O Dia que Eu Nunca Esquecerei (The Day I Will Never Forget)
País: Reino
Unido
Ano:
2002
Gênero: Documentário
Duração: 92
min
Direção: Kim
Longinotto
Elenco: -
Sinopse: o documentário examina a prática da mutilação
genital feminina no Quênia e as mulheres pioneiras africanas que estão
bravamente revertendo a tradição. Nesta obra épica, as mulheres falam
abertamente sobre a prática e explicam a sua importância cultural na sociedade
queniana. Por meio de depoimentos emocionantes mulheres jovens compartilham as
consequências dolorosas de seu trauma com idosas matriarcas que insistem na
manutenção dessa prática brutal. Longinotto pinta um retrato complexo da
polêmica atual e os conflitos que permitiram este procedimento estar muito
presente nos tempos modernos.
Crítica: um filme duro, mas necessário. É um grito de socorro,
de alerta para que o mundo veja o que se passa com as jovens no Quênia. Em nome
de uma tradição ancestral, a prática da mutilação genital se perpetua. As idosas
que fazem o procedimento ignoram os riscos de saúde e de vida que podem ser causados
às jovens meninas, algumas com 12-13 anos somente, e a lei que já foi aprovada
impedindo tal método.
A maioria dos pais opta
pela mutilação alegando que só assim suas filhas terão pretendentes para o
casamento.
Na contramão, uma médica
ginecologista visita famílias e tenta persuadi-las da continuidade dessa prática.
O resultado é quase nulo.
Uma moça recém-casada recorre
ao hospital para que a abertura seja feita lá, mas sem o consentimento do
marido ela não consegue fazê-lo. Outra jovem foge de casa depois de ter sido mutilada
e ainda vendida pela família a um ancião, sem que ela soubesse de nada. Um
terceiro caso envolve duas irmãs que passam pelo procedimento à força. Esta é,
sem dúvida, a cena mais forte do filme. É impossível não se comover ou se
inquietar com tamanha brutalidade. São seguradas como “bicho” e sujeitadas a um
procedimento sem higiene e com uma anestesia que não alivia dor alguma. A cena
é tão chocante que muitas mulheres saíram da sala de cinema, retornando só após
o término dos gritos de dor da criança que dizia “Mãe, isso está me matando.
Mãe, vou morrer”.
Pelo menos, há uma menina
que foi salva. A irmã maior, já vítima da mutilação, consegue persuadir a mãe
para não fazer o mesmo com a caçula. Cheia de convicção e argumentos, a sua fala
nos comove.
Há alguns orfanatos que recebem
crianças com traumas (são muitos relatos de crianças que morreram; outras
contam que foram pegas de surpresa, sem qualquer aviso) ou que fugiram de sua
família num ato de total desespero. Algumas escolas cristãs lutam pelo combate
à prática e pregam isso nas comunidades.
O documentário mostra também
um advogado que consegue o depoimento assinado de várias meninas, levando à
justiça o pedido de que elas tenham o direito de dizer “não” à mutilação e de
que os pais sejam proibidos de forçá-las. O veredicto é positivo para essas
meninas, mostrando uma luz de esperança num lugar onde realmente é impossível para
muitas delas esquecerem um dia tão traumático e doloroso.
Avaliação: ****
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