Passaporte para a Vida (Laissez-passer)
País: França/Alemanha
Ano:
2002
Gênero: Drama
Duração:170
min
Direção: Bertrand
Tavernier
Elenco: Jacques
Gamblin, Denis Podalydès, Charlotte Kady, Marie Desgranges, Simone Devaivre, Ged
Marlon, Philippe Morier-Genoud e Laurent Schilling.
Sinopse: durante a ocupação alemã na França, na Segunda
Guerra Mundial, uma empresa germânica começa a produzir filmes franceses.
Jean-Devaivre (Jacques Gamblin) é um assistente de direção que decide trabalhar
na Continental com o intuito de disfarçar suas atividades na resistência. Ele é
um homem de ação. Já o roteirista Jean Aurenche (Denis Podalydès) prefere
recusar todas as ofertas feitas pelos alemães. É um homem reflexivo, que se
encontra dividido entre as três amantes, e que faz da escrita a sua forma
particular de negar-se ao cerco nazista.
Crítica: a França, ocupada pelos alemães durante a
Segunda Guerra, era um lugar de incertezas, assim como todo país ameaçado pela
invasão, e mais inóspito ainda para a atividade artística. É nesse cenário que
se passa a trama, onde relações e sentimentos são confusos, onde tomar a atitude
certa é difícil.
O mundo estava em guerra,
Hitler avançava com suas tropas e os cidadãos franceses amargavam os reveses do
conflito no dia-a-dia, como a fome, o desemprego e a indignidade de ver sua
nação subjugada.
Tarvernier queria fazer um
filme que se passasse durante a ocupação e tivesse como pano de fundo a
produção cinematográfica. Para isso, cruzou as vivências de dois personagens
reais, o roteirista Jean Aurenche e o diretor Jean-Devaivre, e extraiu de suas
experiências um surpreendente e elucidativo panorama sócio-artístico-político
do período.
No filme, Aurenche (Denis
Podalydès) e Devaivre (Jacques Gamblin, vencedor do prêmio de Melhor Ator em
Berlim pelo papel), se veem diante de um dilema: continuar a fazer o que amam
ou se recusarem a contribuir com os alemães. Com o país em crise, uma das
poucas opções de trabalho está no estúdio Continental, de propriedade alemã.
O
pragmático Devaivre, assistente de direção na época, une o útil ao agradável ao
aceitar um emprego no estúdio. Além de conseguir alguma renda para a família,
lá é o lugar perfeito para camuflar sua atividade clandestina na resistência.
Aurenche, mais impulsivo e rebelde, tenta a todo o custo não aceitar um
trabalho dos alemães, enquanto se vê às voltas com sua agitada vida amorosa.
Para ajudar um amigo, acaba aceitando trabalhar para a Continental e descobre
ser possível fazer resistência com uma caneta na mão.
Em torno deles, outros
diversos personagens pontuam o filme com suas histórias peculiares de luta. Uns
se dedicando com afinco à profissão - driblando as adversidades e falta de
recursos como maneira de manter o orgulho vivo -, outros se arriscando em
atividades subversivas e de contestação, e tantos mais apenas preocupados com a
próxima refeição do dia. Mas o filme não os julga, apenas os retrata.
Nada é linear e previsível,
assim como a vida incerta das pessoas retratadas na história.
Uma obra bem dirigida e com
um roteiro capaz de envolver o espectador com cada personagem (boas atuações). Ao final, uma homenagem aos cineastas, roteiristas, técnicos e atores que fizeram
cinema em terreno estéril com criatividade e muita persistência.
Avaliação:
***
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