terça-feira, 4 de junho de 2013

O Dia que Eu Nunca Esquecerei (The Day I Will Never Forget)

País: Reino Unido
Ano: 2002
Gênero: Documentário
Duração: 92 min
Direção: Kim Longinotto
Elenco: -

Sinopse: o documentário examina a prática da mutilação genital feminina no Quênia e as mulheres pioneiras africanas que estão bravamente revertendo a tradição. Nesta obra épica, as mulheres falam abertamente sobre a prática e explicam a sua importância cultural na sociedade queniana. Por meio de depoimentos emocionantes mulheres jovens compartilham as consequências dolorosas de seu trauma com idosas matriarcas que insistem na manutenção dessa prática brutal. Longinotto pinta um retrato complexo da polêmica atual e os conflitos que permitiram este procedimento estar muito presente nos tempos modernos.

Crítica: um filme duro, mas necessário. É um grito de socorro, de alerta para que o mundo veja o que se passa com as jovens no Quênia. Em nome de uma tradição ancestral, a prática da mutilação genital se perpetua. As idosas que fazem o procedimento ignoram os riscos de saúde e de vida que podem ser causados às jovens meninas, algumas com 12-13 anos somente, e a lei que já foi aprovada impedindo tal método.
A maioria dos pais opta pela mutilação alegando que só assim suas filhas terão pretendentes para o casamento.
Na contramão, uma médica ginecologista visita famílias e tenta persuadi-las da continuidade dessa prática. O resultado é quase nulo.
Uma moça recém-casada recorre ao hospital para que a abertura seja feita lá, mas sem o consentimento do marido ela não consegue fazê-lo. Outra jovem foge de casa depois de ter sido mutilada e ainda vendida pela família a um ancião, sem que ela soubesse de nada. Um terceiro caso envolve duas irmãs que passam pelo procedimento à força. Esta é, sem dúvida, a cena mais forte do filme. É impossível não se comover ou se inquietar com tamanha brutalidade. São seguradas como “bicho” e sujeitadas a um procedimento sem higiene e com uma anestesia que não alivia dor alguma. A cena é tão chocante que muitas mulheres saíram da sala de cinema, retornando só após o término dos gritos de dor da criança que dizia “Mãe, isso está me matando. Mãe, vou morrer”.
Pelo menos, há uma menina que foi salva. A irmã maior, já vítima da mutilação, consegue persuadir a mãe para não fazer o mesmo com a caçula. Cheia de convicção e argumentos, a sua fala nos comove.
Há alguns orfanatos que recebem crianças com traumas (são muitos relatos de crianças que morreram; outras contam que foram pegas de surpresa, sem qualquer aviso) ou que fugiram de sua família num ato de total desespero. Algumas escolas cristãs lutam pelo combate à prática e pregam isso nas comunidades.
O documentário mostra também um advogado que consegue o depoimento assinado de várias meninas, levando à justiça o pedido de que elas tenham o direito de dizer “não” à mutilação e de que os pais sejam proibidos de forçá-las. O veredicto é positivo para essas meninas, mostrando uma luz de esperança num lugar onde realmente é impossível para muitas delas esquecerem um dia tão traumático e doloroso.


Avaliação: ****

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