segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A Grande Aposta (The Big Short)

País: EUA
Ano: 2015
Gênero: Biografia
Duração: 130 min
Direção: Adam McKay
Elenco: Christian Bale, Steve Carell, Ryan Gosling e Brad Pitt.

Sinopse: Michael Burry (Christian Bale) é o dono de uma empresa de médio porte, que decide investir muito dinheiro do fundo que coordena ao apostar que o sistema imobiliário nos Estados Unidos irá quebrar em breve. Tal decisão gera complicações junto aos investidores, já que nunca antes alguém havia apostado contra o sistema e levado vantagem. Ao saber destes investimentos, o corretor Jared Vennett (Ryan Gosling) percebe a oportunidade e passa a oferecê-la a seus clientes. Um deles é Mark Baum (Steve Carell), o dono de uma corretora que enfrenta problemas pessoais desde que seu irmão se suicidou. Paralelamente, dois iniciantes na Bolsa de Valores percebem que podem ganhar muito dinheiro ao apostar na crise imobiliária e, para tanto, pedem ajuda a um guru de Wall Street, Ben Rickert (Brad Pitt), que vive recluso.

Crítica: baseado no livro escrito por Michael Lewis, “A Jogada do Século”, o longa-metragem inicia alguns meses antes da complexa crise imobiliária ocorrida nos Estados Unidos em 2008 eclodir.
Apesar do fundo dramático e de se basear em fatos duramente reais, a trama foge do didatismo técnico e inova com explicações, exemplos e recursos bem didáticos, usando números, imagens e metáforas para mostrar como se chegou a tal colapso.
O foco está em quatro grupos de investidores, protagonizados por Christian Bale, Steve Carell, Ryan Gosling e Brad Pitt (em excelentes performances), cada um com suas peculiaridades, mas com um objetivo comum: lucrar (muito) a partir da destruição do sistema. Tal contrassenso moral é a crítica básica do longa-metragem, apontada diretamente para o capitalismo: se o que importa é lucrar a todo custo, por que não apostar na perda de empregos e na piora de condições de vida da classe mais baixa da sociedade?
É importante ressaltar que, por mais que haja um investimento pesado na tragédia, esta não é provocada pelos "heróis" da trama. O grande mérito da trupe foi saber lidar com a informação, quase imperceptível, de que o sistema estava se tornando insustentável – o que, por outro lado, também não os isenta de torcer descaradamente para que o pior aconteça. Este conflito de consciência até é apresentado por meio dos personagens de Steve Carell (como Mark Baum) e Brad Pitt (Ben Rickert), que em certos momentos lembram das consequências do que está por vir. Ainda assim, isto jamais se torna maior que a busca pelo ganho incessante. No fim das contas, serve mais como um lembrete ao espectador do que está em jogo.
Carell é quem mais aparece em cena. Seu semblante sempre cansado, como se permanentemente carregasse o mundo em suas costas, é a síntese precisa do estado emocional do personagem e do quão absurdo ele vê tudo o que acontece ao seu redor. É o principal crítico interno da corrupção de Wall Street. Foi um dos primeiros a compreender as conexões entre os preços de imóveis valorizados artificialmente, as práticas fraudulentas de empréstimo e o tamanho do envolvimento dos bancos com o esquema.
Christian Bale (Michael Burry) também brilha, com seus cacoetes de personagem desajustado socialmente. É o primeiro a enxergar o tamanho da bolha e a provável derrocada de instituições financeiras tidas como sólidas.
Ryan Gosling (Jared Vennett) aparece, a princípio, como narrador dos fatos e conversando com o público, até entrar no círculo de vez. Ele interpreta um funcionário do Deutsche Bank, inspirado no hoje bilionário e pioneiro em apostar no desmoronar da economia americana, Greg Lippman. A ganância desmedida ganha proporções cada vez maiores, impulsionada também pelas denúncias de manipulação e fraude de todo o sistema econômico norte-americano. É o capitalismo selvagem.
“A Grande Aposta” não é primeiro filme a tratar da pior recessão global desde a crise de 1929 (assunto já contemplado em “O Lobo de Wall Street”, “Margin Call – o Dia Antes do Fim”; e no documentário “Trabalho Interno”, premiado com o Oscar), mas diferencia-se por investigar detalhadamente os anos imediatamente anteriores à bolha que explodiu em 2007; e pelo tratamento dados aos protagonistas. O deboche, as piadas e o sarcasmo também ajudam a narrativa a fluir e, de fato, cutucar o espectador.
Os letreiros que sobem na tela, ao final, referindo-se à quantidade de desempregados, inadimplentes e dívidas americanas, são bastante incômodos.

Avaliação: ****

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