Boi Neon
País: Brasil/Holanda/Uruguai
Ano:
2015
Gênero: Drama
Duração: 101
min
Direção: Gabriel
Mascaro
Elenco: Juliano
Cazarré, Maeve Jinkings, Alyne Santana, Josinaldo Alves, Vinicius de Oliveira e
Samya De Lavor.
Sinopse: Iremar (Julliano Cazarré) é um vaqueiro de
curral que viaja pelo Nordeste, ao lado de Galega e a pequena Cacá. Por onde
passa Iremar recolhe revistas, panos e restos de manequins, já que seu grande
sonho é largar tudo para iniciar uma carreira como estilista no Polo de
Confecções do Agreste.
Crítica: a nova produção de Gabriel Mascaro (Ventos de
Agosto, de 2014) aposta num cinema de arte e agradou nos festivais internacionais
em que foi exibido.
Cinema de arte porque
realmente o filme apresenta cenas que impressionam como a de uma mulher que
dança vestindo uma cabeça de cavalo e usando sapatos que imitam o casco de
cavalo, e outras como a de um homem domando e acariciando o animal.
Mas a trama nos apresenta muito
mais: um prólogo anunciando um vaqueiro (Iremar) que gosta de moda e que quer
se tornar um estilista. Mesmo com uma simples máquina e pouquíssimo material,
consegue criar um belo modelito, após algumas tentativas, copiando de uma
revista.
A paisagem rústica não
deixa o espectador esquecer que o clima é difícil, que as chances de sua vida
mudar são escassas. Participam da sua vida Galega (Maeve Jinkings); Cacá (Alyne
Santana), que é filha da Galega; e um colega de trabalho, Mário (Josinaldo
Alves).
Com calma, o filme retrata
o dia a dia deles, a vida na estrada levando o gado para as vaquejadas, até que
alguns acontecimentos balançam essa rotina.
Nesse ponto, o enredo perde
um pouco a força, mas aposta em cenas fortes de sexo que rompem tabus. São
muito bem feitas e parecem, de fato, reais. Tais sequências poderiam fazer
parte da trama sem problema algum, mas desde que o foco do vaqueiro que sonha
em sair daquele lugar não tivesse sido esquecido. Há um momento que Iremar até
incentiva Cacá a sair dali para ir atrás do pai que sumiu.
Outra mostra de rompimento
com paradigmas num ambiente totalmente “machista” são o fato de uma mulher
dirigir um caminhão e ainda entender de mecânica (a atriz Maeve Jinkings); o
próprio Iremar passando roupa ou fazendo o café da manhã; o vaqueiro Júnior (Vinicius
de Oliveira) que aparece na segunda metade da trama (Vinicius de Oliveira)
alisando o cabelo; e a vendedora de cosméticos Geisi (Samya De Lavor) que toma
a iniciativa sobre Iremar.
Como ponto negativo há também
os diálogos baixos, em que os personagens falam rapidamente e com sotaque
regional. Muitas vezes, não se compreende o que eles dizem (e há expressões
interessantíssimas). Uma legenda resolveria isso facilmente – que é um problema
corriqueiro na cinematografia brasileira.
Contudo, isso não tira o mérito
de um filme diferente e mais humano – qualidades raras nos nossos filmes. A
atuação competente de Julliano Cazarré, a fotografia natural bem explorada e a
trilha sonora são também aspectos positivos que elevam a obra a um patamar
superior.
Avaliação:
***
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