Hoje
País: Brasil
Ano: 2011
Gênero:
Drama
Duração: 87 min
Direção: Tata Amaral
Elenco: Denise Fraga, César Troncoso
e João Baldasserini.
Sinopse: ex-militante política recebe
indenização do governo, em decorrência do desaparecimento do marido durante a
ditadura militar. Com o dinheiro, compra um apartamento próprio, mas vive
cercada pelas antigas lembranças.
Crítica: com um título simples e uma história de uma
pessoa também simples o longa expões muitas verdades sobre duas vidas em
especial, a da protagonista e a do seu ex-companheiro.
"Hoje" começa
como um dia qualquer na vida de Vera, mulher madura e comum. De excepcional,
esse dia só tem a mudança para um apartamento antigo, amplo, que a protagonista
adquiriu na região central de São Paulo.
Enquanto ela orienta os
homens que carregam a mudança, pequenos fragmentos são introduzidos, alterando
a expectativa da personagem e a nossa. Um olhar de desejo de um dos
carregadores, uma torneira vazando, a abordagem inoportuna de uma vizinha,
síndica do prédio, a chegada de alguém que ela não via há anos.
Todos são interferências
que extraem Vera, provisoriamente, de dentro de sua realização e satisfação por
ir morar, pela primeira vez, em um apartamento próprio seu. São recursos bem
utilizados pela diretora, inserindo o espectador no espaço da intimidade: um
apartamento, porém ainda não habitado.
De repente, ela vê, através
do espelho, Luiz, antigo companheiro dos tempos de guerrilha contra a ditadura. Ao reaparecer, ele traz consigo o passado, na
forma de vivências afetivas e de experiências políticas.
A partir daí, os diálogos
trazem à tona mágoas, saudades, lembranças, desejos e verdades que machucam.
Tudo isso muito bem encenado por Denise Fraga, segura no papel de Vera. Já o
uruguaio César Troncoso (Luiz) não convence muito, apesar de se esforçar.
O ritmo é lento. Tudo se
passa dentro de um apartamento, mas Denise consegue com sua atuação levar as situações
ao clímax necessário.
Por ser todo o filme quase
que uma conversa entre duas pessoas e dentro de um apartamento, a trama fica um
tanto lenta, mas é necessário tendo em vista o conteúdo em si e a forma como
essa história é contada. Verdade e ficção se confundem revelando também o
conflito pessoal de Vera: suas angústias, culpas, remorsos, medos,
arrependimentos, porém, esperanças também de enfim seguir adiante.
Mas seu objetivo é
louvável: não apenas expor o período da ditadura militar (isso é um segundo
plano), e sim as mudanças que esse fato acarretou na vida das pessoas e como é
possível esquecer e enterrar tal passado – esse, ao menos, é o caminho
escolhido por Vera, depois de longos anos de espera.
Avaliação:
***
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