Amor Profundo (The Deep Blue Sea)
País: EUA/Reino Unido
Ano: 2011
Gênero: Drama
Duração: 98 min
Direção: Terence Davies
Elenco: Rachel Weisz, Tom Hiddleston e Simon
Russell Beale.
Sinopse: quando a relação com o
amante é descoberta, mulher decide cometer suicídio. Mas os planos falham, e
ela começa a questionar as escolhas que fez na vida.
Crítica: o filme fala de amor, insegurança, dor, perda
e solidão até um perigoso limiar da dependência de afeto: o suicídio.
Na tradução literal, ‘The
Deep Blue Sea’ significa O Mar Azul-escuro. A cor simboliza a tristeza e é
usada para descrever tal sentimento em inglês. Deep também passa a noção de
profundidade. Dessa forma, o título original se mostra uma síntese quase
perfeita do filme que apesar de não ser fácil de assistir, deixa sua marca. Essa
dificuldade surge devido ao início um pouco tedioso, carregado de drama, e ao
seu cenário triste, deprimido e mórbido, por vezes. Depois, gestos, olhares e
silêncios traçam com perfeição os perfis e sofrimentos de cada personagem.
A trama, baseada na peça de
Terence Rattigan, se passa no dia em que Hester (Rachel Weisz) tenta se matar.
Daí em diante, é entrecortada por suas lembranças e temos um vislumbre de como
irrompeu tamanha crise. Vale destacar a edição que é bastante interessante; as
memórias da protagonista voltam à tona sem alarde e de forma quase poética,
como na belíssima passagem do bombardeio a Londres.
Em meio a um casamento
tedioso com Sir William, respeitado juiz, Hester apaixona-se por Mr. Page (Tom
Hiddleston), ex- combatente da 2ª Guerra Mundial. Aos poucos, percebe-se sua
fraqueza e fragilidade para sustentar-se na ausência do companheiro que idolatra
os tempos de guerra. De maneira sutil, a dependência afetiva de vários
personagens entra em cena e esse é o foco da obra.
Sir William, mesmo numa
alta posição social, é submisso à mãe. O filho herda o traço de racionalidade,
mas em sua presença não passa de uma criança. Hester, por sua vez, tem
dificuldade para lidar com qualquer figura masculina devido à relação mal
resolvida com o pai (que é um pastor): acaba se anulando diante de cada homem
que entra em sua vida.
Rachel Weisz, contida e
deprimida, transmite a fragilidade e a insegurança da personagem, com o ápice
de interpretação na cena de choro em frente à lareira, de uma veracidade que
impressiona. A atuação de Hiddleston, acima da média na pele de Mr. Page, que
oscila entre fúria e arrependimento, decisão e tolerância na sua afetação
pós-guerra, também merece ser elogiada. Os demais coadjuvantes são consistentes
e dão força à narrativa, como o amigo de Page e a mãe do juiz William. Além
disso, a fotografia sépia e o cenário escuro são primorosos, passando a dor da
espera, a agonia de não saber como agir e o tormento da solidão de Hester com
relação ao seu relacionamento.
Numa analogia com o mundo pós-guerra
em que é necessário recomeçar dos escombros, uma separação dolorosa exige forças
para dar início a uma nova fase da vida, o que é retratado com esmero nesse
trabalho.
Avaliação:
***
0 comentários:
Postar um comentário