A Grande Aposta (The Big Short)
País: EUA
Ano:
2015
Gênero: Biografia
Duração: 130
min
Direção: Adam McKay
Elenco: Christian
Bale, Steve Carell, Ryan Gosling e Brad Pitt.
Sinopse: Michael Burry (Christian Bale) é o dono de uma
empresa de médio porte, que decide investir muito dinheiro do fundo que
coordena ao apostar que o sistema imobiliário nos Estados Unidos irá quebrar em
breve. Tal decisão gera complicações junto aos investidores, já que nunca antes
alguém havia apostado contra o sistema e levado vantagem. Ao saber destes investimentos,
o corretor Jared Vennett (Ryan Gosling) percebe a oportunidade e passa a
oferecê-la a seus clientes. Um deles é Mark Baum (Steve Carell), o dono de uma
corretora que enfrenta problemas pessoais desde que seu irmão se suicidou.
Paralelamente, dois iniciantes na Bolsa de Valores percebem que podem ganhar
muito dinheiro ao apostar na crise imobiliária e, para tanto, pedem ajuda a um
guru de Wall Street, Ben Rickert (Brad Pitt), que vive recluso.
Crítica: baseado no livro escrito por Michael Lewis, “A
Jogada do Século”, o longa-metragem inicia alguns meses antes da complexa crise
imobiliária ocorrida nos Estados Unidos em 2008 eclodir.
Apesar do fundo dramático e
de se basear em fatos duramente reais, a trama foge do didatismo técnico e
inova com explicações, exemplos e recursos bem didáticos, usando números,
imagens e metáforas para mostrar como se chegou a tal colapso.
O foco está em quatro
grupos de investidores, protagonizados por Christian Bale, Steve Carell, Ryan
Gosling e Brad Pitt (em excelentes performances), cada um com suas
peculiaridades, mas com um objetivo comum: lucrar (muito) a partir da
destruição do sistema. Tal contrassenso moral é a crítica básica do
longa-metragem, apontada diretamente para o capitalismo: se o que importa é
lucrar a todo custo, por que não apostar na perda de empregos e na piora de
condições de vida da classe mais baixa da sociedade?
É importante ressaltar que,
por mais que haja um investimento pesado na tragédia, esta não é provocada
pelos "heróis" da trama. O grande mérito da trupe foi saber lidar com
a informação, quase imperceptível, de que o sistema estava se tornando
insustentável – o que, por outro lado, também não os isenta de torcer
descaradamente para que o pior aconteça. Este conflito de consciência até é
apresentado por meio dos personagens de Steve Carell (como Mark Baum) e Brad
Pitt (Ben Rickert), que em certos momentos lembram das consequências do que
está por vir. Ainda assim, isto jamais se torna maior que a busca pelo ganho
incessante. No fim das contas, serve mais como um lembrete ao espectador do que
está em jogo.
Carell é quem mais aparece
em cena. Seu semblante sempre cansado, como se permanentemente carregasse o
mundo em suas costas, é a síntese precisa do estado emocional do personagem e
do quão absurdo ele vê tudo o que acontece ao seu redor. É o principal crítico
interno da corrupção de Wall Street. Foi um dos primeiros a compreender as
conexões entre os preços de imóveis valorizados artificialmente, as práticas
fraudulentas de empréstimo e o tamanho do envolvimento dos bancos com o esquema.
Christian Bale (Michael
Burry) também brilha, com seus cacoetes de personagem desajustado socialmente.
É o primeiro a enxergar o tamanho da bolha e a provável derrocada de
instituições financeiras tidas como sólidas.
Ryan Gosling (Jared
Vennett) aparece, a princípio, como narrador dos fatos e conversando com o
público, até entrar no círculo de vez. Ele interpreta um funcionário do Deutsche
Bank, inspirado no hoje bilionário e pioneiro em apostar no desmoronar da economia
americana, Greg Lippman. A ganância desmedida ganha proporções cada vez
maiores, impulsionada também pelas denúncias de manipulação e fraude de todo o
sistema econômico norte-americano. É o capitalismo selvagem.
“A Grande Aposta” não é
primeiro filme a tratar da pior recessão global desde a crise de 1929 (assunto já
contemplado em “O Lobo de Wall Street”, “Margin Call – o Dia Antes do Fim”; e
no documentário “Trabalho Interno”, premiado com o Oscar), mas diferencia-se por
investigar detalhadamente os anos imediatamente anteriores à bolha que explodiu
em 2007; e pelo tratamento dados aos protagonistas. O deboche, as piadas e o
sarcasmo também ajudam a narrativa a fluir e, de fato, cutucar o espectador.
Os letreiros que sobem na
tela, ao final, referindo-se à quantidade de desempregados, inadimplentes e dívidas
americanas, são bastante incômodos.
Avaliação:
****
0 comentários:
Postar um comentário