O Sonho de Wadjda (Wadjda)
País: Arábia Saudita
Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 96 min
Direção: Haifaa Al-Mansour
Elenco: Reem Abdullah, Waad Mohammed,
Abdullrahman Al Gohani, Sultan Al Assaf e Dana Abdullilah.
Sinopse: as experiências de uma jovem
que desafia as tradições de seu país.
Crítica: o fato de ter sido o primeiro filme rodado na Arábia
Saudita, e ainda feito por uma mulher, já é um grande mérito. Durante a produção,
não faltaram protestos e reclamações.
Wadjda (Waad Mohammed) tem
um sonho relativamente simples: ter uma bicicleta. Entretanto, o desejo mais
modesto pode exigir uma empreitada complexa dependendo do ambiente cultural
onde se vive. É essa a premissa da trama que ganha destaque, sobretudo, pela
atuação convincente e natural de Waad Mohammed, como Wadja.
Wadjda usa All Star, ouve
músicas consideradas demoníacas e não compreende o motivo de tantas limitações
impostas a sua volta. Mas não se deixa tomar pelo medo diante das situações
pelas quais passa. Assim, o enredo foge do exagero dramático (comuns em
películas iranianas) e segue o caminho da leveza, da simplicidade. Por outro
lado, não gera impacto como ficção.
A trama se passa
basicamente em sua casa, na escola e no bairro onde vive. Ao traçar este
caminho, exibe a cultura da região, marcas de influências ocidentais e o
conflito de identidade gerado pelo choque com a tradição. Para comprar sua
bicicleta, a personagem entra em um concurso para recitar o alcorão, mesmo a
contragosto. Afinal, assim ela poderá ganhar o dinheiro para alcançar o
objetivo.
Os coadjuvantes, todos
sauditas, têm desempenhos amadores. Reem Abdullah, famosa atriz de TV, até consegue
transmitir veracidade como mãe, no entanto, o pai, interpretado por Sultan Al
Assaf, soa falso e um pouco caricato nas poucas cenas em que aparece.
O modo de ser e pensar de
Wadjda logo encontra barreira maior em Hussa (Ahd), diretora conservadora e
hipócrita da sua escola que tornará as regras ainda mais rígidas. Apesar de previsível,
o roteiro tem um ritmo bom e conta o necessário para ser compreendido. Ao
retratar os anseios de uma menina de 12 anos, a diretora também revela os seus.
Não à toa, a libertação é o foco do longa.
Os detalhes da cultura
acabam chamando atenção na trama também: mulheres terem que cobrir o rosto e não
poderem trabalhar com homens, várias noivas para um mesmo homem, etc.
Vale a pena conferir o
sonho de Wadja, que deve ser o sonho de tantas outras meninas.
Avaliação:
***
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