-se
as cores, os risos, e as mulheres tornaram-se sombras. Longe do caos, nas
dunas, Kidane leva uma vida tranquila com a mulher e sua a filha. Mas a
tranquilidade acaba quando Kidane mata um homem acidentalmente.
Crítica: coprodução da França e da Mauritânia agradou e superou
as expectativas quando apresentado no 67º Festival de Cannes. Agora, está na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Timbuktu baseia-se num caso real ocorrido na pequena
cidade de Aguelhok, no país vizinho, o Mali, em 2012: um casal com dois filhos
foi apedrejado até a morte pelo simples fato de não ser casado no papel.
Mas a narrativa do longa aposta em mais. Apresenta
várias famílias, casos e situações em que as novas “leis” impostas por grupos islâmicos
fanáticos (os jihadistas), sem qualquer razão plausível, interferem de forma
violenta, e deturpam o que há no Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos.
É interessante constatar que nem todos concordam com
aquilo e que se revoltam, mesmo que sejam presos. Mulheres protestam contra o
uso obrigatório de luvas e meias em público e outras se negam a colocar o véu;
pessoas continuam ouvindo ou tocando música apesar das proibições; mães se
negam a dar suas filhas para um desconhecido em um casamento “arranjado”.
O ambiente é turbulento e é lamentável ver uma família
simples e nômade, que vive no deserto do Saara, ver sua vida transformada,
ainda que não de forma direta pelas ações dos grupos fanáticos.
O filme dá um panorama da vida daquelas pessoas, sem
muita opção, a não ser receber as punições em nome da “sharia”, sejam elas chibatadas,
apedrejamento em público ou a morte por fuzilamento.
Ainda que nem todas as atuações estejam a contento, os
diálogos são bons e algumas cenas são realmente emocionantes, como a do futebol
sem bola (já que esta também é proibida), em que os meninos simulam uma partida
com direto a gol e tudo mais. Beber e fumar também não é permitido, mas um dos
integrantes da Jihad fuma escondido.
O relato duro é suficiente para fazer um alerta ao
mundo de que tais imposições que humilham e denigrem as pessoas, sobretudo as
mulheres, não podem continuar; e de que a violência e a injustiça precisam ser impedidas.
Nobres são as palavras de um religioso que questiona, numa
das cenas do longa, as ações em nome de Alá. Ele conversa com os homens e
questiona: “Onde está a piedade? Onde está a clemência? Onde está o perdão?”
Avaliação: ****
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