Hippies Soviéticos (Soviet Hippies)
País: Estônia/Alemanha/Finlândia
Ano:
2017
Gênero: Documentário
Duração: 85
min
Direção: Terje
Toomistu
Elenco: -
Sinopse: um passeio selvagem sobre as pegadas do
movimento soviético do hipismo que leva você ao underground psicodélico dos
anos 70. Anos depois, um grupo de excêntricos hippies da Estônia realizam uma
viagem rodoviária a Moscou, onde pessoas se reúnem anualmente no dia 1º de
junho para celebrações relacionadas a um evento trágico, quando milhares de
hippies foram presos pela KGB.
Crítica: é preciso ir ao parque Tsaritsino, em Moscou,
no dia 1º de junho, para tomar conhecimento da existência de hippies russos. Anualmente,
eles se reúnem debaixo de um grande pinheiro solitário, que por algum motivo
todo mundo chama de carvalho. É esta a maneira de eles prestarem sua homenagem
às vítimas de eventos que ocorreram mais de 40 anos.
É este o tema do
documentário. Entrevistas com alguns deles dão uma ideia do movimento à época.
Em 1971, existiam em Moscou
cerca de 1.000 hippies. O grupo se reunia em determinados pontos: no
"manicômio" perto do antigo edifício da MGU (Universidade Estadual de
Moscou), no "quadrado" em frente à atual prefeitura, perto do
monumento a Iúri Dolgorúki, ou no "cano" da passagem subterrânea da
rua Gorkovo (atual rua Tverskáia).
No dia 28 de maio daquele
ano passaram por esses pontos indivíduos se apresentando como membros da KGB
com roupa civil (eles mostraram as respectivas identificações). Os homens
propuseram realizar um protesto contra a Guerra do Vietnã em frente à embaixada
dos EUA. Explicaram-lhes que pessoas no poder lhes pediam ajuda para combater o
mal mundial. Ficou então combinado que no dia 1º de junho os hippies de Moscou
se reuniriam nos pontos com cartazes com slogans antibélicos e que as pessoas
em trajes civis garantiriam o transporte dos primeiros e a organização do
protesto.
Na manhã do dia 1º, todos
estavam no local combinado. Os ônibus chegaram, e os hippies, confiando nos
organizadores, entraram. Depois disso, todo o “underground” de Moscou foi
levado para delegacias de polícia.
Os seus nomes foram
registrados em um livro, na capa do qual estava escrito em letras grandes
"HIPPIES". As autoridades trataram de estragar metódica e
consistentemente a vida a todos que entraram nessa lista. A partir daí a vida
de todos eles mudou de alguma forma.
Dos 500 detidos, cerca de
metade foi enviada para servir na fronteira com a China e cerca de cem foram
internados em manicômios. Várias dezenas deles foram presos sob acusações
diversas. Dois acabaram morrendo no exército, outros dois, no manicômio. Dois
se enforcaram. Os sobreviventes acabaram sendo colocados na rua com um
“atestado de restrição” (uma espécie de “certificado negativo” que fechava as
portas do funcionalismo público ao seu portador, deixando-o “social e
profissionalmente marcado”).
O filme poderia ter
explorado mais ainda a história, ter ido a esses locais, mas restringiu-se a poucos
depoimentos e ao encontro dos que sobreviveram e ainda se consideram hippies.
Avaliação:
**
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