domingo, 5 de maio de 2013

O Sonho de Wadjda (Wadjda)

País: Arábia Saudita

Ano: 2012
Gênero: Drama
Duração: 96 min
Direção: Haifaa Al-Mansour
Elenco: Reem Abdullah, Waad Mohammed, Abdullrahman Al Gohani, Sultan Al Assaf e Dana Abdullilah.

Sinopse: as experiências de uma jovem que desafia as tradições de seu país.

Crítica: o fato de ter sido o primeiro filme rodado na Arábia Saudita, e ainda feito por uma mulher, já é um grande mérito. Durante a produção, não faltaram protestos e reclamações.
Wadjda (Waad Mohammed) tem um sonho relativamente simples: ter uma bicicleta. Entretanto, o desejo mais modesto pode exigir uma empreitada complexa dependendo do ambiente cultural onde se vive. É essa a premissa da trama que ganha destaque, sobretudo, pela atuação convincente e natural de Waad Mohammed, como Wadja.  
Wadjda usa All Star, ouve músicas consideradas demoníacas e não compreende o motivo de tantas limitações impostas a sua volta. Mas não se deixa tomar pelo medo diante das situações pelas quais passa. Assim, o enredo foge do exagero dramático (comuns em películas iranianas) e segue o caminho da leveza, da simplicidade. Por outro lado, não gera impacto como ficção.
A trama se passa basicamente em sua casa, na escola e no bairro onde vive. Ao traçar este caminho, exibe a cultura da região, marcas de influências ocidentais e o conflito de identidade gerado pelo choque com a tradição. Para comprar sua bicicleta, a personagem entra em um concurso para recitar o alcorão, mesmo a contragosto. Afinal, assim ela poderá ganhar o dinheiro para alcançar o objetivo.
Os coadjuvantes, todos sauditas, têm desempenhos amadores. Reem Abdullah, famosa atriz de TV, até consegue transmitir veracidade como mãe, no entanto, o pai, interpretado por Sultan Al Assaf, soa falso e um pouco caricato nas poucas cenas em que aparece.
O modo de ser e pensar de Wadjda logo encontra barreira maior em Hussa (Ahd), diretora conservadora e hipócrita da sua escola que tornará as regras ainda mais rígidas. Apesar de previsível, o roteiro tem um ritmo bom e conta o necessário para ser compreendido. Ao retratar os anseios de uma menina de 12 anos, a diretora também revela os seus. Não à toa, a libertação é o foco do longa.
Os detalhes da cultura acabam chamando atenção na trama também: mulheres terem que cobrir o rosto e não poderem trabalhar com homens, várias noivas para um mesmo homem, etc.
Vale a pena conferir o sonho de Wadja, que deve ser o sonho de tantas outras meninas.

Avaliação: ***

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