Linha de Ação (Broken City)
País: EUA
Ano:
2012
Gênero: Policial
Duração: 109
min
Direção: Allen Hughes
Elenco: Mark Wahlberg,
Russel Crowe, Catherine Zeta-Jones, Kyle Chandler, Jeffrey Wright, Barry
Pepper, Alona Tal, Natalie Martinez, Michael Beach e James Ransone.
Sinopse: Nicholas Hostetler (Russell Crowe) é o
prefeito de Nova York, um sujeito arrogante e ambicioso, que se prepara para a
reeleição dentro de alguns dias. Ele contrata Billy Taggart (Mark Wahlberg), um
ex-policial que caiu em desgraça na corporação, para investigar quem é o amante
de sua esposa (Catherine Zeta-Jones). O político tem medo de que esta
informação torne-se pública, sujando sua imagem e fazendo com que ele perca
eleitores. Por mais que tenha antigas discordâncias com o prefeito, responsável
por sua saída da polícia, Billy aceita a tarefa pelo dinheiro prometido.
Entretanto, logo ele descobre que Nicholas tem outras intenções por trás da
investigação encomendada.
Crítica: quando foi lançado nos Estados Unidos, Linha
de Ação foi severamente atacado pelos jornalistas e críticos. O principal
argumento para a rejeição era de que este seria apenas um filme de ação comum,
pouco convincente nos dias atuais (segundo o Hollywood Reporter) e inferior a
uma centena de outras produções do gênero (segundo o Guardian). Não há dúvidas
de que muitos filmes são melhores do que este, mas a opinião geral dos críticos
dá a falsa impressão de que esta é uma história genérica. Linha de Ação pode
ter diversos defeitos, mas certamente não lhe falta ambição, tanto artística
quanto narrativa.
A primeira e maior ousadia
deste filme é construir uma história em torno de meia dúzia de personagens
detestáveis e moralmente condenáveis. O policial Billy (Mark Wahlberg)
assassinou um homem inocente, mas não foi preso por isso; a namorada dele
(Natalie Martinez) seduz outro homem para conseguir um emprego; o político
Nicholas Hostetler (Russell Crowe) só pensa nos lucros; sua esposa (Catherine
Zeta-Jones) colabora em segredo com o candidato adversário durante as
eleições...
É raro que um filme
policial em Hollywood, com grande produção e tantas estrelas no elenco, não
ofereça nenhum personagem com quem o espectador possa se identificar. Foi um
grande risco apostar no sucesso deste mosaico sombrio, povoado apenas por
figuras manipuladoras e interesseiras. O ótimo título original, Broken City,
pode significar tanto uma cidade quebrada financeiramente (falida) quanto
moralmente (tomada pela corrupção). Os dois se aplicam bem a este filme coral,
em que o conjunto é muito mais importante do que as partes que o compõem.
Outro elemento que confirma
que não estamos diante de uma produção comercial qualquer, disposta apenas a
faturar alguns milhões de dólares, é a estética do filme. Para construir a
impressão de uma cidade corrupta, os tons da fotografia são saturados,
granulados, escuros. As imagens têm profundidade de campo restrita, os
personagens movimentam-se apenas sob luzes artificiais (de escritórios, bares,
cinemas), enquanto o som cria dezenas de efeitos distorcidos, realmente
incômodos, criando uma atmosfera claustrofóbica eficaz.
Infelizmente, com tantas
reviravoltas e tantos detalhes em cada personagem, o roteiro não consegue
resolver seus conflitos com um mínimo de complexidade. Alguns personagens são
simplesmente esquecidos pela história (como Natalia), outros permanecem
ambíguos até ganharem uma revelação fácil no final (como o policial interpretado
por Jeffrey Wright).
Ao mesmo tempo, nenhum nome
do elenco consegue se destacar, já que cada ator interpreta mais ou menos o
estereótipo que construiu para si com seus filmes anteriores: Crowe faz o tipo
canastrão e sedutor, Wahlberg é o homem forte, mas que no fundo teria um bom
coração, Zeta-Jones é a bela e perigosa. As regras do "filme noir"
estão presentes, somadas à trama sobre a faturação excessiva de uma transação
imobiliária, para nos lembrar de que estamos em uma economia contemporânea. E
os norte-americanos conhecem muito bem os males de que a especulação financeira
é capaz.
Linha de Ação acaba sendo
uma obra indefinida, evitando se tornar um filme policial típico, com mocinhos
e bandidos – não existe nem um, nem outro nesta história – mas também
contornando a crônica social e política dos Estados Unidos atuais. Pelo menos,
essa deficiência veio de um excesso de ambição, de um excesso de temas a
abordar e imagens a mostrar, e não da vontade de construir uma obra fácil,
capitalizando o entretenimento e o nome de suas estrelas.
Avaliação:
***
0 comentários:
Postar um comentário