Fora do Figurino – As Medidas do Jeitinho Brasileiro
País: Brasil
Ano: 2012
Gênero: Documentário
Duração: 90 min
Direção: Paulo Pélico
Elenco: -
Sinopse: mostra a ausência de um levantamento
antropométrico capaz de apontar as medidas brasileiras médias, ao contrário de
países desenvolvidos.
Crítica: pouca gente sabe, mas a habitual dificuldade
que temos em escolher roupas que se adaptem a nosso corpo acorre porque o
Brasil nunca fez um censo antropométrico de sua população. Sem ele, a indústria
nacional de confecção trabalha há décadas com padrões estrangeiros diversos.
São centenas deles, o que faz os tamanhos variarem de fabricante para
fabricante. Por exemplo, o G de uma marca é o M de outra, e assim por diante.
O censo antropométrico é um
estudo para levantar o perfil anatômico de um povo, incluindo particularidades
de cada região. Essas informações são utilíssimas para nortear não só o setor
de vestuário, mas também o de calçados, mobília, veículos e construção civil. ‘Fora
do Figurino’ revela a primeira tentativa de realizar o censo no país, no início
dos anos 2000, iniciativa frustrada por desentendimentos entre profissionais do
setor. Hoje o projeto encontra-se engavetado num gabinete ministerial em
Brasília sem verba para seguir adiante.
A falta de um estudo do
perfil físico do brasileiro não atenta somente contra a elegância e conforto da
população, mas pesa também no bolso. Em média, 20 cm de tecido são
desperdiçados a cada calça fabricada no país. Essa “sobra” vai para o lixo
depois que costureiras fazem os acertos para que a peça assente no comprador. O
preço desse desperdício, claro, é o cliente que paga.
O longa vai além. Aponta
problemas em outras áreas, como a fabricação de equipamentos de proteção para
trabalhadores da construção civil e preservativos sexuais. Depoimentos de
operários e travestis demonstram o descontentamento com a inadequação
corriqueira a esses produtos.
No entanto, ‘Fora do
Figurino’ se favorece apenas da curiosidade em torno do assunto. Econômico ao
extremo em recursos narrativos, intercala, quase que ininterruptamente, uma
sucessão de depoimentos do início ao fim, não criando um sentido de narrativa e
parecendo mais um trabalho institucional. São entrevistados anônimos e artistas
que contam suas desventuras na hora de se vestir. Entre os famosos, depoimentos
de Beatriz Segall, Regina Duarte, Margareth Menezes, Adriane Galisteu e Odilon
Wagner. Há, ainda, a participação de políticos e profissionais do setor de moda
e vestuário.
Tal falha comprova que não
basta ter um bom tema para um documentário, é preciso também saber conduzi-lo
de forma a instigar interesse no espectador. Da forma como é apresentado, tem-se
a impressão de que os seus 70 minutos são ainda mais longos.
Avaliação:
**
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